Almas de aço – A alma dos calçados



A alma de aço para calçados foi criada e patenteada por Salvatore Ferragamo em 1920, mais uma entre muitas das patentes, anteriormente estas peças eram feitas em madeira e como não tinham a resistência do aço, elas eram de maior volume e deixavam os calçados muito mais pesados e, portanto mais desconfortáveis. Após sua criação os calçados passaram a acomodar melhor a curvatura das plantas dos pés conforme a altura dos saltos, permitindo ampla ploriferação dos saltos culminado no século passado na criação do Stiletto, por muitos creditado a Roger Viviee, mas que na verdade seria uma criação dos italianos Del Co e Albanese, que criaram uma sandália para a noite, com duas minúsculas tiras e um salto baixo sob o arco do pé.

Almas de aço para o setor calçadista são peças estruturais fundamentais em calçados de saltos, sejam eles baixos médios ou altos, além das muitas das plataformas. Almas de aços são filetes de aço como o próprio nome já diz que junto à palmilha de montagem tem a finalidade de dar sustentação ao arco do pé, e o equilíbrio necessário ao usuário deste calçados, ela estende-se da planta do pé ao calcanhar, sendo fixada no salto por parafusos ou pregos. A alma de aço geralmente fica envolta de uma resistente celulose chamada de plantex, ficando entre a palmilha de montagem e o reforço da palmilha, há casos que a alma de aço é envolta não em celulose, mas sim em PVC (ou similar), podendo este ser injetado sobre a alma de aço ou montado sobre ela como à exemplo da tradicional palmilha de celulose.

Estas almas de aço variam geralmente entre 0,8 mm a 1,5 mm de espessura, à medida que os saltos ou plataformas ganham altura, as almas de aço ganham espessura e comprimento, já no quesito largura, as variações podem ser ainda maiores, entre 0,5 cm e 2 cm, lógico que dentro de uma normalidade, quanto mais larga e grossa, maior vai ser a estabilidade e equilíbrio, porém isso influenciará diretamente no peso do calçado, o que pode acabar tornando desconfortável devido a este, logo há de se buscar um bom senso entre sustentação/equilíbrio e peso final do calçado, a fim de torná-lo o mais confortável possível.

Em relação às novidades de materiais, seria o emprego da fibra de carbono, que além de ser mais resistente do que o aço, é bem mais leve e possibilitaria um ganho de conforto no produto final, porém a substituição da alma de alço, pela alma de fibra de carbono esbarra na questão custo/benefício, que para muitas indústrias calçadistas o benefício não é superior aos custos, pois o emprego da fibra de carbono resulta numa matéria-prima de maior custo. Também há a questão de adequação das indústrias (metalúrgicas) que produzem as almas de aço, que para passar a produzir almas de fibra de carbono, teriam que re-estruturar seus parques fabris. Porém vejo como uma alternativa bastante plausível a utilização da fibra de carbono nas almas, pois a competitividade entre a indústria calçadista requer inovações, conforto e qualidade.

Na questão design diferenciado e tecnologias das almas de aço como as conhecemos, ficam opções como almas de aço incorporadas ao tudo de aço que são utilizados em muitos modelos de saltos, tornado-os uma única peça, novas formas de vincos e extremidades nas almas, a fim de uma melhor fixação e as buscas constantes de aços cada vez mais resistentes e leves.

Ainda na questão técnica da modelagem de calçados, deveria haver uma maior preocupação com a adequação do comprimento da alma de aço na numeração dos calçados, pois pelo menos aqui na minha região, o comprimento das almas de aço dentro de uma linha ou modelo, é a mesmo seja para o número 33, quanto para o número 40. Se imaginarmos que a diferença de tamanho entre um pé 33 para um pé 40 é de mais 4,6 cm, essa diferenciação entre os números deveria ser levada em consideração, já que essa diferenciação existe, por exemplo, para os saltos. Talvez seja por essa falta desta adequação é que vemos calçados de numeração 33 e 34, com a planta do pé flutuando e nas numerações maiores como 38, 39 e 40, com o bico tão elevado da base.

No quesito evolução, seria a pesquisa e o emprego de novos materiais mais resistentes e leves que permitisses a novos formatos, para uma melhor estabilidade aos calçados. Também credito que o emprego de grades de numeração nas almas amenizaria o desconforto causado nas numerações de ponta, pois como mencionado anteriormente é costume utilizar a mesma alma de aço com o mesmo comprimento tanto para um calçado de numeração 33, quanto para um calçado de numeração 40.

Considerando que praticamente não houve grandes inovações nas almas de aço desde que foram criadas no início do século passado por Ferragamo, acredito que até a pouquíssimos anos atrás, a moda se adaptou ao setor e não o setor se adaptou a moda, mas com a suposta busca pela inovação, pelo diferencial e pela própria concorrência entre as indústrias calçadistas, o setor terá que tirar o atraso de décadas e décadas, buscando além de investimentos em pesquisas de novos materiais, novos maquinários e treinamento profissional para lidar com as novas tecnologias, o setor terá que estreitar o relacionamento com os designers de calçados e departamentos de criações das indústrias calçadista, deixando assim de oferecer o básico, o que qualquer um ofereça, terá que mergulhar juntamente com outros setores da cadeia produtiva no mundo do design e no mundo da moda. Terá sim que sair da estagnação que muitos encontram-se há muito, muito tempo.

Nas últimas coleções internacionais pode ser visto modelos bastante ousados, no quesito estruturas, estes modelos os responsáveis pela recente evolução no setor de almas de aço, estes modelos ao perderem os tradicionais saltos, obrigaram criação de almas específicas que desta vez não têm mais uma de suas fixações na bandeja do salto, devendo absorver todo o peso que antes era atribuído aos saltos, além da necessidade de serem mais largas, espessas e rígidas, tudo isto em conjunto com uma plataforma, ou planta solar mais ampla, a qual passa a absorver a pressão exercida ao salto, a fim de dar a sustentação e a estabilidade necessária ao caminhar.

É um fato que o modo de andar com estes modelos sem salto tem que ser diferentes, mas isso só não bastaria se não houvesse uma modificação na estrutura destas almas.

Porém essa modificação estrutural das almas de aço acarreta um problema que toda a indústria calçadista tenta evitar que é o peso excessivo aos calçados, logo obriga seus fornecedores de almas de aço a buscarem soluções que amenizem este ganho de peso.
Autor: Fábio Marcelo Espíndula


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