Construindo a igualdade social
Sabe-se que ainda é cedo para exigir resultados consistentes considerados tão difíceis de serem atingidos, afinal de contas o século está apenas em seu início. Contudo, chega a ser decepcionante para os remanescentes do século XX que esperavam ver e, quem sabe, até viver as mudanças sociais que eles, direta ou indiretamente tanto ajudaram a construir.
Mesmo que em seu início, a décima parte do novo século já está indo embora e os seres humanos continuam na antiga e viciosa prática da compra e venda de interesses pessoais em lugar da proveitosa prática da conquista dos mesmos. A conquista daquilo que se almeja induz o cidadão ao crescimento pessoal e do meio ao qual ele pertence. Já o “comércio” do que se almeja induz e favorece uma corrupção desmedida que traz resultados tão maléficos que chega a cegar a própria sociedade que o promove. Não se sente o mal que se pratica mas, amarga-se gravemente, sua consequência.
Vertical e horizontalmente, a sociedade anseia pela mudança que lhe é crucial, porém, a tridimensionalidade do imediatismo faz com que cada integrante espere que tal mudança ocorra de um modo geral, enquanto ele continua na prática de atitudes que visam alcançar objetivos que favoreçam apenas os próprios interesses. Egocentrismo – a mais pura característica do típico cidadão atual. A transformação social é esperada como se fosse acontecer num passe de mágica ou, se o referido acontecimento só pudesse se concretizar com a profética volta de Cristo. Essa volta começa a acontecer dentro de cada ser, com a preservação e ostensiva prática das virtudes que o tornam verdadeiramente filho de Deus.
Não se pode almejar a consolidação de aspectos como amor, paz ou igualdade social, pois, são estruturas que só se concretizam no conjunto. Mas, essa consolidação não condiz com a própria natureza egocêntrica do cidadão atual.
Numa sociedade que se dá ao luxo de exigir direitos, negligenciando parcial ou totalmente a prática dos deveres, classificando tal prática como democracia, teria, no mínimo, que amargar consequências, por si só, danosas ao desenvolvimento de suas gerações. A sociedade remanescente do século XX endossa a idéia de que viver em democracia é ter a habilidade de legalizar o crime, exigir direitos e extinguir virtudes.
Para o francês Tocqueville, em: A Democracia na América, “...a educação que tem sido praticada na América é formatada para ser, primeiramente, comercial e implacável defensora dos interesses do estado, antes de ser literária e intelectual.” Esse modelo de educação não poderia produzir outra coisa que não fosse uma estrutura social tolhida pelo devaneio da ilusão de estar sendo educada, quando, na verdade, estar sendo “conduzida”... conduzida ao desinteresse social; ao individualismo; ao desrespeito; à corrupção, etc.
Por isso, entende-se que a transformação social não depende apenas de uma transformação educacional, sobretudo, de uma transmutação em sua consciência capaz de conduzir o cidadão a abdicar da tentação de, por exemplo, eleger alguém em troca de favores que beneficie apenas a si.
Conclui-se que a tão sonhada a crucial igualdade social só será concebida se a sociedade cair em si e começar a entender que o que se pratica hoje, proporcionará uma “emboscada” de consequências sem precedentes, para seus futuros filhos. A realidade atual já mostra algo semelhante ao que estar por vir, porém, em dimensões bem inferiores.
Autor: Dimas Patriota
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