Planejamento Estratégico: O desafio das micros e pequenas empresas



Há centenas (para não exagerar muito) de informações sobre Planejamento Estratégico na Internet, através de livros, cursos, consultorias, workshops e por ai vai...Mas então, se a informação é tão vasta, por que de fato as empresas de pequeno porte não o realizam? Será por desconhecimento ou por incredulidade? “Afinal, por que tenho que gastar tempo e dinheiro com isso se o meu negócio é tão pequeno e fácil de administrar?” Esse pensamento é praticamente unânime entre os empresários das micro e pequenas empresas. Então me pergunto: Haveria uma relação entre esse pensamento e o fato de que cerca de 70% das empresas fecham no seu primeiro ano de atividade? Acredito que sim e a questão é que não houve planejamento prévio para a abertura do negócio e muito menos definição da sua identidade, público-alvo, ações de comunicação efetivas, análises financeiras e todas aquelas “coisas chatas” que os consultores ficam apontando a seus clientes.
Mas por outro lado nós, os consultores, não conseguimos de fato convencer esses empresários sobre a importância do PLANEJAR. E não é raro, quando contratados para esse fim, os resultados serem frustantes para ambos os lados. Ao longo do tempo descobri ( e não julgo uma grande descoberta, mas uma constatação) que o pequeno empresário necessita de um Consultor-Psicólogo-Pedagogo. Descobri também que metodologias “cartesianas” do Planejamento Estratégico, não se aplicam na integra para esse nicho. E por fim, descobri que de fato não há tanto tempo e dinheiro para o planejamento e é ai que o consultor precisa ter muito jogo de cintura para entender a problemática de seus clientes e propor-lhes uma solução adequada e de resultados.
Também sou incrédula (e não só em relação as micro e médias empresas) na eficácia de um planejamento que consome tanto tempo e recursos e que acaba sendo engavetado com um carimbo vermelho: INVIÁVEL! Enquanto consultores, acreditamos que somos pagos para apontar erros e propor as “nossas soluções”. E ai surge o dilema: “Como podemos apontar os erros a alguém que desconhece as suas causas”? Ou ainda: “Como podemos propor soluções mágicas que não são entendidas na prática”? Não quero generalizar, porque também não tenho massa crítica para tal, mas asseguro que muitos empresários quiseram me fuzilar (longa e demoradamente, se é que isso é possível), quando sugeri que desenvolvêssemos um Plano Estratégico para a Empresa. Alguns jogaram-me (quase na cara, sem brincadeira...) uma apostila muito bonita, encadernada e cheia de gráficos coloridos e planilhas “abarrotadas” de números, pelas quais pagaram uma “fortuna” e que não serviu para nada! Analisei alguns desses PE´s (Planos Estratégicos) e não posso negar que alguns foram muito bem feitos, em tese. Só havia um probleminha na maioria deles: “Não retratava a realidade do cliente”. Aplicá-lo, e ai concordo com esses empresários, seria inviável e improdutivo. Não tenho por objetivo e muito menos pretensão apontar “erros” e sim trocar experiências profissionais.
Em 2009, as micros e pequenas empresas sustentaram a geração de empregos no Brasil. É triste pensar que boa parte delas estará fechando suas portas em 2010...Bom, mas outras serão abertas até em maior proporção, então...Então o estrago está, continuamente, sendo feito. Trabalhei muito com grandes corporações nacionais e multinacionais. Muitas planejavam. Tanto até que o “planejamento do plano do planejamento” demorava quase o ano todo e quando o Plano Estratégico de fato começava, o ano já tinha acabado e era necessário dar início a um novo “planejamento do plano do planejamento”. Exageros a parte, quem, uma vezinha na vida pelo menos, já não se deparou com isso?
Então, voltando as pequenas e micro empresas, que “vendem no almoço para pagar o jantar” (e isso é uma realidade), como proceder? A regra é a de 2 para 1. Para cada atividade do PE, uma parte é relativa ao planejamento e 2 para a prática. Mas isso não significaria adotar a política do erro e acerto na casa do cliente? Na minha visão e na prática dessa regrinha, descobri que não. Que esse pode ser um caminho para se implementar um PE na base da pirâmide empresarial de forma segura. Nesse modelo os consultores precisam estar preparados para colocar a mão na massa juntamente com o clientes. Ensiná-los sim e testar até mesmo, se aquele modelo teórico funcionará na prática e ainda de forma rápida (lembrem-se que os recursos são escassos). Não se trata aqui da idéia de fazer a parte que cabe ao cliente, mas ensiná-lo, através de “exercícios práticos” como gerir e administratar sua empresa, com base no planejamento. Prepará-lo até para que essa prática seja incorporada ao negócio e que os demais PE´s possam ser feitos por eles próprios. Talvez se a visão consultiva para micro e pequenas empresas mudar, essa mesma base da pirâmide torne-se mais crédula quanto a importância do PLANEJAR e possamos contribuir de forma positiva para com as estatísticas assustadoras de empresas que cerram suas portas anualmente.

Christina Jacob – Consultora Sênior em Planejamento Estratégico e Marketing de CRM
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www.neoaxis.com.br
http://neoaxisbr.blogspot.com/
http://marketingderelacionamentocrm.blogspot.com/
Autor: Christina Jacob


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