Chávez e a "Pequena União Soviética"



Há muitos anos, no auge da Guerra Fria, Fidel Castro cunhou uma frase que se eternizaria por latente ironia: “As Américas do Sul e Central são dois subcontinentes sui generis: têm menos guerras que a Suíça e mais generais que a Prússia”.

Ocorre que, se depender de um de alguns de seus mais aguerridos seguidores, a freqüência com que as guerras ocorrem na América Latina pode aumentar dramaticamente, pois, há meses, em uma operação militar para prender líderes guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), o Exército Colombiano apreendeu e periciou seus computadores, lá interceptando mensagens trocadas entre a cúpula narcoguerrilheira e integrantes do Governo Venezuelano. Nas mensagens, os interlocutores discutem qual seria a melhor estratégia para se continuar o fornecimento de armas aos guerrilheiros, tendo, como indício maior do dito apoio, sido encontradas armas suecas vendidas à Venezuela há pouco mais de vinte anos. Quando Colômbia e Suécia cobraram explicações, o Presidente Hugo Chávez negou qualquer ligação com os fatos e atribuiu a notícia a uma perseguição política que estaria sendo orquestrada contra ele e sua “Revolução Bolivariana”, mas, mesmo diante da clareza das evidências, não exonerou e nem mandou investigar os interlocutores venezuelanos, entre eles um oficial-general – o que mostra não estar interessado nem mesmo em provar seu não-envolvimento pessoal no caso (sim, ele tem o benefício da dúvida), evidenciando ao mundo, desta forma, como a agressão à soberania alheia e o abastecimento a uma organização terrorista que já matou milhares e que se sustenta com o tráfico de narcóticos e com a realização de seqüestros são, ao menos, tolerados por vários membros de seu Governo.

Se os Governos do Hemisfério tinham dúvidas sobre a que veio o atual Regime Venezuelano, a resposta é absolutamente cabal: um poder cuja principal função é a utilização da receita obtida com a exportação do petróleo para financiar, nos países da região, candidaturas presidenciais ideologicamente afins, com o único escopo de fazer da AméricaLatina uma nova Cortina-de-Ferro. Foi isso o que ocorreu na Bolívia, no Equador, na Nicarágua, e, de um modo mais recentemente denunciado pela reação das Forças Militares locais, em Honduras. Nos países onde essas candidaturas não têm a mínima chance de vitória, como a Colômbia, o Governo Venezuelano age como a antiga União Soviética e Cuba ao financiar e armar organizações terroristas locais, como as FARC, para derrubar o sistema democrático e implantar a sua já mencionada “Revolução Bolivariana” (nada mais que um eufemismo para DITADURA MARXISTA). A fim de fortalecer este temível empreendimento, o Governo Venezuelano negocia a compra de armas – para uso próprio ou para o posterior fornecimento a terceiros aliados, como as FARC – com seus aliados no Governo do Irã, que, apesar de não serem marxistas, também odeiam os EUA e a democracia em moldes ocidentais que eles representam.

A fim de evitar mobilização contrária ao objetivo continental de comunização, todos os meios são válidos: desde os mais óbvios, como a supressão de todas as liberdades de reunião, manifestação do pensamento e imprensa dentro de seu próprio território, passando pelo fechamento de rádios e TVs oposicionistas e pela flagrante violação dos direitos humanos, até os mais esdrúxulos e inaplicáveis, como o projeto de lei tipificando o crime midiático de “agressão à saúde mental da população”.

A Guerra Fria já recomeçou e seu epicentro não é mais no Leste Europeu, mas ao norte do Brasil, na “Pequena Veneza” (significado do vocábulo “Venezuela”, em homenagem àquela que, junto com Gênova, é apontada como um dos prováveis locais de nascimento do descobridor não só da América, mas da Venezuela em si, o navegador Cristóvão Colombo). Se não houver uma reação conjunta dos Governos Democráticos do Hemisfério à política imperialista e expansionista do Regime Venezuelano – que atualmente representa a maior ameaça à paz regional – ele irá gradativamente se fortalecendo e a desestabilização continental continuará a se agravar: não será mais a “Pequena Veneza”, mas a “Pequena União Soviética".

Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho
Autor: Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho


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