ANALISE DAS NORMAS PARA A EDIFICAÇÃO DOS HOSPITAIS DE PEQUENA, MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE, E POSTOS DE SAÚDE



APRESENTAÇÃO

Com a evolução dos tempos, destaca-se também a evolução da medicina e a complexidade dos estabelecimentos de assistência à saúde, principalmente dos hospitais de grande e médio porte, e postos de saúde, que fazem parte do atendimento principal da rede pública do Brasil atualmente.
Dessa forma, é perceptível a demanda por constantes adaptações desses estabelecimentos visando acompanhar o crescimento e a necessidade de atendimento à saúde da sociedade do país, além da adequação às normas impostas para seu eficaz funcionamento.
Tais normas procuram agregar características que solucionem, de certa forma, alguns entraves aos sistemas construtivos, possibilitando que os estabelecimentos de atenção á saúde se ampliem e de adaptem segundo o desenvolvimento de suas necessidades, sendo racional, no que tange à sua estrutura, manutenção e organização física.
As principais normas norteadoras das edificações dos EAS no Brasil são impostas pelo Ministério da Saúde, através da RDC n 50, de 21 de fevereiro de 2002, além de algumas normas que devem ser aprovadas junto à Agencia Nacional de Vigilância Sanitária e à ABNT.
Sendo assim, muitos são os critérios adotados para o estabelecimento das normas de edificação dos EAS, como os hospitais e os postos de saúde. No entanto, esses critérios, muitas vezes deparam-se com problemas como custos e adaptações impossibilitadas pelas próprias instalações antigas dos prédios, o que pode inviabilizar a adoção de algumas normas impostas para o funcionamento desses estabelecimentos.
Diante disso, nosso objetivo neste trabalho é dissertar sobre a importância dos estabelecimentos de assistência à saúde, enfatizando os hospitais e postos de saúde, no que tange à sua construção, e nos critérios e normas técnicas que norteiam essas edificações, analisando sua pertinência.





CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE E SUA EDIFICAÇÃO

Inicialmente, importa destacar a concepção dos estabelecimentos de assistência à saúde, principalmente dos hospitais de diferentes complexidades e postos de saúde e sua relevância na saúde brasileira e na organização da atenção pública à saúde através do Sistema Único de Saúde, o SUS.
Como afirma Toledo (2006), acerca desse assunto:

(...) em conjunto com os demais estabelecimentos de assistência à saúde, os hospitais de alta, média e baixa complexidade formam um sistema de atenção à saúde que, no caso brasileiro, denomina-se Sistema Único de Saúde. Neste sistema, os hospitais destacam-se por sua complexidade funcional, elevada resolubilidade e custos de implantação e operação (2006, p. 57).

Sobre a resolubilidade mencionada por Toledo, o termo refere-se a condição capacitiva dos estabelecimentos de saúde em receber, realizar os diagnósticos e prosseguir com os tratamentos dos pacientes lá atendidos, ou seja, quanto maior a resolubilidade de um EAS, mais complexo deverá ser seu suporte e todos os seus setores, além da sua estrutura, sendo que este termo costuma ser desconhecido dos arquitetos e engenheiros responsáveis pela estruturação e edificação desses locais.
Em função desse desconhecimento, e ao mesmo tempo, da necessidade desses profissionais serem informados de determinadas características que devem ser inerentes a esses estabelecimentos, julga-se relevante um breve histórico sobre as concepções mais antigas relacionadas aos hospitais, como coloca Karmam (2002):

Na Enciclopédia e dicionário internacional, organizado e redigido com a colaboração de distintos homens de ciência e de letras brasileiros e portugueses encontramos a seguinte definição: Hospital (do lat. hospitalis, de hospes), s.m. Edifício ou e estabelecimento onde se recebem e se tratam os doentes pobres em enfermarias próprias e os que o não são em quartos ou enfermarias reservadas, pagando uma certa quota (2002, p.21).

Toledo (2006) ainda cita o significado etimológico de hospital encontrado no dicionário de língua portuguesa de Nascentes, onde o estabelecimento de saúde era entendido, em 1932, como um local que recebia, regularmente pobres, peregrinos e enfermos.
Já em 1952, surge uma definição de hospital moderno, advinda do Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde. Assim, o hospital moderno era definido como:

Uma instituição destinada ao diagnóstico e tratamento de doentes, internos e externos, planejada, construída ou modernizada com orientação técnica; bem organizada e convenientemente administrada consoante padrões e normas estabelecidas; geral ou especializada; oficial ou particular, com finalidades diversas; grande ou pequena; custosa ou modesta para atender os ricos, os menos afortunados, os indigentes e necessitados, recebendo doentes gratuitos ou contribuintes; servindo ao mesmo tempo para prevenir contra a doença e promover a saúde, a prática, a pesquisa e o ensino de medicina e da cirurgia, da enfermagem e da dietética, e das demais especialidades afins (TOLEDO, 2006, p.58).

Já em 1954, o hospital é definido no dicionário enciclopédico brasileiro da seguinte forma:

Estabelecimento ou edifício a que se recolhem doentes, aos quais, quer por sua falta de recursos, quer pela natureza da doença ou mesmo por mera comodidade ou conveniência, não se possa ou queira dispensar tratamento domiciliar (MOURA, 2008, p.23).

Já de acordo com as Normas Disciplinadoras de Construções Hospitalares, publicada em 1965, pelo Ministério da Saúde, o hospital foi conceituado como:

Instituição destinada a receber, para diagnóstico e tratamento, pessoas que necessitam de assistência médica diária e cuidados constantes de enfermagem em regime de internação, ao mesmo tempo em que recebe, para idênticos objetivos de diagnóstico e tratamento, pacientes em regime de ambulatório, sempre que presente esta unidade (TOLEDO apud MELO, 1965, p.1-2).

Diante de todas as concepções expostas, importa destacar é que em se tratando de edificação e estrutura, os hospitais atuais e modernos, assim como os estabelecimentos de assistência a saúde, principalmente quando parte do SUS, em função das inúmeras normas colocadas e alteradas, em decorrência de politicas e diretrizes socioeconômicas, são obrigados a se adaptarem ao uso hospitalar, tendo que se expandir, sem fazer planejamentos, o que não contribui para a finalidade a que eles realmente se destinam, que é a cura dos pacientes.

1.1 Sobre a Classificação das EAS e dos Hospitais

De acordo com Bittar (1997), alguns aspectos diferenciam os hospitais e os estabelecimentos de atenção à saúde. Entre eles pode-se destacar o porte, a tipologia e a resolubilidade, já explicada anteriormente. A partir destes aspectos, os profissionais como engenheiros e arquitetos, responsáveis pela edificação desses estabelecimentos auxiliam nas definições de critérios para a elaboração de normas e regras para a construção destas estruturas.
Muitas são as características e definições sobre hospitais, contudo o interesse do trabalho é abordar sobre os hospitais de distintas complexidades e postos de saúde.
Dessa forma, como afirma Oliveira (2004), a complexidade dos hospitais refere-se aos tipos de serviços oferecidos, em conjunto com as especialidades atendidas e o numero de leitos disponíveis. Não há, de certo, números que estabeleçam um hospital de alta, média ou baixa complexidade, pois tudo depende do meio e do local em que estes estão funcionando, mas de forma generalizada, pode-se dizer que:

• Hospital de alta complexidade: oferece grande suporte diagnóstico como unidades de Imaginologia – Raio X, Tomografia, Ressonância Magnética -, além de serviços de endoscopia, laboratório de análises clínicas e anatomopatologia. Suporte de tratamento completo, constituído de Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, UTI e Emergência, Pronto Atendimento, além dos setores de internação. Podem contar com mais de 500 leitos;
• Hospital de média complexidade: atendem a casos de média complexidade, geralmente cuidam mais da parte de diagnóstico ou de cuidados imediatos ou graves, contam com 50 a 149 leitos;
• Hospital de baixa complexidade: geralmente recebem pacientes que não dependem de cuidados especiais, possuem poucos leitos (de 25 a 49), não contam com muitas especialidades, nem com aparato tecnológico especializado.

Acerca dos postos de saúde, segundo Botti & Dalla (2005, p.9), estes são definidos como “uma unidade destinada à prestação de assistência a uma determinada população de forma programada ou não, por profissional de nível médio, com a presença intermitente ou não do profissional médico”. Para a edificação dos postos de saúde, há normas especiais que devem ser obedecidas de acordo com local, número de habitantes que serão atendidos, entre outros parâmetros que serão abordados adiante.
Assim, após definidos os tipos de estabelecimentos de assistência a saúde que serão abordados passaremos a parte da edificação.

1.2 Acerca da edificação

Como bem coloca Bittar (1997), o conhecimento das diferentes partes que integram a edificação dos estabelecimentos de assistência à saúde, em todos os seus aspectos (operacionais, dimensionais, infra-estruturais, ambientais e relacionais), é uma das principais ferramentas com que conta o profissional responsável por avaliar os critérios e elaborar as normas que edificação desses estabelecimentos, visando, acima de tudo, sua qualidade.
Uma das particularidades que diferencia um hospital de outras edificações de complexidade programática semelhante é o fato deste abrigar funções extremamente diversificadas e, em certos casos, incompatíveis entre si, o que deve ser considerado ao construí-lo (OLIVEIRA, 2004).

Do ponto de vista funcional, além das atividades nitidamente terapêuticas, de apoio ao diagnóstico e tratamento, o hospital desempenha outras funções, entre as quais as de hotelaria, desenvolvidas ao receber, hospedar e alimentar pacientes e acompanhantes, e as industriais, ao produzir, processar e distribuir diversos insumos, tais como roupas, materiais esterilizados, medicamentos e gases (2004, p. 7).

Além disso, outras atividades e atribuições são inerentes aos edifícios hospitalares, e a alguns EAS em geral, como coloca Weidle (1995):
• Promoção de ações básicas de saúde;
• Prestação de atendimento à saúde em regime de ambulatório;
• Atendimento à saúde em regime de internação;
• Pronto atendimento;
• Formação e desenvolvimento de recursos humanos e pesquisa;
• Oferecimento de serviços de diagnóstico, terapia e apoio técnico.
Assim, em função de diversificadas atividades que são exercidas nesses locais, há a necessidade de espaços diferenciados, com características especificas.
Weidle (1995, p.26) diz que:

Um estabelecimento de saúde é em verdade como um “edifício cidade”, ou seja, um edifício que agrupa uma série de outros edifícios (unidades ou departamentos) os quais são interdependentes e realizam funções específicas, portanto com requerimentos de instalações diferenciados.

Dessa forma, faz-se necessária permanente atualização desses estabelecimentos de saúde, com o objetivo do exercício adequado de todas essas funções. Assim, segundo Oliveira (2004), os EAS e suas edificações devem acompanhar os progressos técnicos, médicos, da administração hospitalar, e responder de forma às pressões sócio-econômicas e às demandas assistenciais, características contínuas de uma realidade em desenvolvimento como a do Brasil.

Isto implica, primeiro, em uma capacidade de adaptação à novos equipamentos, novas funções, novos sistemas administrativos e organizacionais, sem que o edifício sacrifique sua funcionalidade; e segundo em uma capacidade de usar recursos racionalmente e eficientemente, já que à medida que estes edifícios se desenvolvem, mais espaços e recursos são necessários. Estes dois aspectos qualitativos fundamentam a busca de um sistema construtivo que permita que o edifício “mute” naturalmente (ou seja, sem deixar de dar continuidade à realização de suas funções), e que seja racional, tanto em sua construção, quanto no seu funcionamento físico diário (WEIDLE, 1995, p.21).

Além disso, em função de todas as normas técnicas que devem ser obedecidas por essas edificações, faz-se relevante que estas, quando forem ser projetadas, incorporem duas características consideradas imprescindíveis por Oliveira (2004): a qualidade e a flexibilidade. Segundo o autor, na fase inicial de projeto, que deve seguir ás normas do Ministério da Saúde, ANVISA e ABNT, alguns obstáculos são destacados:

Dificuldade de se adaptar os edifícios já existentes à legislação vigente; necessidade de minimizar os imprevistos durante as reformas dos prédios antigos; e a dificuldade de promover mudanças e adições satisfatórias à incorporação de novas tecnologias (2004, p.6).





















CAPÍTULO II – OS CRITÉRIOS UTILIZADOS COMO APOIO PARA AS NORMAS DE EDIFICAÇÕES HOSPITALARES

Como bem coloca Oliveira (2004), as atividades exercidas no ramo de assistência à saúde, seja no ambiente hospitalar de alta complexidade, ou menor complexidade, até nos postos de atendimento, requer uma dinâmica inerente à própria natureza dessas atividades.
Com todos os avanços que o setor médico sofre em períodos curtos de tempo, além dos avanços tecnológicos que são de fundamental importância para proporcionar o bem-estar e cura dos pacientes, é preciso que se adotem critérios, e a partir desses as normas sejam desenvolvidas para uma edificação segura, eficiente e funcional desses estabelecimentos.
Primordialmente, corrobora-se com Botti & Dalla (2005), no que refere-se à alguns critérios como funcionalidade, flexibilidade, racionalidade e construtibilidade. Esses critérios são, ocasionalmente co-relacionados na RDC n.50 de 2002, quando coloca as normas sobre as edificações dos EAS.

2.1 A Funcionalidade

Segundo Bittar (1997), a funcionalidade permite avaliar se um sistema de construção estará apto a acomodar novas utilizações no decorrer do tempo, o que demandará mudanças nos espaços, colocação de novos equipamentos, remanejamento de instalações, reformas, ampliações, entre outras coisas. Dentro do critério de funcionalidade, o autor destaca a racionalidade e a flexibilidade.

2.1.1 Racionalidade

Segundo Toledo (2006), a racionalidade deve ser entendida como a utilização mais correta possível dos materiais e técnicas de construção, gerando a melhor eficiência de espaço e do que for construído, com o menor gasto.

A racionalidade é a capacidade do sistema construtivo de proporcionar a máxima eficiência espacial e construtiva. É alcançar o melhor desempenho do edifício com o menor volume de recursos e menor dispêndio de tempo. Trata pois, da correta e adequada utilização dos materiais e técnicas de construção e manutenção. A racionalização visa não só reduzir os custos iniciais dos empreendimentos de construção hospitalar, mas também os custos envolvidos no uso e na manutenção ao longo da vida útil da edificação (WEIDLE, 1995, p.35).

Importante ressaltar que, como na fase inicial de qualquer construção, que é o projeto - em especial, das edificações de assistência à saúde, e principalmente às hospitalares e postos que, necessitam de adequações mais rígidas em função das normas de segurança -, os percursos e centralização de atividades devem estar presentes, durante a construção deve ser aplicado por parte dos gestores em conjunto com engenheiros e outros responsáveis uma forma de padronizar materiais e técnicas de maneira a racionalizar o serviço, e o resultado final, principalmente, se a obra for do governo.

2.2 Acerca da Construção

Sobre o sistema construtivo de um edifício hospitalar, Weidle (1995, p.27) afirma que:

A definição do sistema construtivo para a concretização material de um edifício hospitalar, deve ser um processo decisório que acompanha cada fase do projeto desde o início, pois condiciona e é condicionado pelas decisões do projeto. Uma instituição hospitalar requer que sejam previstas todas as etapas da construção com a maior acuidade. Além dos requisitos intrínsecos ao processo construtivo da edificação, no hospital ocorre imensa complexidade de instalações e necessidades de manutenção.

Assim, passar-se-à ao capitulo seguinte abordando sobre alguns requisitos do sistema construtivo em paralelo às normas exigidas para a construção dos EAS em questão.





CAPITULO III – REQUISITOS IMPORTANTES DO SISTEMA CONSTRUTIVO E AS NORMAS OFICIAIS DE EDIFICAÇÕES DE EAS

Como coloca Moura (2008), a programação de construção de qualquer EAS deverá seguir necessariamente uma lista de exigências e normas colocadas a seguir:
• Programação arquitetônica: compreende a fase de pré-dimensionamento; freqüência de espaços; modulação; espaços e áreas; e a adequação e análise de acordo com a RDC n 50, ANVISA e ABNT;
• Zoneamento: área por unidade; grafo geral; fluxograma geral; zoneamento com fluxos; e partido arquitetônico;
• Os ambientes devem ser analisados quanto às: condições higrotérmicas; condições acústicas; luminosas e o controle de infecção hospitalar (todas essas normas serão abordadas a diante);
• Detalhes arquitetônicos de instalações referentes à: elétrica; telefonia; proteção de descargas atmosféricas; hidrosanitária; ar condicionado; segurança; gases; sons e outras; sendo que todos esses aspectos devem obedecer à RDC n 50, ANVISA e ABNT;
• Ante-projeto: localização; situação; planta baixa geral e por unidade e cortes esquemáticos; fachadas; perspectivas; memorial descritivo; especificações sumárias de materiais.

Acima de tudo, há que se considerar que todas as normas, principalmente as colocadas pela RDC n. 50 de 2002, visam o conforto, condições máximas de circulação dentro das edificações hospitalares e de assistência de saúde como os postos de saúde, mas principalmente o controle da infecção hospitalar. Dessa forma, julga-se mais importante comentar sobre as normas aplicadas à edificação referentes às condições ambientais que são aplicáveis à qualquer EAS, seja ele de qual complexidade for.

3.1 Condições Higrotérmicas

Como coloca a RDC n. 50, de 2002, na edificação de EAS deve-se atentar para a ventilação e a insolação natural, bem como a utilização de materiais que proporcionem conforto térmico ao ambiente, escolhendo de forma especial o tipo de cobertura que será utilizado. Tudo isso devidamente adaptado ao local e área de construção do EAS.
Como afirma Toledo (2006, p.78):

A forma e os materiais do conjunto de elementos da edificação hospitalar deverá promover a adequada satisfação às exigências do usuário em qualquer época do ano relativas temperatura no interior dos espaços habitados, prevenir o risco de condensação sobre as superfícies muito frias, bem como a ocorrência de superfícies quentes produtoras de desconfortável calor radiante. As variáveis que devem ser controladas para alcançar o conforto térmico referem-se à temperatura, umidade relativa e velocidade do ar.

Além disso, como bem coloca Prado (2007), a climatização do ar, em determinados locais como hospitais e centros de atendimento à saúde não é apenas questão de conforto, mas também uma necessidade relacionada à higiene.

3.2 Condições acústicas

De acordo com a RDC n 50, os locais que necessitam de melhor conforto acústico deverão contar com materiais de revestimento próprio para este fim.
Do ponto de vista acústico será sempre desejável a ocorrência de ambientes com baixa transmissão acústica e reverberação. Os aspectos básicos a serem considerados sobre o aspecto acústico referem-se à localização e orientação do hospital em relação às fontes externas de ruído (principalmente causado pelo tráfego), dimensionamento e posição das janelas, isolamento das paredes e características acústicas dos materiais de construção. A ocorrência de fontes internas de geração de ruído deve ser examinada e eliminada dentro do possível (KARMAM, 2002).

3.3 Outras considerações importantes

Acerca da estrutura a ser empregada, o tipo de alvenaria, fachada, fundação, sistema de ar condicionado, Moura (2008) explica que estas poderão sofrer muita variação de acordo com o tipo de hospital a ser projetado.
No caso das edificações hospitalares a estrutura deverá contemplar grandes vãos para poder receber e se adaptar aos equipamentos previstos em projeto, em função do uso (dimensão e peso), evitando-se o fracionamento dos espaços e o número excessivo de pilares, adotando-se uma estrutura mais flexível do que a convencional.
O sistema de vedação (fechamentos verticais internos e externos) poderá variar em função do uso, da tecnologia e dos custos, influenciando no peso da estrutura e conseqüentemente na fundação e na quantidade de ferragem a ser empregada (MOURA, 2008).
Os arranjos físicos, responsáveis pelo fluxo, trânsito interno e externo das edificações hospitalares determinarão nos andares o dimensionamento dos elevadores; a largura das portas e circulações; as paredes com revestimentos laváveis; os pisos anti-derrapantes, sensores de presença; cabines de força; postos de enfermagem. Esses são alguns dos itens que deverão ser analisados pelo coordenador de projetos que, além de compatibilizar e coordenar todos os projetos deverá verificar o atendimento ao cumprimento das normas técnicas que envolvem todo o processo projetual (WEIDLE, 1995).
Os projetos de elétrica, hidráulica, ar condicionado, combate a incêndio e gases medicinais se destacam em relação a tantos outros projetos complementares de uma edificação hospitalar (TOLEDO, 2006).
Estes devem ser definidos desde as fases iniciais do empreendimento, integrados aos demais projetos, sobretudo os estruturais. De modo que, devam ser indicadas as recomendações de ordem técnica, analisadas as interferências e reduzidas ao mínimo, para a conveniente adequação ao projeto de arquitetura. Além de ter um nível de detalhamento que garanta a execução na obra.
Nos estabelecimentos assistenciais de saúde independente do seu porte e sofisticação, as instalações ordinárias: hidro-sanitárias (água fria, água quente e esgoto sanitário), elétrica e telefone; e especiais (dentre essas as de gases medicinais): fluido-mecânicas, vapor e condensado; gás combustível; oxigênio medicinal; ar comprimido medicinal e industrial; vácuo clínico e de limpeza e óxido nitroso, exigem atenção redobrada do processo projetual. Porque são fundamentais para o funcionamento da unidade como um todo, haja vista que, a maioria dos ambientes que compõem o programa arquitetônico, necessita do seu apoio para o desenvolvimento das atividades pretendidas naquele espaço. Por exemplo, para “alimentação” de equipamentos amplamente utilizados no apoio ao diagnóstico e na terapia dos pacientes (OLIVEIRA, 2004).
Em se tratando dos gases medicinais suas aplicações são cada vez mais variadas e o número de pontos de consumo é, portanto, amplo e juntamente com a instalação da rede de vácuo, esses aparecem em vários locais num hospital. O que faz com que o seu fornecimento seja um dos aspectos importante das instalações (RDC n. 50, 2002).
Outros aspectos a se destacar são relativos às instalações hidro-sanitárias e devem ser desenvolvidos com especial atenção: o abastecimento; a reservação; a acumulação; a destinação, o tratamento; a previsão do consumo e a autonomia; a distribuição das redes, a centralização ou não, etc, para assim atender a aspectos específicos do uso da edificação (OLIVEIRA, 2004).
Em função da complexidade das instalações prediais que o uso dos edifícios de saúde demanda, devem ser tomados cuidados específicos com o dimensionamento e localização desses sistemas. Quanto à localização, a acessibilidade e a rastreabilidade das instalações é de grande relevância, favorecendo a manutenção e o redimensionamento das mesmas.














CONCLUSÃO

Diante do exposto nesta breve dissertação, há que se perceber que o processo de edificação dos EAS, sejam eles de qual complexidade for, dependem de um trabalho multidisciplinar, e não apenas da observação e obediência à normas técnicas, mas também de critérios que devem levar em consideração o fim a que se destinam esses estabelecimentos.
Dessa forma, julga-se, em parte, pertinente algumas normas impostas pela RDC n. 50, que aos poucos vem se modificando, bem como as proposições da ANVISA e da ABNT acerca das edificações de hospitais e postos de saúde.
A falta de pertinência, muitas vezes ocorre na questão de adequação às normas e prazos que são dados aos estabelecimentos mais antigos para que possam modificar suas instalações, o que nem sempre é possível.
Contudo, acredita-se, que os critérios, se realmente baseados no conforto, bom fluxo e principalmente controle de infecção hospitalar forem reais, são justificáveis, e dessa forma, todas as edificações devem ser construídas obedecendo e seguindo à todas às regras e normas, e os que já existem devem se adequar, na medida do possível.
















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BITTAR, O. J. N. V. A administração do hospital no próximo milênio. Rev. O mundo da Saúde. CEDAS. São Paulo, v.21, n. 2. maio/jun, 1997.


BOTTI, L. P. & DALLA, M. D. B. Unidade básica de Saúde: fundamentos X área física. Manual prático para elaboração de projetos para unidades de saúde. Governo do Estado do Espírito Santo. Secretaria de Estado da Saúde. Vitória, ES, 2005, 22p.


Departamento de Engenharia Civil – Estudo Comparativo de Sistemas Estruturais para Construção das UBS. USP. São Paulo, 1999, 78p.


KARMAM, J. Iniciação à Arquitetura Hospitalar. CEDAS. Centro São Camilo de Desenvolvimento em Administração de Saúde. USP. São Paulo, 2002. 39p.


MOURA, M. M. Os custos de construção civil em obras de estabelecimentos assistenciais de saúde. TCC (Especialização em Arquitetura em Sistemas de Saúde). 2008. 78p. Universidade Federal da Bahia. Salvador, BA, 2008.


OLIVEIRA, M. Infra-estrutura hospitalar e incorporação tecnológica. A experiência do REFORSUS. Rev. Arq. Anal. Estabel. Assist. Saúde. Brasília, v. 19, n.2, 2004, 12p.


PRADO, R. M. T. Inspeção Predial. Monografia (Pós-graduação em Engenharia de Avaliações e Perícias). 2007. 14p. FEAMIG/IBAPE, Belo Horizonte, MG, 2007.


Resolução RDC n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. ANVISA. Disponivel em: http: www.anvisa.gov.br. Acesso em 09 nov 2009.


TOLEDO, L. C. Feitos para curar: arquitetura hospitalar e processo projetual no Brasil. Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABEDH). Rio de Janeiro, 2006, 119p. Cap. 4 (p.57-81) e Cap.7 (p. 139-157).


WEIDLE, E. P. S. Sistemas construtivos na programação arquitetônica de edifícios de saúde. Departamento de Normas Técnicas. Ministério da Saúde. Brasília. 1995. 53p.
Autor: Referencia Academica


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