O papel da ética e a formação acadêmica



A reflexão sobre a ética e os valores morais nunca se mostrou tão necessária como hoje no Brasil, isto porque cada vez mais observa-se a prática de condutas antiéticas em todos os âmbitos da sociedade.
O papel da ética como ciência que estuda o comportamento moral dos homens em sociedade, tendo como objeto os valores morais, tem, pois, como missão o fazer despertar da consciência humana para a responsabilidade que cada indivíduo possui para com a sociedade.
É, pois, correta a afirmação do ilustre professor José Renato Nalini, de que a crise mundial é uma crise de valores e que a necessidade de repensar esses valores trata-se, agora, não mais de sensatez, mas de uma questão de sobrevivência.
As grandes transformações ocorridas no século XXI, mais precisamente pelos avanços científicos e tecnológicos, concorreram para a criação de uma sociedade materialista, consumista e egoísta.
O mundo vem passando por uma verdadeira “cegueira valorativa”, em que se confere grande valor ao que não tem e, a cotrario sensu, nega-se valor ao verdadeiramente valioso. Essa sociedade de que falamos acima, consumista, egoísta e materialista, dá demasiada importância aos bens materiais que, juntamente com o “jeitinho brasileiro”, caracterizado por uma frouxidão dos valores éticos, utilizam-se de todos os meios para se chegar ao poder e à riqueza.
O ser humano muito evoluiu em intelectualidade, mas pouco o fez em questões morais. É necessário ter a consciência de que não vale a máxima de que os fins justificam os meios, posto que os valores morais devem ser utilizados como bússola reguladora do comportamento humano.
Vale ressaltar que, muito embora seja possível visualizar a falta de ética em alguns setores da sociedade, por exemplo, na vida política, muito deixam a desejar outros âmbitos em que a conduta antiética é eminente.
Nesse diapasão, cabe a nós destacarmos a situação das universidades, mais precisamente as de Direito, as quais possuem, em sua maioria, um quadro inadequado às necessidades do mundo moderno.
Nos últimos anos culminou uma massificação de cursos de Direito, mas o que se observa é que estes cursos, em sua maioria, não possuem uma preocupação com a formação ético-profissional de seus alunos.
Há uma necessidade de se inserir na grade curricular matérias que estimulem o pensamento ético destes futuros bacharéis, como, por exemplo, ciência política, antropologia, ética, filosofia e sociologia.
Embora a maioria dos cursos tenham inserido tais disciplinas em suas grades o que se observa é um total descaso com tais matérias, posto que dão demasiada importância ao conhecimento positivado.
Tal panorama é agravado muitas vezes pelos professores que com uma postura antiética demonstram um descaso com a matéria que ministram, inclusive, legando-lhe menos importância que as demais.
A formação ética do profissional deve se dar nos bancos universitários e os professores devem estar preparados para tanto, a negligência ética existente nas universidades não poderá ser sanada depois do curso.
É chegado momento de adotar-se uma conduta comissiva no sentido de realizar o valioso, abstendo-se da passividade mórbida por muitos adotada, e esta postura, num âmbito profissional, se aprende desde na universidade.
Vale lembrar: “para o triunfo do mal basta que os bons nada façam”.
Autor: Laianne Monteiro Gois


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