Criança pirracenta: o que fazer?
Tratando-se de educação infantil, pode-se perguntar se há algum tipo de orientação básica para o sucesso na educação. Embora não seja pedagogo nem psicólogo profissional, penso que tenho o direito de expressar meus pontos de vista, pois a escola da vida ensina muito a quem se dispõe a aprender. A experiência, bem vivida, iluminada pela busca constante do aprender, produz, em geral, bons resultados. Eis, então, minha orientação, a qual denomino "método do prêmio".
O método do prêmio, ou método da troca é, basicamente, relacionar-se de forma inteligente com a criança. A cada comportamento positivo da criança, um prêmio; a cada comportamento negativo, um castigo, ou a perda de um prêmio. Se a criança está fazendo mal-criação, como se diz, e gritanto e esperneando, os pais podem e devem usar este método.
Mas antes que se faça confusão, o método da troca não é um método de chantagem, como alguns podem precipitadamente pensar. A diferença entre a troca e a chantagem baseia-se no fato de que no método da troca, o bem está na criança: propõe-se algo em troca do bem da criança; já na chantagem, o bem é de quem a propõe... A chantagem visa a benefícios próprios e escusos, com prejuízos para o outro. A troca visa exclusivamente ao bem do outro, sem qualquer prejuízo para ele.
Voltando à situação típica de criança "pirracenta", duas possibilidades de relacionamento podem ser identificadas. (Eliminando, naturalmente aquela ligada à violência física contra a criança.)
A primeira possibilidade caracteriza um relacionamento conflituoso, ineficiente, em que os pais, não desejando enfrentar a criança, submetem-se a ela, fazendo suas vontades. Este relacionamento não é muito inteligente na medida em que, se persistir, vai produzir uma criança mimada, egoísta, e um futuro adolescente muito problemático.
Pode-se perguntar sobre as consequências imediatas no relacionamento familiar. Ora, a criança, não sendo "enfrentada" pelos pais, sente-se, sem ter qualquer consciência disto, com poder sobre eles. O choro ou a pirraça passam a ser causas de realização de qualquer vontade ou capricho da criança. A partir do momento em que este relacionamento fica firmado, a convivência familiar torna-se muito complicada, tendo consequências sérias sobre o relacionamento dos pais. Estes vão se sentir perdidos, e poderão acusar-se mutuamente diante da impotência criada no relacionamento com a criança.
A segunda possibilidade caracterizará um relacionamento inteligente, amoroso, em que os pais agirão com eficácia e amor, na medida em que usarem o método do prêmio ou da troca. Diante da criança pirracenta, os pais haverão de comportar-se de maneira amorosa, mas firme. Se a criança insistir em chorar, em nome do amor e da educação da criança, esta deve ser afastada dos demais familiares, especialmente se ocorre em público, em companhia da mãe ou do pai, para que se acalme e não tenha plateia, o que incentiva a criança a agir daquela forma. Uma vez acalmada, deve-se propor à criança uma troca: ela deixa a pirraça para ganhar o direito de, por exemplo, assistir, depois, ao seu programa preferido (prêmio); caso contrário, ela não terá esse direito (castigo).
O que se pode esperar de uma criança, que age de forma meio instintiva, nada premeditada, diante de uma proposta de troca como dito acima? Ela, certamente, se surpreenderá com a possibilidade de não poder usufruir de um direito (ver o programa) que ela julgava ser um direito "líquido e certo". Ao tomar consciência de que poderá perder o direito, ela haverá de se comportar melhor. E os pais terão ganho um ponto importante no "embate", no enfrentamento com a criança, embora quem terá mais a ganhar será a própria criança, por ter pais que a eduquem, de fato, e com amor.
O método da troca deve ser continuamente utilizado no relacionamento inteligente com os filhos. Pois os direitos dos filhos devem ser "conquistados" por eles. Não são, e não deveriam ser, direitos "líquidos e certos" por antecipação, pelo simples fato de serem filhos. Esses direitos são o tesouro de "prêmios" que os pais trocarão com os filhos com vistas a obter comportamentos mais adequados e filhos mais bem educados.
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Autor: Wilson Aragão Filho
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