POR QUE POUCOS QUEREM SER PROFESSORES?



Reportagem da Revista Nova Escola( Fevereiro de 2010) , publicação da Editora Abril voltada para professores demonstra um quadro preocupante: apenas 2% dos alunos do Ensino Médio tem interesse em carreiras vinculadas ao magistério. À primeira vista a pesquisa e os comentários da revista apontam para uma situação que vem sendo discutida pelos especialistas em Educação de todo país: O desrespeito aos educadores pelos gestores públicos está afastando futuros educadores. A situação é preocupante pelo fato de que nos dias de hoje as condições de trabalho dos professores, a falta de crescimento financeiro e intelectual na carreira e, principalmente a falta de apoio da sociedade à educação tem provocado uma situação de completo descrédito e desinteresses de jovens em relação à profissão.
No mundo atual sabemos que o conhecimento é vital para o avanço científico e tecnológico do país e somente países que mantém uma boa qualidade no processo educativo conseguirão desenvolver produtividade econômica e bom ritmo de crescimento econômico. No modelo econômico atual temos visto a negação dos direitos sociais entre eles a educação que faz com que os educadores sintam – se acuados e desmotivados a exercer uma profissão que merece respeito, valorização e apoio para acontecer de forma a gerar escolas eficientes e de qualidade. As políticas públicas em educação em nosso país demonstram o completo desinteresse dos gestores para a aplicação de um processo que tenha como fundamento a criação da qualidade em educação. A profissão talvez tenha pouca atratividade por que muito se falta dos problemas que os educadores tem tido hoje no exercício da profissão que vão desde a falta de material até a agressão física ou material aos educadores.
No outro lado da questão temos também um grande processo de descaracterização da importância do educador perante a sociedade onde as boas obras e ações feitas pelos educadores são ocultadas pela grande mídia que procura sempre divulgar os dilemas da Escola e os problemas que a Educação tem. Claro que não podemos admitir que os problemas sejam ocultados, porém é preciso também divulgar idéias boas e garantir a reafirmação dos educadores perante a sociedade. Na maioria dos casos há muita cobrança e burocracia para o desenvolvimento da profissão, porém pouco apoio da sociedade diante do fazer educativo. A questão salarial também é um fator desestimulante pois os educadores hoje amargam as piores médias salariais diante dos outros profissionais de ensino superior como biólogos, enfermeiros , arquitetos, farmacêuticos, jornalistas e advogados. Esta constatação prova claramente que o papel do professor não tem reconhecimento perante a sociedade e se relaciona com a postura materialista de nossa sociedade que valoriza especialmente a suntuosidade e precariamente o conhecimento e a reflexão.
No corpo da reportagem são evidenciados números que provam claramente a necessidade de uma mudança política para o processo de valorização da educação e dos educadores: HÁ DEFICIT DE 710 MIL PROFESSORES NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, 55% DAS VAGAS NOS CURSOS DE PEDAGOGIA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ESTÃO OCIOSAS E A TAXA DE EVASÃO NOS CURSOS DE PEDAGOGIA CHEGA A 34%. Com esses dados entendemos claramente que a precarização do ensino vai se tornar um problema sério nos próximos anos.
No contexto de resolução dos problemas a revista traz também pesquisa onde evidencia uma reunião de especialistas em educação que apontaram alguns tópicos que poderiam garantir a atração de bons profissionais para a sala de aula. Para estes especialistas são necessárias as seguintes providências:
1. Propor bons planos de carreira.
2. Oferecer salários iniciais mais altos
3. Melhorar as condições de trabalho
4. Focar a formação em serviço nas dificuldades em sala.
5. Oferecer uma boa experiência escolar.
6. Melhorar a formação inicial
7. Resgatar o valor do professor na sociedade.
8. Tratar o professor como profissional.

É evidente que todas estas ações devem ter o aval do Poder Público e da Sociedade e só serão alcançadas se houver um processo claro e desvinculado de interesses para uma virada na qualidade de ensino no Brasil que tem sido aquém de muitos países até mesmo da América Latina mais pobre. A grande questão é que nosso quadro político não tem interesse em tais mudanças pois é conveniente que tenhamos massa desprovida de conhecimento crítico e do conhecimento que certamente são ingredientes fortes para a redenção do país e para a geração de um povo livre da mediocridade e da atratividade a discursos vazios e completamente desprovidos de uma lógica de adequação a um sistema que oprime, segrega e provoca mazelas de todos os tipos sempre com o objetivo de manter classes privilegiadas e que fingem entender que os grandes problemas sociais que hoje trazem a violência para dentro e fora de suas casas só serão resolvidos com educação de qualidade e com geração de um processo de entendimento da importância dos educadores para o bem da nação.
Autor: Francisco Djacyr Silva de Souza


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