Fusões e Desemprego



“No mundo globalizado, ou você compra ou é comprado.”
(Francisco Gros)


Se estivesse vivo, Aldous Huxley poderia escrever hoje “Admirável Mundo Oligárquico”. Não seria uma fábula, mas um documentário sobre o universo corporativo a partir dos anos 1990.

Com o fim da guerra fria e o advento da internet, surgiu a era do conhecimento, marcada pela queda das barreiras geográficas e econômicas. A velocidade das transações, o fluxo de informações, a integração promovida pela globalização desenhou um novo paradigma no mundo dos negócios segundo o qual é necessário crescer continuamente.

Fusões, aquisições, incorporações e seus correlatos foram a resposta imediata a esta demanda. O nome do jogo é ganho de escala. Concentrando-se a produção numa mesma unidade industrial, reduz-se a capacidade ociosa das instalações. Unificando-se as operações administrativas, ganha-se celeridade e economia nos processos.

Houve uma época na qual se procurava combater a formação de oligopólios e cartéis. Tempos áureos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) julgando administrativamente compras, vendas e associações de empresas sob a égide da lei antitruste buscando zelar pela licitude concorrencial.

O que vemos hoje é a concentração econômica em todos os segmentos. Os bancos largaram na frente, seguidos pelas mineradoras, siderúrgicas, farmacêuticas, montadoras, autopeças, empresas de telecomunicações, eletroeletrônicos e tantas outras.

A grande preocupação de outrora era com relação ao impacto destes movimentos em relação aos preços, ou seja, a criação de megaempresas sufocaria a concorrência, prejudicando os consumidores, em especial em países como o Brasil onde as chamadas agências reguladoras são ineptas e frágeis.

Mas o maior subproduto de fusões e aquisições é mesmo o desemprego. Afinal, não faz sentido manter duas agências bancárias com igual bandeira na mesma calçada, dois profissionais com funções equivalentes para uma mesma atividade.

A crise mundial recente nasceu no mercado financeiro, mas rapidamente vem devastando a economia “real”, que produz bens e serviços e não apenas se ocupa de intermediações e apostas em derivativos. Empresas de grande porte em todo o mundo anunciam diariamente suas listas de dispensas.

Aos governos, cabe repensar a legislação que rege as operações de compra e venda de empresas, em especial buscando proteger companhias de pequeno e médio porte da canibalização do mercado, posto grandes empregadores que são.

Aos RHs das empresas, ficam desafios. Primeiro, para conciliar culturas e valores muitas vezes díspares, buscando a criação de uma identidade corporativa única. E segundo, para conduzir os planos de demissão, procurando arrefecer a dor dos que saem e aplacar os temores e a insegurança dos que ficam.
Autor: Tom Coelho


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