Turismo Pedagógico, a arte de contar histórias



Os professores devem atentar para o poder dessa prática turística que, realizada com responsabilidade e paixão, promove o interesse do indivíduo pelos mais variados assuntos. No entanto, cabe ao educador detectar um trabalho responsável que se comunique com o educando numa linguagem coerente e cativante.

A necessidade comunicativa humana promove, há muitos anos, uma infinidade de histórias. Talvez numa instância inicial apenas pra compartilhar o cotidiano com seus hábitos e seus revezes. Depois, em determinado momento, sentiu-se a necessidade de explicar acontecimentos que provocavam o entendimento racional. Era preciso encontrar explicações tanto para fenômenos da natureza quanto para embasar a essência e localização espacial do indivíduo. Dessa forma então, surgem contos maravilhosos e obras magníficas que, com elementos mágicos, “explicam” o que a razão desconhecia.

Em contrapartida, percebe-se a importância da história cultural como valor identitário, então, surgem os guardadores da história de um povo. No entanto, o agrupamento social se expande desordenadamente e se faz necessário orientar esse arcabouço histórico em registros literários, mas eles acabam força mesmo é na cultura oral. Uma vocação nata que o indivíduo tem de transmitir um determinado acontecimento histórico para seu próximo, com direito às variações naturais, às invenções. Porém, toda mutação depende da aprovação comunitária numa sinergia necessária para a história existir. Como constata BURKE (1989):

O indivíduo pode inventar, mas numa cultura oral, como ressaltou Cecil Sharp,‘a comunidade seleciona’. Se um indivíduo produz inovações ou variações apreciadas pela comunidade, elas serão imitadas e assim passarão a fazer parte do repertório coletivo da tradição. Se suas inovações não são aprovadas, elas morrerão com ele, ou até antes. Assim, sucessivos públicos exercem uma ‘censura preventiva’e decidem se uma determinada canção ou estória vai sobreviver e de que forma sobreviverá. É nesse sentido (à parte o estímulo que dão durante a apresentação) que o povo participa da criação e transformação da cultura popular da mesma forma como participa da criação e transformação de sua língua natal.

Tamanha a importância da cultura oral – historicamente evoluída por uma série de agentes como os mercadores, por exemplo – que a indústria midiática se apropriou dessas artimanhas narrativas cativando milhares de pessoas a acompanharem novelas, séries e demais programas. Todas essas produções usam do reconhecido “gancho”, responsável pela cadência no fim de um capítulo “sem fim”, posto que sua “solução” acontecerá somente no dia seguinte num processo em que, “o narrador se esforça na produção de um ritmo narrativo cheio de alentamentos e aceleramentos intencionais, que dão força interpretativa ao texto” (COSTA, 2002, p. 266).

Essa “força interpretativa” deve ser a principal ferramenta dentro do Turismo Pedagógico, um atalho para o desenvolvimento cultural que deve ser explorado com mais atenção. Os professores devem atentar para o poder dessa prática turística que, realizada com responsabilidade e paixão, promove o interesse do indivíduo pelos mais variados assuntos.

“A tendência do turismo pedagógico enquadra-se na percepção da potencialidade do turismo como processo informal de educação” (PELIZZER, 2004, p. 54). Então, como bem se apontou, essa prática deve versar caminhos nada ortodoxos de conhecimento, primando por instrumentos narrativos como da “contação” de histórias, por exemplo. Assim, o Turismo Pedagógico se traduz como uma verdadeira arte de transmitir conteúdo que, para tanto, necessita de profissionais responsáveis e comprometidos com essa cultura.


Referências:
BURKE, Peter. A cultura popular na idade moderna: Europa, 1500-1800. 1989.
COSTA, Maria Cristina Castilho. Interatividade – entre graus de liberdade e intencionalidades narrativas in Mídia, Cultura, Comunicação, 2. 2002.
PELIZZER, Hilário Ângelo. Planejamento e gestão da hospitalidade no turismo receptivo in Planejamento e gestão em turismo e hospitalidade. 2004.
Autor: Alex Pinheiro


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