A Ética do Eleitor



Toda vez que se fala em falta de ética, lembramos do Conselho de Ética do Senado arquivando onze ações contra Sarney ou então a imagem de um “Arruda da vida”, colocando dinheiro na meia e rindo dos “infelizes” que o elegeram. Freqüentemente os políticos brasileiros são vistos pela sociedade como “corruptos e bandidos”, que não estão preocupados com o desenvolvimento social, a justiça, a equidade e o interesse público, e sim com o próprio bolso, arquitetando uma forma de levar vantagem e de se enriquecerem às custas do povo.
Isto se tornou praticamente uma regra: se for político é corrupto, se for candidato, deseja entrar para a quadrilha do Congresso Nacional, Assembléia Legislativa, Câmara de Vereadores e tantas outras instituições.
É muito fácil para nós eleitores e meros espectadores criticarmos o Presidente da República, os Governadores, os Deputados, os Senadores e tantos outros. Entretanto, a pretensão neste artigo não é atacar e nem defender político algum, e nem a Classe Política. O intuito é levar o leitor a refletir sobre a sua responsabilidade, ao votar e eleger os nossos digníssimos representantes.
Esta responsabilidade fica escondida na passividade, no cruzar de braços e no pensamento “não tenho nada a ver com isso”. Somos responsáveis sim, afinal elegemos democraticamente nossos políticos.
E a falta de ética do eleitor? Pior que a dos políticos eleitos. O problema é visível quando indagamos ao eleitor: “Em qual Deputado Estadual você votou na última eleição? E Vereador?” A resposta surge como um disparo à queima roupa: o eleitor matou a democracia e enterrou a cidadania, não lembra em quem votou na última eleição.
O brasileiro tem memória curta. Elege políticos que se envolveram em escândalos de repercussão nacional, como o ex-governador José Arruda que em 2001 renunciou ao mandato de Senador, evitando processo de cassação, após denúncias de que ele e o Senador Antônio Carlos Magalhães haviam violado o Painel Eletrônico do Senado. Foi este homem que foi eleito para administrar o Distrito Federal e que antes deste último escândalo era cotado para ser candidato à vice-presidente do país.
A nossa falta de Ética envolve também o interesse do cidadão em acompanhar e fiscalizar o trabalho de nossos queridos e amáveis políticos. Quantos de nós eleitores conhecem ao menos uma proposição criada pelo deputado que conquistou o nosso voto, em quase três anos e meio de legislatura? E o posicionamento do Ilustre Deputado e seu partido quanto a algum projeto de lei relevante? A resposta é o descaso que impera, daqueles que governam e principalmente daqueles que são governados. Alguns buscam informações acerca de projetos de leis apenas quando se trata de benefícios financeiros para si; se for para o próximo, nem queremos saber.
É evidente que o contexto político e a crise de valores que a sociedade contemporânea vivencia não são resultantes apenas deste tema que abordamos. Há vários aspectos em diversas áreas e ciências que descrevem e apresentam propostas para destruir e enterrar dogmas que inibem e desaceleram o desenvolvimento social e político do homem. O início das mudanças deve ocorrer nas escolhas dos homens, principalmente no tocante aqueles que terão a incumbência de dirigir e exercer o poder político do país.
Por fim, o pensamento do escritor, filósofo, diplomata e advogado francês Joseph-Marie de Maistre, “cada povo tem o governo que merece”. Enquanto você odeia a política, é governado por aqueles que a amam.
Autor: Igor Rogério de Souza Matos Pricoli


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