Terrorismo



O terrorismo adquiriu grande relevância neste início do século XXI. Tem sido proclamado, acima das guerras entre países, como a principal ameaça à humanidade, pela sua imprevisibilidade, pela dificuldade ou até impossibilidade de controle e pela falta de visibilidade do inimigo. Ninguém sabe quando e onde poderá ocorrer um novo atentado. De fato, o terrorismo e a luta contra ele têm sido colocados como assuntos obrigatórios nas relações internacionais.
A superpotência norte-americana declarou guerra ao terrorismo. Após o atentado ao World Trade Center, o combate a ele justificou as principais ações militares externas dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque. No entanto, essa meta, já proclamada na década de 1980 pelo governo Reagan, não evitou que milhares de atentados ocorressem nos últimos anos e que o número de grupos que utilizam o terrorismo como forma de combate aumentasse.
Diversos grupos espalhados pelo mundo, utilizam o terrorismo como estratégia de luta. Muitos são bastante conhecidos, como o ETA, na Espanha; as FARC, na Colômbia; os Tigres Tâmeis, no Sri Lanka; o IRA, na Irlanda do Norte; e grupos islâmicos fundamentalistas em diversos países africanos e asiáticos. Outros não têm a mesma projeção internacional, mas podem ser contados às dezenas.
A idéia de terrorismo como instrumento de luta política surgiu nos anos 1800. No século XIX já existiam alguns grupos terroristas organizados e já se registravam diversos atentados. O grupo mais importante na época foi o Narodniya Volya, responsável pela morte do czar Alexandre II e de ministros e generais russos, num atentado à bomba, em 1881.
Na Espanha, movimentos anarquistas atuam desde a década de 1870. Alguns deles promoveram uma série de atentados terroristas que levaram a uma forte reação do governo espanhol e à perseguição de todos os simpatizantes da causa anarquista. Ainda no século XIX, após a guerra de secessão norte-americana, surgiu a Ku Klux Klan, grupo racista que espalhava o terror à população negra, provocando mortes e incendiando casas e plantações.
No início do século XX, eram vários os grupos que utilizavam o terrorismo como estratégia de luta. O atentado mais conhecido foi promovido pelo movimento pan-eslavista sérvio Unidade ou Morte, popularmente conhecido como Mão Negra. Em visita a Sarajevo, capital da Bósnia, região que havia sido anexada ao Império Áustro-Húngaro, o príncipe herdeiro Francisco Ferdinando e sua mulher foram mortos num atentado cuja autoria foi atribuída a um estudante nacionalista sérvio, Gravillo Princip, ligado à organização Mão Negra. O atentado levou a Áustria-Hungria a declarar guerra à Sérvia e marcou o início do primeiro conflito de dimensões globais, a Primeira Guerra Mundial.
Ainda na primeira metade do século XX, grupos como a Organização Revolucionária Interna de Macedônia: o Ustashi, organizado por católicos na Croácia; e o Exército Republicano Irlandês (IRA) promoveram atentados de grande repercussão.
Na década de 1930, estudantes judeus criaram, na Palestina, o Irgun, uma organização que semeava o terror com o objetivo de expulsar a população árabe, que era majoritária na região. O Irgun contou com a liderança, na década de 1940, de Menahem Beguin, que se tornou mais tarde primeiro-ministro de Israel. Após a formação do Estado de Israel, em 1948, os palestinos começaram a se mobilizar, e surgiram várias organizações terroristas.
Durante o período da Guerra Fria, o terrorismo adquiriu dimensão internacional. Grupos terroristas de diversas matizes ideológicas (de oposição a governos, ditatoriais ou não; nacionalistas em luta pela independência e pela autonomia nacional; religiosos) foram formados em todos os continentes. Na maioria dos casos, esses grupos eram apoiados ou pelos Estados Unidos ou pela URSS.
Na década de 1970, surgiram na Europa diversas organizações terroristas de cunho político, somadas às já existentes IRA e ETA; na Itália, as Brigadas Vermelhas; na França, a Ação Direta; e na Alemanha, o Baader Meinhof. Esses grupos promoviam seqüestros –com exigência de pagamento de resgate e libertação de prisioneiros -, assaltos a bancos e atentados à bomba, que aterrorizavam a população européia.
No Oriente Médio, considerado hoje o grande foco do terrorismo internacional, os primeiros grupos tiveram origem na Palestina, na década de 1960. Mas foi somente a partir da década de 1980 que ocorreu a disseminação de grande quantidade de grupos terroristas na região. Ao uso de carros-bombas, utilizados anteriormente por organizações terroristas européias, foi acrescentado, por alguns grupos, o terrorismo suicida: um motorista dirigindo um veículo carregado de bombas explode junto com as vítimas, ou um terrorista provoca mortes em locais de grande concentração de pessoas, detonando explosivos presos ao próprio corpo.
Como vimos, durante o século XX proliferaram grupos terroristas em praticamente todos os continentes, com objetivos os mais diferentes possíveis: grupos de esquerda em luta contra governos capitalistas, grupos de direita contra governos de orientação socialista, grupos nacionalistas, grupos separatistas, lutas pela independência, descolonização, etc.
No entanto, os atentados terroristas de grande proporção são elementos marcantes da Nova Ordem Mundial e colocam em evidência a continuidade dessa estratégia de luta por grupos radicais frente ao Estado organizado, diante dos quais seriam impotentes num combate frontal. Trata-se de uma guerra assimétrica, mas de grandes proporções, que amedronta e coloca a sociedade em estado permanente de tensão. O combate ao terrorismo não é uma tarefa a ser realizada em curto prazo, e muitos acreditam que jamais será vencida. O terrorismo é um inimigo invisível que programa suas ações com o objetivo de causar o maior impacto possível, por meio de ataques surpresa e, muitas vezes, indiferentes ao alvo que será atingido.
Sem dúvida, neste início de século, embora velhas táticas terroristas ainda sejam praticadas, pelo menos os dois grandes atentados atribuídos à Al Qaeda caracterizaram-se pelo planejamento minucioso e pelo profissionalismo, visando ações de grandes proporções e repercussão mundial. Tanto as ações de 11 de setembro como as de 11 de março constituíram uma série de atentados em pontos estratégicos, dentro de uma mesma operação.
Quanto mais gigantesca e violenta é a ação, mais o terrorismo conta com a cobertura dos meios de comunicação, que transformam a barbárie em espetáculo, acompanhado por milhões de pessoas em todo o mundo. No atentado ao World Trade Center, depois de um primeiro avião ter atingido uma das torres, as câmaras de televisão passaram a transmitir ao vivo o acontecimento, e pessoas do mundo todo puderam ver em tempo real um segundo avião mergulhar na outra torre. Foi também ao vivo que os telespectadores assistiram ao edifício desabando e à população em desespero sob a poeira e os escombros produzidos.
Autor: Ismael Almeida Costa


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