Os Presidentes dos EUA e as Grandes Corporações



Em 2008, quando Barack Obama se elegeu Presidente dos EUA, houve grande eurofia mundo afora. Grandes manifestações de alegria e esperança ocorreram na Europa, na Ásia e na África. Tudo em vão e sem o menor senso crítico.

Inicialmente, para chegar à Presidência dos EUA são necessários centenas de milhões de dólares em campanha. É lógico que o pretendente, por mais rico que seja, não irá retirar essa quantia do próprio bolso. As campanhas, tanto para republicanos como para democratas, são financiadas por grandes corporações, para as quais o eleito, em troca do apoio, governa. Quem quer que seja o escolhido, já chega comprometido à Casa Branca. Se alguma medida colide com esses monumentais interesses, é derrubado: foi o que ocorreu com Richard Nixon.

Nixon chegou ao poder em 1968, no auge da Guerra do Vietnã, e foi reeleito em 1972. Quando, por pressão da opinião pública interna e estrangeira, e pelo enorme desgaste provocado pelo custo humano e financeiro de um conflito cujo objetivo já estava perdido (o que iria causar a derrota do próximo pretendente republicano), se dispôs a encerrar a guerra, combinado com o fato de ter dado um freio à corrida armamentista com a antiga URSS (que depois, com Reagan, foi retomada), assinou sua sentença de morte política: afinal, tais medidas afetaram os lucros da indústria bélica, de modo que, então, Nixon foi obrigado a renunciar para não sofrer impeachment no rastro do Caso Watergate (Watergate e as demais acusações que se sucederam, como abuso de poder, sonegação fiscal e outras, diga-se, eram rigorosamente verdadeiras - tanto que foi perdoado pelo sucessor Gerald Ford - mas só vieram a ser reveladas quando o poder da influente da indústria armamentista, financiadora também das campanhas de muitos congressistas, foi por ele desafiado ao pôr fim no atoleiro representado pela guerra).

Com Obama não poderia ser diferente. O fato de ser do Partido Democrata e de ter um discurso politicamente correto não altera em nada a estrutura de poder em Washington. Assim, por exemplo, na COP-15 não se poderia esperar algo do Governo dos EUA senão uma iniciativa vaga e juridicamente não-vinculante de redução de emissões dos gases do efeito-estufa, pois se o atual Presidente desafiasse as grandes empresas altamente poluidoras iria, com certeza, cair pelas mãos dos congressistas que, igualmente, são por elas sustentados. Voltando à indústria bélica, recentemente o Governo dos EUA procedeu ao corte de verbas em vários setores para enfrentar a crise financeira internacional, especialmente nas pesquisas científicas da NASA (que, contrariamente ao errôneo julgamento de muitos, é de vital importância para o futuro da humanidade). Pois bem, a compra de armas não foi minimamente afetada, mesmo que os EUA já sejam a maior potência militar do mundo na vertente convencional e a segunda no campo nuclear.

Um ano após a posse de Obama, as pessoas se decepcionaram. Não deveriam, já que ele é lá mantido pelo mesmo sistema que elegeu os odiados Richard Nixon, Ronald Reagan e George W. Bush. Tem, portanto, comprometimento com toda essa estrutura de poder. Tudo, então, que seu governo representou até agora era de se esperar.

Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho.
Autor: Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho


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