Breve análise sobre a ética e a dignidade da pessoa humana



Para que o sucesso de uma sociedade seja completo, é necessário contar com algumas qualidades inerentes ao ser que a compõe, o ser humano que a habita e contribui para que esta mesma melhore ou trace caminhos que pode levá-la ao fracasso. Dentre todas as qualidades que Deus proporcionou aos homens, sem dúvida, a mais importante pode ser considerada o discernimento para saber-se interpretar a diferenciação entre atitudes boas ou más, que podem incentivar as pessoas ao redor, afinal, antes de propostas, o que o ser humano mais segue e analisa são exemplos. À essa capacidade de discernimento dá-se o nome de ética, que aliada a um sentimento inerente ao ser humano, a dignidade humana, pode contribuir com sua evolução ou extinção.
Ao discorrer sobre a ética, é necessária uma análise etimológica do termo, que deriva do grego ethos, cuja tradução é caráter, modo de ser de uma pessoa. Já a tradução da palavra pode ser considerada como sua conceituação, visto que ética nada mais é do que um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a sociedade, fazendo com que o ser humano busque dentro de si a valoração do que é bom ou mal, almejando assim atingir-se um equilíbrio entre os dois, relacionando-se com o sentimento de justiça social.
Já a dignidade humana é um sentimento que vincula todos os cidadãos, ela surge como exigência inalienável. Ao mesmo tempo que a sociedade evolui, evolui também o sentido de ética cumulado ao desejo de proteção da dignidade da pessoa humana. Desejo este que surgiu e ganhou força com o advento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Certo é que o conceito de dignidade humana aliado ao sentimento evoluiu com o tempo, essa noção de dignidade deveria ser comum a todos os seres humanos, como sendo reconhecimento coletivo de uma herança da civilização que já suportou tantas barbáries.
Após as grandes guerras mundiais, que deixaram explícitas os extremos que os humanos podem chegar para defender territórios e dinheiro, a preocupação com o binônio ética-dignidade evolui demasiadamente. Vários países adotaram como base constitucional a proteção a este principio, inclusive a Constituição Brasileira, que protege em seu corpo o advento da Dignidade Humana.
Porém, o que se vê nos dias atuais, embora a luta continue por parte de algumas entidades, é um crescente desrespeito às questões éticas, e como caminham juntas, à dignidade humana também. Visto que o senso de ética não é uma virtude que caminha sozinha, acompanha a sociedade, evolui conforme a mesma cresce, estando sujeita à decadência também.
No âmbito brasileiro, o desrespeito aos dois preceitos é gradativamente crescente e visível, em todos os âmbitos da sociedade, na área da saúde vê-se instaurado o caos, por médicos que não comparecem em plantões quando não deveriam sequer terem saído dos hospitais para aguardarem possível surgimento de pacientes em suas residências; na infra-estrutura uma precariedade extrema, falta de acomodação para o crescimento desordenado nas grandes cidades, que leva cidadãos a habitarem locais passíveis de grandes desastres, que vitimam um número cada vez maior de serres humanos.
Os investimentos que poderiam ser aplicados às melhorias nas áreas da saúde, educação e moradia são direcionados muitas vezes à incentivos para atrair grandes empresas de outros países, ou então direcionadas às opções de lazer, como ganhar a competição para hospedar a Copa do Mundo de Futebol ou então Olimpíadas. Claro, a sociedade necessita de lazer, mas tanto quanto necessita de melhores condições e melhorias de vida. Investimentos em ações que tenham retorno para o próprio Brasil.
Nos meios de comunicação vemos o crescente desrespeito a virtudes e sentimentos que seriam inerentes ao ser humano, com sua capacidade de discernimento pode elevar ou não o senso de ética, que vêm decaindo cada vez mais. O ser humano não é um robô que segue mandamentos, necessitando de exemplos a serem seguidos, exemplo este que não é encontrado em um país onde o Ministro do STF, Marco Aurélio afirma que a “ditadura foi um mal necessário”. Não existem padrões elevados a serem seguidos hodiernamente na sociedade brasileira, estando esta demasiadamente focada no lucro e sucesso perante o exterior, sem importar-se primeiro com o que ocorre dentro de si. É o velho dito popular, muitos têm forma, mas não conteúdo.
Façamos então uma breve reflexão, sobre o destino da sociedade brasileira, só nós, os habitantes desta mesma sociedade podemos contribuir para melhorá-la, a questão é, quanto mais se pede, mas tem que se dar. Estaríamos dispostos a fazer tantas concessões com o fim de alcançarmos uma sociedade melhor, mais comum e igualitária?
Autor: Bruna Ferreira Gonzalez Macedo


Artigos Relacionados


Ética

O Dever Contitucional Do Estado Frente Aos Direitos Sociais E A QuestÃo Social Brasileira

Direito À EducaÇÃo E O PrincÍpio Da Dignidade Da Pessoa Humana No Brasil

A Ética E O Profissional ContÁbil.

As Relações Estabelecidas Entre ética, Direitos Humanos E Democracia.

Afinal, O Que é ética? Todos Sabem Usa-lá?

Direito, ética, Justiça E Moral