Competências e habilidades dos alunos do Ensino Médio



Valorizar as competências dos educandos, possibilita no contexto educacional ir além do repasse de conteúdos e da memorização dos mesmos, os educandos devem desenvolver a capacidade de entender o significado das suas ações, sejam elas isoladas ou num contexto mais amplo. É preciso que eles aprendam para que serve o conhecimento, quando e como aplicá-lo, não basta apenas saber, ser rico em conhecimento, mas deve-se unir o saber e a sua prática. Portanto, o saber e o fazer, são mudanças que quando aplicadas pelo educando, caracterizam o seu desenvolvimento. É claro que, para que ocorra o desenvolvimento é necessário que haja as possibilidades para isto, a aquisição de novas competências, como afirma Perrenoud, está ligada a contextos mais amplos e não só ao ambiente escolar e a vontade do aluno, são necessárias as condições que permita ao aluno buscar o conhecimento e desenvolver as habilidades e valores pertinentes às mais diversas situações.
Os alunos, que chegam à escola, constituem um conjunto de sujeitos marcados por múltiplas determinações, refletindo, assim, no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social [...]. (MARANHÃO, 2007, p. 25). Os educandos que estão no ensino médio já possuem uma trajetória escolar, tendo adquirido algumas habilidades e o ensino médio lhes possibilita a continuação da formação básica necessária a todo cidadão. Estes educandos possuem características que norteiam o tipo de educação que a escola deve lhes oferecer.
Em sua maioria são adolescentes, numa faixa etária a partir dos quinze anos de idade e também existem os mais velhos que não puderam ou não tiveram oportunidade de concluir seus estudos no tempo certo, enfim são pessoas que possuem histórias, com visões de mundo, valores, sentimentos, emoções, desejos, projetos, com lógicas de comportamentos e atitudes que lhes são característicos, portanto são sujeitos que apresentam uma história particular resultado de suas experiências e relações sociais.
Segundo Vygotsky, “nesta fase de desenvolvimento produz-se no adolescente um importante avanço no desenvolvimento intelectual, formando-se os verdadeiros conceitos. O pensamento por conceito abre para o jovem o mundo da consciência social e conhecimento da ciência, da arte e as diversas esferas da vida cultural podem ser corretamente assimiladas. Por meio do pensamento em conceito ele chega a compreender a realidade, as pessoas ao seu redor e a si mesmo. O conteúdo do pensamento do jovem converte-se em convicção interna, em orientações dos seus interesses, em normas de conduta, em sentido ético, em seus desejos e seus propósitos”. (VYGOTSKY apud FACCI, 2006, p. 17).
Essa etapa fundamental do processo educativo, e que contempla tanto a formação geral como a preparação para o mercado de trabalho, deve ter para esse jovem um significado de superação de suas dificuldades, decorrentes da fase de transição ou adolescência. Por isso é extremamente importante que esses jovens tenham um acompanhamento, que ele encontre dentro da escola parceiros que o incentivem a buscar o conhecimento, que respondam às suas dúvidas ou os guie para encontrar as respostas necessárias para que possam formar suas opiniões, convicções e que sejam capazes de construir o novo, de se lançarem na sociedade sem medo de mostrar suas capacidades.
É uma fase de preparação para que se considere uma pessoa adulta, possui duração diferente de acordo com cada sociedade e os grupos sociais e também características psicológicas que marcam o período. O ingresso no mundo do trabalho não é o único critério para definir o tempo de adolescência dos jovens de nossa sociedade, é preciso levar em consideração suas características individuais, que são determinadas historicamente e culturalmente construídas. É um período da vida que apresenta suas características sociais e suas implicações na personalidade e identidade do jovem.
Ele torna-se crítico face às exigências que lhe são impostas, às maneiras de agir, às qualidades pessoais dos adultos e também aos conhecimentos teóricos. Ele busca, na relação com o grupo uma forma de posicionamento pessoal diante das questões que a realidade impõe à sua vida pessoal e social. (FACCI, 2006, p. 16).
Podemos considerar, então que a adolescência é uma fase típica do desenvolvimento do jovem de nossa sociedade. Isso porque uma sociedade evoluída tecnicamente, isto é, industrializada, exige um período para que o jovem adquira os conhecimentos necessários para dela participar.Os aspectos físicos da adolescência (crescimento, maturação sexual) são os componentes da puberdade, vivenciados de forma semelhante por todos os indivíduos, independente da sociedade ou cultura, essa é uma fase comum entre os seres humanos. Quanto às dimensões psicológica e social, estas são vivenciadas de maneira diferente em cada sociedade, em cada geração e em cada família, sendo singulares até mesmo para cada indivíduo. É neste contexto de alteração do próprio corpo e também de uma maturação ao nível do intelecto, que o adolescente procura entender quem é, e qual o seu papel na sociedade em que vive, interessa-se por problemas de ordem moral e ética e inserem-se em grupos que compartilham com os seus interesses.
Um dos problemas que os adolescentes enfrentam é a busca por uma identidade única, nesse momento eles desafiam as autoridades e regras como um caminho para se estabelecerem como indivíduos. É raro um adolescente aceitar imposições e isso faz parte do seu desenvolvimento, esses conflitos possibilitam o seu crescimento maturacional e é extremamente importante que ele tenha um acompanhamento, não para desenhar o tipo de indivíduo que deve se tornar, mas sim para ajudá-los a enfrentar as mudanças e necessidades próprias desse período.
O adolescente nessa etapa vive no seu mundo interior, para conhecer a própria personalidade, as suas idéias e ideais, constantemente compara-se com o mundo dos outros. Mas quanto maior for o seu contato com diversas realidades, mais positivo será para a sua formação, ele precisa enxergar o mundo, mesmo que ainda um pouco embaçado, mas aumentar o seu campo de visão, também aumenta as possibilidades de tornar-se um cidadão mais flexível no seu cotidiano. O adolescente não é mais uma criança e não precisa ser tratado como tal, ele é capaz de refletir sobre a situação social e sobre si mesmo com o respectivo nível maturacional que possui.
As características mais próprias deste período são a crescente consciência e conhecimento do “eu”, o adolescente já se identifica com aspectos, normas e valores da sociedade. Ele sabe por que gosta de algo ou porque age de tal forma, pois tem consciência dessa escolha e também das conseqüências. Na adolescência aumenta a sua independência em relação aos adultos, embora ele siga alguns modelos de sujeitos com quem se identifica, as experiências vividas pelos adolescentes proporcionam a sua interação com o mundo e em alguns momentos sente-se parte dele. Essas características como já afirmei anteriormente diferem-se entre os adolescentes, elas acontecem com todos, mas podem ocorrer em momentos diferentes. Um adolescente que trabalha, por exemplo, precisa aprender a administrar o seu salário e o seu tempo entre o trabalho e os estudos; ou um adolescente que constituiu a sua própria família muito cedo, este já possui responsabilidades de um adulto, administrar uma casa, o tempo, a vida conjugal. Todas essas são experiências que pesam na formação do adolescente, por isso não podemos afirmar que eles desenvolvem-se igualmente, inclusive dentro de uma mesma cultura.
Aos poucos o adolescente vai se adaptando aos núcleos sociais, como a família, a escola e a comunidade em geral, e a partir dessa adaptação ele se sente inserido, aceito e como parte importante nesse contexto, mas isso só acontece quando ele já está mais seguro em relação à sua posição na sociedade. Na família ele busca o seu reconhecimento, a aceitação de suas opiniões e o conforto que a segurança familiar lhe proporciona. Na escola o adolescente disputa o seu espaço, desenvolve o poder de liderança e aprende a conviver e respeitar os sujeitos que são alheios ao seu meio familiar, no ambiente escolar o processo de socialização proporciona ao adolescente conviver com sujeitos que provêm de famílias diferentes, com valores e crenças que norteiam o comportamento de cada um e influenciam uns aos outros no meio social. Na comunidade o adolescente pode assumir responsabilidades, cumprindo determinadas tarefas e também reproduzir nas suas ações os valores e normas característicos do seu grupo social.
À medida que o adolescente vai adquirindo mais maturidade, ele manifesta uma maior confiança em si mesmo e uma autonomia mais arraigada. Ele possui uma mente mais segura, pois está mais bem ordenada e controlada, ele procura conhecer melhor a sua própria personalidade, mas também observa aqueles que estão ao seu redor, estejam ou não dentro do núcleo familiar. Em geral, o adolescente nessa fase de maior segurança, domina perfeitamente as próprias emoções, pois possui um maior equilíbrio. E ao invés de se colocar no centro de tudo, ele já valoriza a importância do outro na sua vida e desenvolve o companheirismo, a cumplicidade e valoriza o seu círculo de amizades.
Ao ingressarem no ensino médio, os adolescentes ainda manifestam certa imaturidade em relação a seguir as normas e exigências da escola; apresentam-se normalmente em grupo e aos poucos se integram no meio escolar principalmente quando consegue associar o seu estudo e a sua experiência cotidiana. Esse é um ponto a favor para a escola e o aluno, pois construir essa ponte entre o ensino e a realidade é satisfatório para ambos os lados.
Autor: Cilene Keila dos Santos Soares


Artigos Relacionados


O Papel Da EducaÇÃo Frente Às MudanÇas Da AdolescÊncia

As Transformações Bio-psico Do Adolescente E A Sua Influência No Contexto Social.

Drogas,famÍlia E AdolescÊncia

Adolescentes (mudanÇa-terapia)

Projeto Escritores Da Liberdade

A Aprendizagem Na AdolescÊncia

Um Caso: Adolescente Sem Atitude.