O Conflito Árabe-Israelense: Medidas Essenciais



1947: Tratado de Partilha da Palestina após o fim do Mandado Britânico. Israel fica com pouco mais de 50% do antigo território e os palestinos com o resto. Os países árabes mais próximos (Transjordânia, Egito, Síria, Iraque e Egito) não aceitam o Tratado e declaram guerra a Israel (a chamada Guerra de Independência), que, ao final, fica com cerca de 75% da área total, sendo os restantes 25% anexados pela Transjordânia (Jerusalém Oriental e Cisjordânia) e pelo Egito (Faixa de Gaza).

1967: Guerra dos Seis Dias, contra a Jordânia, o Egito e a Síria. Israel também ocupa Jerusalém Oriental, a Cisjordânia, a Faixa de Gaza, a Península do Sinai (também pertencente ao Egito) e as Colinas de Golã, em território sírio.

1993: Acordos de Oslo. Cisjordânia e Faixa de Gaza passam a ser administradas por palestinos em uma semi-autonomia (hoje a Cisjordânia é governada pela Autoridade Nacional Palestina, que aceita a existência de Israel, e a Faixa de Gaza pelo Hamas, que prega a sua destruição), mas não em soberania, já que a ocupação militar continua em vários aspectos, razão pela qual não se pode ainda afirmar a existência de um Estado Palestino.

Obs: Em 1973, Egito e Síria declaram novamente guerra a Israel (Guerra do Yom Kipour), com o objetivo de retomar os territórios perdidos em 1967, e mais uma vez são derrotados (a Península do Sinai foi devolvida ao Egito no final dos anos 70 – por ter sido o único Chefe de Estado árabe a firmar a paz com Israel, o então Presidente do Egito, Anwar Sadat, foi assassinado em 1981).

Apesar de o ódio entre judeus e árabes vir de séculos, temos acima uma síntese de suas razões ao longo do Século XX, e que mostra o sentimento de unidade árabe, concretizado pela constante aliança nas guerras travadas contra Israel. Como Israel sempre se mostrou imbatível nos combates, um fator inicialmente político - o Tratado de Partilha - passou a ser difundido por religiosos mais radicais como uma ofensa ao Islã, especialmente após a tomada de Jerusalém Oriental (afinal, esta seria a única forma de se recrutar voluntários suicidas para um eterno conflito que sempre seria perdido nos campos de batalha, mas que, em sua concepção, pode ser vencido em um infindável estado de beligerância não-formal por meio da constante realização de atentados por quem não teme a morte, mas a deseja, não podendo, portanto, ser detido).

A utilização do sectarismo religioso na problemática geopolítica da região foi agravada em 1979, com a chegada ao poder do Regime Teocrático Iraniano. Assim, o Irã (que, até mesmo por não ser um país árabe e na época ser Pró-Ocidente, ficou indiferente ao Tratado de Partilha) financia grupos terroristas que se utilizam de potenciais “mártires” para conseguir a destruição definitiva do Estado de Israel, como o libanês Hezzbolah e o palestino Hamas.

Por tudo isso, não obstante os demais e pesados fatores que influem no barril de pólvora que é o Oriente Médio, para se diminuir a tensão é indispensável o fim de todo e qualquer suporte financeiro dos EUA e da União Européia a Israel, bem como o encerramento definitivo do fornecimento de material bélico: com razão, os árabes repudiam a absoluta parcialidade dos EUA e da União Européia, que, mesmo condenando a construção de novos assentamentos israelenses nos territórios palestinos, não aplicam qualquer sanção (além disso, Israel é uma superpotência militar, que, por isso, não necessita de qualquer ajuda armamentista). Se isso ocorresse, efeitos positivos adviriam, como:

(a) O enfraquecimento político do programa nuclear iraniano, que tem como alvo os EUA e a União Européia, e não Israel (que militante inundaria de radioatividade um território que considera seu, tornando-o inabitável para as futuras gerações do povo que diz defender, além, é claro, de destroçar definitivamente locais dos mais sagrados para sua fé, como a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém?). A retirada dos EUA e da União Européia da lista de fornecedores de dinheiro e de armas faria com que o Irã não mais tivesse justificativa para construir armamento atômico. Ademais, grupos sectários como o Hezzbolah, o Hamas e a Al-Qaeda perderiam qualquer argumento de cooptação de “mártires” para atacar o Ocidente (como foi o caso do 11 de Setembro), e, assim, haveria a legitimação dos EUA e da União Européia, perante os países árabes moderados, para defender formalmente a co-existência de Israel e do Estado Palestino em moldes realistas (ou seja, levando em consideração que Israel, independentemente da vontade de qualquer outro Estado, usará sua condição de superpotência militar para não recuar ao percentual territorial concedido no Tratado de Partilha).

(b) Com a atitude supra, o único alvo restante seria Israel, que, pelo fato de uma eventual ofensiva nuclear resultar na total impossibilidade de vida em seu reivindicado território, bem como no completo desaparecimento de locais sagrados ali situados, seria combatido apenas com armas convencionais, possuindo, como já dito, condições mais que suficientes para se defender, inclusive com atitudes que objetivem o isolamento de extremistas, dentre elas:

(b.1) A devolução das Colinas de Golã à Síria – que, assim como o Irã, também apóia grupos extremistas - em troca do compromisso de cessar a dita sustentação. Assim, com um Estado a menos apoiando-os, vários deles sofreriam evasão e o Regime Iraniano ficaria ainda mais isolado;

(b.2) O fim do bloqueio econômico à Cisjordânia e à Faixa de Gaza;

(b.3) A rediscussão do status de Jerusalém Oriental (já que possui, sob as leis internacionais, Jerusalém Ocidental sob sua soberania), até mesmo porque sua anexação unilateral é considerada nula de pleno Direito pela Resolução 478 do Conselho de Segurança da ONU.

Fora isso, não há milagre. A intransigência dos dois lados é algo absurdamente ilógico, e que possui muitos fatores de discordância, mas as medidas acima são essenciais para o máximo alijamento de quaisquer regimes e grupos fundamentalistas e a retomada das negociações de paz com a devolução definitiva da soberania aos palestinos nos territórios hoje semi-autônomos – mesmo que estas se concretizem em um futuro muito distante.

Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho
Autor: Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho


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