Paternidade e egos inflados



A ciência avança cada vez mais a passos larguíssimos, com descobertas diárias que podem trazer a diminuição da dor para milhares de pacientes, esperança de cura para outros e até a segurança de uma morte mais digna para tantos outros. A inteligência humana é algo realmente impressionante, que os céticos dizem ser natural e os crentes um presente de Deus.
Uma nova descoberta na área médica é algo que deve ser divulgado, valorizado e premiado, pois a vida humana é a coisa mais importante que existe, sem querer parecer piegas. Quem tem um familiar ou amigo diabético, renal crônico ou com qualquer outra dessas muitas doenças graves, sabe a importância de um novo medicamento, uma nova técnica cirúrgica, uma nova luz no fim do túnel. A inteligência humana foi feita para isso: proteger e salvar vidas. Está escrito em um monte de lugar isso.
Mas esses rodeios todos são para tocar em um assunto bastante delicado, que é a utilização da moderníssima tecnologia e dos conhecimentos genéticos. Ninguém cria a vida, por mais conhecimento que tenha sobre reprodução, mas se consegue, por exemplo, escolher o sexo e a cor dos olhos do bebê, que pode ser criado em um laboratório. Manipulação genética é uma coisa quase corriqueira hoje em dia.
O problema é quando as pessoas se esquecem do Criador da Vida e passam a utilizar as tecnologias para sua única e exclusiva satisfação pessoal. Daqui a alguns anos um casal de negros (ops, afro-descendentes) vai poder ter um filho parecido com o David Beckham, justificando que é para que ele sofra menos preconceito. Daqui a alguns dias um casal gay vai poder misturar as características genéticas de cada um dos parceiros e fazer uma criança (criada em laboratório e gerada em barriga de aluguel) com a cara dos dois pais ou das duas mães.
Em pouco tempo os pais vão decidir – nas caríssimas clínicas genéticas – que seus filhos nunca serão gordos, nem terão cáries, nem miopia, nem serão homossexuais, nem flamenguistas, nem cortadores de cana. Vão definir os seres humanos perfeitos e – atenção senhores – vão decidir o que é a perfeição. Pela manipulação genética vão ser criados os novos seres, todos para satisfazer o ego gigantesco de papai e mamãe.
Um caso real: a 13ª Vara Cível de Curitiba concedeu liminar autorizando uma professora a tentar engravidar com sêmen congelado do marido, que morreu em fevereiro deste ano, de câncer de pele. Muitos vão dizer “É sêmen do marido dela, vai ser irmão legítimo dos outros filhos”, ou então que ela amou tanto esse homem que quer ter um filho dele para, dessa forma, tê-lo por perto.
OK, as justificativas são muitas e todas consideráveis. Mas muita calma nessa hora. Estamos pensando nessa criança que vem ao mundo? Estamos pensando no direito humano que uma criança tem de ter um pai? Estamos considerando que esse pobre bebê nunca conhecerá seu pai verdadeiro (mesmo se nos deixarmos levar pelo ditado “Pai é quem cria”)?
Não. Está em jogo agora só a satisfação do ego exorbitantemente grande da professora, que não se importa com as consequências de seu ato hedonista e egoísta: “Eu quero porque quero”. Daqui a alguns meses ela arruma outro homem e ensina o pobre bebê a chamá-lo de pai. Se não der certo com esse, ela arruma outro, e novamente ensina o bebê a chamá-lo de pai. Ad infinitum. Em tempos onde consideramos normal o Big Brother Brasil, a vida humana vale o quanto você pode pagar por ela.
Autor: ANTONIO CASTANHA FILHO


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