ORGANISMOS TRANSGENICOS



Os grãos geneticamente modificados mais cultivados no Brasil são a soja, o milho e o algodão, segundo o ISAAA (sigla em inglês para Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia).
O órgão internacional que acompanha a adoção de produtos transgênicos divulgou que a produção nacional no ano de 2009 desbancou a Argentina no ranking mundial, ocupando o segundo lugar em produção de transgênicos, perdendo apenas para os Estados Unidos, que permanece líder na produção de alimentos GM, não só com a soja, o milho e o algodão, mas também, com abóbora, papaia, alface e beterraba.
Muitos ficarão perplexos, pois há bem poucos anos, quando foi mencionada a possibilidade do cultivo de tais produtos, houve grande celeuma. E de repente o país se encontra em segundo lugar no ranking mundial.
Segundo o site da Monsanto, encontram-se, também, como produtores ou importadores de organismos GM, destinados à alimentação de seres humanos e animais, outros países, como o Paraguai, o Uruguai, o Chile, a Colômbia, Bolívia, Índia, Canadá, China, África do Sul, Egito, Burkina Faso, Espanha, República Checa, Romênia, Portugal, Alemanha, Polônia, Eslováquia, Austrália, México, Honduras, Japão, Filipinas, Nova Zelândia, Coréia do Sul, entre outros.
Segundo a mesma fonte, no ano de 2008, o cultivo transgênico mais utilizado por países como os Estados Unidos, Argentina, Canadá, México, Romênia, Uruguai e África do Sul foram aqueles resistentes a herbicidas.
No ano de 1995 deu-se início ao cultivo comercial de transgênicos no mundo, ou seja, de organismos que tiveram modificações geradas pela transferência de características de uma espécie para a outra.
Podemos citar como exemplos de OGMs, a soja resistente, como a ‘RR’ (Roundup Ready), da multinacional Monsanto (aprovada para comercialização no Brasil pela CTNBio em 2000), que teve sua genética modificada a partir da inserção de três genes encontrados em algas e bactérias, modificação que a tornou resistente ao herbicida glifosado (Roundup – potente herbicida que mata qualquer tipo de planta); milho com genes de bactérias que matam insetos; algodão resistente a insetos (aprovado pela CTNBio em 2005); peixe resistente ao frio, entre outros.
O grande problema se encontra na falta de estudos para comprovar a segurança do consumo de produtos GM por animais e/ou pelo ser humano, se podem ocorrer casos de intoxicações e/ou intolerância nas pessoas mais sensíveis, o desenvolvimento de resistência a antibióticos; a poluição do ambiente em que foi cultivado, entre outras possibilidades ainda nem suspeitadas.
Segundo o site mercado ético, em matéria publicada em março do ano passado (2009) a pesquisadora e médica Nise Yamaguishi, questionou a falta de cuidados da empresa Bayer ao não apresentar estudos de toxicologia dos tipos de arroz que tinha a intenção de inserir no mercado brasileiro. Segundo ela, a própria Monsanto já lhe declarou que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio nunca pediu estudos de efeitos de transgênicos à saúde humana, e ressaltou que a empresa que propõe transgênicos tem que provar que são seguros.
Mas, e se a ética dessas empresas resumirem-se em plantar dinheiro e colher lucros?
Neste caso, não haverá preocupação por parte de grandes investidores sobre as conseqüências destas produções, como o que poderão causar ou o que poderá advir da produção de OGMs, até mesmo por que, o espaço entre a descoberta e a implantação das tecnologias, não dispõe de tempo para estudos mais pormenorizados e confiáveis. Diante de tanto descaso nos sentimos em uma ilha vulcânica, onde o dragão de terra solta fumaça, alardeando que logo poderá dar sua contribuição às inúmeras catástrofes mundiais.
No Brasil, através da Lei n°. 11.105/2005, foi criado o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, para assessoramento do Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança – PNB. Também, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio (órgão integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia), instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, para proporcionar apoio técnico e assessoria ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e derivados, bem como para estabelecer normas técnicas para autorização de atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e derivados, tendo como base a avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente.
A sociedade em geral espera que os órgãos governamentais digam a que vieram, desenvolvendo um trabalho digno e sem pretensões que possam macular seu intuito.
Desde 24 de abril de 2003, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através do Decreto nº. 4.680, regulamentou o direito do consumidor de ser informado sobre os produtos que compra, sendo que aqueles que possuem mais de um 1% (por cento) de produtos biomodificados em sua composição, devem trazer um tipo de símbolo definido mediante ato do Ministério da Justiça, e ainda, inscrições contendo a descrição do produto GM que foi utilizado. Esse ato presidencial teve o intuito de esclarecer ao cidadão o que ele realmente está consumindo se, um produto geneticamente modificado ou, de forma indireta, a carne em que o animal pode ter sido alimentado com ração produzida através de organismos GMs.
Resta exigir o cumprimento das regras estabelecidas, para que as pessoas possam levar para casa, conscientemente, produtos modificados ou não. Que as empresas tenham respeito por seus consumidores, não se esquecendo nunca que a conduta ética é compromisso de existência.


BIBLIOGRAFIA

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MONSANTO IMAGINE. Transgênicos no mundo – Pedidos e aprovações para cultivo. Acesso feito em 22 jun 2010. http://www.monsanto.com.br/produtos/biotecnologia/biotecnologia-meio-ambiente/transgenicos-no-mundo/pedidos-e-aprovacoes-para-cultivo.asp
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SAMORA, Roberto. Brasil já é 2º em transgênicos e deve crescer mais. Acesso feito em 05 jul 2010. http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/02/23/brasil-ja-2o-em-transgenicos-deve-crescer-mais-915921622.asp
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Brasil não quer arroz transgênico da Bayer. Acesso feito em 22 jun 2010. http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/audi-ncia-p-blica-comprova-br/




Artigo produzido no Projeto de Extensão
Vexata Quaestio - Questão Debatida.
Autor: Sandra da Silva Valle


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