Para quem não sabe ler, todo texto é torto...



Para quem não sabe ler, todo texto é torto...

Uma vez me falaram dessa coisa de texto revoltado, que sai quando quer, no mais das vezes, despenteado e todo amarrotado, há quem veja nisso, graça, e até, uma romântica beleza.

Mas, comigo não, texto comigo é no cabresto e no chicote, vai sair como eu quero, com cara de quenga, que na Bahia é piriguete, ou de beata, patricinha, de mãos dadas com um nerd.

Não engulo essa coisa de texto rebelde, texto a gente doma, bota cela e monta, e ele, vai para onde a gente quer.

Caso meta-se a besta, feito mula que empaca, meto-lhe os ferro, desancando ele anda, mostro-lhe logo quem manda.

A mão que segura à rédea é quem dita o caminho, e isso não é difícil, se você perceber bem, é quase como um relógio, pois sempre termina como tudo, numa praça arribada por uma matriz, que seria o doze, um doze que é meio, dia e noite.

Logo depois a sua direita, vem mais um com outro dois, que desapartados valem pouco, igual ao povo, que se juntasse, valia mais que o doze, que manda o tempo todo.

A sua esquerda tem dois um agarrado um no outro, esse queria ser doze, eu disse queria, porque podia ate ser mais, mas ali vive a política, casa dos hipócritas, onde dois um vale por onze, é um comendo o outro, por isso nunca chega a doze, é a verdadeira casa de noca, onde não se cobra dizimo, mas dez por cento é o mínimo garantido.

Os outros ao redor, são meros figurantes, observe que em alguns relógios eles nem aparecem, só o doze, e o seis, que também é importante, fica defronte do doze, mesmo que alguns afirmem ser embaixo, só um detalhe besta, pois que por baixo também se goza.

Outros afirmam ser o seis mais importante que o doze, embora ele não abra o dia, é ele quem traz a luz e com ela a labuta.

Ambíguo como deve ser tudo que é divino, é o seis que também trás com ele as sombras que fecha o dia, coisa que não se explica, o doze começa e termina, mas é pro seis que se reza a missa.

Amante generosa, pela frente abraça a noite, e por trás recebe o dia, e nesta orgia, em que se faz de recheio, o seis é a fronteira entre a fé e o medo, caixa de pandora onde todos guardam seus segredos.

- Epá! Onde eu estou?

- No meio de um trocadilho, de praça, povo e tempo, discorrendo sobre religião, política e outras safadezas.

- Mas, eu falava do texto, esse ladino safado, e num cochilo ele escorrega, e vai passear em outras tramas.

- Texto rebelde até se doma, mas os ladinos, esses são pior que quiabo.

- Mas, espera só um pouco, que dele também dou cabo, pra esse tipinho cínico, tem que usar pena capital, tríplice pena final, sem dó nem piedade, rasgo, amasso e queimo, e enterro o descarado em um balde.

- Espera meu compadre, vá com calma, seja prudente, por um culpado vai condenar também um inocente?

- E o papel, que tem com isso?
- Vai pagar por um crime que não cometeu?
- Só porque tu te desentendeste (e não aceita) as opções de tuas letras?

- Tudo bem, eu concordo!

- Mas, nem por isso arredo pé, vou aplicar a esse finório alguma punição, cada qual a seu cada qual, e texto, tem que ser texto e obedecer à mão, que é quem segura à pena e deita diretriz, não me importa a pecha de radical, vou manter minha opinião e punir esse marginal.

- Texto rebelde ate se admite mesmo o que peca na gramática, impõe admiração, mas o ladino, esse é ladrão, rouba as vistas do leitor, escondendo nas entrelinhas sua verdadeira intenção.

- Tudo bem! Vou poupar o papel, que apenas acoita esse safado, mas da borracha, ele não me escapa, com ela ei de dar-lhe cabo.

Santo Deus!

Quanto dislate, o que era para ser uma crônica, virou poema da pior qualidade.

(Alexandre Esse Cê)
Autor: Alexandre Simas Costa


Artigos Relacionados


A Nova Jerusalém.

Fraqueza Dos Setenta

Administração Eclesiástica: O Modelo De Igrejas No Governo Dos Doze Numa Abordagem Isenta De Paixões

Qualidade De Uma Boa Linguagem

Deus Criou O Mal?

“cochilos” Dos Tradutores

O Círculo, O Vicío, A Recuperação