Doenças ósseas na infância e adolescência



As doenças ósseas progressivamente passaram a constituir tema de interesse pediátrico. De um lado, foi reconhecido que a densidade mineral óssea (DMO) de indivíduos adultos e idosos depende do pico de massa óssea adquirido até o final da segunda década de vida1. Sob este ângulo, o pediatra tem, portanto, a responsabilidade de garantir as condições necessárias para que crianças e adolescentes desenvolvam a melhor qualidade/quantidade de massa óssea, prevenindo fraturas e deformidades na idade adulta. Em algumas crianças e adolescentes as doenças ósseas podem ser constatadas, geralmente, como complicação de doenças crônicas ou de seus tratamentos1. Nestes casos o papel do pediatra é ainda mais relevante.

Inicialmente devemos entender a fisiologia óssea. Os fatores que interferem na formação óssea podem ser divididos em intrínsecos e extrínsecos. O primeiro grupo decorre da constituição genética, e determina cerca de 80% do pico de massa óssea. A raça, o sexo e os fatores hormonais são, portanto, os principais determinantes da composição óssea; e os fatores de risco para um menor pico de massa óssea são o sexo feminino, a raça caucasiana, e a puberdade tardia. Os fatores extrínsecos dizem respeito a aspectos nutricionais, fatores mecânicos e hábitos: baixa ingestão de nutrientes (cálcio, vitaminas, calorias), desnutrição, tabagismo, consumo excessivo de álcool e reduzida atividade física2. A ocorrência de doenças crônicas, e muitas vezes a terapêutica utilizada para seu tratamento, podem interferir e agravar diversos destes aspectos.

A Organização Mundial da Saúde define como normal, em adultos, a densidade mineral óssea (DMO) entre zero e ± 1 desvio padrão (DP), em relação aos valores médios observados em indivíduos jovens saudáveis (T-Score). Osteopenia é definida quando a DMO situa-se entre –1 e –2,5 DP e osteoporose quando abaixo de –2,5 DP3. Em menores de 20 anos, sugere-se que os valores obtidos sejam ajustados para a idade e o sexo (Z-score). Apesar da literatura habitualmente utilizar as mesmas definições de doenças ósseas para crianças, isto não foi validado e gera controvérsias. No consenso publicado este ano pela International Society of Clinical Densitometry questiona-se este ponto, pelo fato das correções aplicadas ao Z-score não levarem em conta diversas variáveis próprias destas faixas etárias que interferem na medida da DMO, como altura, peso, estadiamento puberal e maturidade óssea. Deste modo, o consenso sugere que valores de Z-score menores que –2,0 DP sejam denominados como "DMO baixa para a idade cronológica" e sua interpretação seja baseada em dados clínicos relativos a cada caso4.

Nas crianças/adolescentes, costumam ser assintomáticas. Para identificar-se os pacientes acometidos é fundamental uma história minuciosa, com avaliação dos fatores de risco. São indicativos de osteoporose a ocorrência de fraturas após traumas leves ou a recorrência, a suspeita de doenças à radiografia, deformidades esqueléticas adquiridas nos membros inferiores e/ou coluna (hipercifose dorsal), sinais e sintomas de doenças crônicas e uso de medicamentos osteopenizantes. O encontro destes indicadores alerta o pediatra para o risco de doenças ósseas e para a necessidade de investigação.
Autor: Osteoporose


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