O que fizeram com os textos?
Insira a tese na introdução, coloque os argumentos no desenvolvimento e conclua com soluções. Essa é a técnica de sucesso! Pois é, a maioria dos artigos dissertativos ou de opinião trata de assuntos polêmicos. Se eu for ideologicamente incorreta e optar por ficar "em cima do muro" a redação perderá pontos; mesmo que essa seja a minha opinião. Não posso dizer que não há soluções para o problema, tampouco inserir ideias revolucionárias que venham ferir o padrão estipulado pela sociedade.
Não só nos vestibulares mais concorridos do país, mas também naqueles que nem o são, o limite de linhas e a pequena folha de transcrição da redação é uma afronta aos amigos das letras. Diga, mas reflita muito bem: como uma pessoa, com uma consciência sã, poderá dizer tudo o que lhe vem à cabeça em apenas três parágrafos?
Ser a favor ou contra o aborto, a maioridade penal, discutir sobre a globalização, o meio ambiente e a urbanização. Devemos achar soluções e argumentos plausíveis para dilemas que há anos especialistas discutem. Se a sua letra for um elefante (como a minha), esqueça, você estará condenado a uma nota bem abaixo do esperado, já que o máximo é 30 linhas. Tende a procurar inspiração? Vai ser difícil achá-la em menos de duas horas!
As notas baixas são as menores conseqüências que podemos ter. O problema mesmo é deixar algo tão sensível se desvincular da linguagem do coração a ponto de termos textos com uma estética primorosamente técnica; no entanto, sem personalidade e o “eu” reflexivo. Sentimentos à parte, o fato é que, cada vez mais, nossos jovens caem nessa cilada, achando que redações ou qualquer outra forma de “organização de letras e frases” são uma mera vertente de vestibular.
Autor: Elaine Hicks
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