A Ética do Estudante de Direito



Acredito que não importa a idade da pessoa para que ela tenha que se preocupar com a sua conduta ética. Até mesmo crianças devem ser instruídas de como devem se portar de acordo com inúmeras situações que são vivenciadas em suas vidas, para que possam interagir com outros indivíduos e aprender a trabalhar em grupo. Contudo, é uma difícil tarefa, em uma sociedade onde reina o capitalismo, o consumismo e a competitividade exacerbada, na qual uma criança é ensinada pelos pais a ser a melhor na escola, não se importando com os outros colegas e suas dificuldades.
Como poderemos conservar a dignidade em uma sociedade egoísta que não sabe praticar a solidariedade? Vamos continuar com a teoria de que o mais forte sobrevive? Penso que para ocorra essa mudança será necessário mais do que palavras e hipocrisia. A solução pra isso é haver a instrução e o exemplo, antes de tudo. Deste modo, não podemos pregar um ideal e agir de uma forma totalmente contrária a ele, ou seja, pais que agem sem ética não podem esperar que os filhos ajam de maneira diferente quando forem adultos.
No caso do universitário brasileiro, deve-se frisar que ele deve ter uma postura ética ainda mais rigorosa, em virtude de poucos terem a oportunidade de cursar o ensino superior no Brasil. Entretanto, o estudante de direito deveria ser aquele a se portar de maneira ética mais intensa, agindo de acordo com a moral e reprovando aquilo que vem de encontro à ética, por estar em um curso que tem por objetivo promover a Justiça.
O valor do respeito está intimamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana, pois, sem ele é impossível conviver em paz com outras pessoas. Antes de exigir que os outros sejam éticos, o estudante do curso de Direito deveria exigir uma conduta ética de si mesmo, voltamos na questão de que o exemplo é mais eficaz do que a instrução e a instrução sem o exemplo dificilmente funciona.
Muitos dizem que o curso de Direito é composto por pessoas da elite da sociedade, o que não é verdade. Isso ocorreu quando havia poucos cursos de Direito no Brasil, sendo que, nessa época apenas os mais privilegiados financeiramente que não iam estudar na Europa, cursavam bacharelados jurídicos. Talvez pela maior valorização do curso, os acadêmicos se portavam de maneira muito mais ética e atuante.
A necessidade de estudar quando se ingressa na universidade é óbvia, no entanto, ainda assim existem alunos que não aceitam essa lógica e usam a “cola” e variados artifícios para serem aprovados nas disciplinas. Também é comum comprarem trabalhos científicos e até mesmo monografias para que possam atingir seus objetivos, sendo assim, é improvável que um estudante que usa tais métodos no futuro seja um profissional ético.
Em relação à postura ética no relacionamento com os colegas, é evidente que o egoísmo se sobressaiu sobre a amizade. É claro que é quase impossível que todos tenham amizade em uma sala, no entanto, até o coleguismo não existe de uma forma efetiva. Muitas vezes as divergências de opiniões não são respeitadas e até mesmo em um curso de Direito não se pode discutir idéias, sem que se origine em um conflito pessoal.
No que diz respeito à relação com os docentes, muitas vezes ocorre que, os acadêmicos deixam de respeitá-lo e de valorizá-lo. Nas universidades privadas quando um professor exige muito dos alunos, eles simplesmente se organizam e pedem à coordenação que o substitua, pois agem sob a premissa de que o professor é empregado dos alunos.
Em escolas públicas os professores exigem mais do aluno e a maioria não tem apenas o interesse prepará-lo para o mercado de trabalho, mas proporcionar uma formação humanística ao mesmo. Acontece que, muitas vezes o aluno discorda do método de ensino do professor e o desrespeita chegando até a agredi-lo verbalmente ou pior, fisicamente. É lamentável que isso exista dentro de uma universidade, ainda mais no curso de Direito.
Em suma, os estudantes de direito em geral estão longe de se portar com o mínimo de ética que deve ser exigida em um bacharelado jurídico. No entanto, para que se mude essa situação, nós acadêmicos temos que mudar primeiramente a nossa postura e a forma de agir na universidade e perante a sociedade, pois, temos um compromisso com as mesmas. O acadêmico de direito tem grande responsabilidade na defesa da democracia, sendo determinante que essa defesa comece na própria universidade, sempre respeitando a diversidade de idéias.
Autor: Paulo Roberto Jardim Joho


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