10 questões sobre a evolução da cirurgia robótica no Brasil



A Medicina se une cada vez mais aos processos científicos de ponta - robôs estão presentes nos centros cirúrgicos, surgem sofisticados programas de diagnósticos por imagem, cirurgias e pacientes já são monitorados a distância. E, quanto mais tecnologia um médico bem treinado tem à disposição, aumentam as possibilidades de diagnósticos mais precisos e cirurgias menos invasivas, com recuperação mais rápida e menos complicações pós-operatórias.



A união da medicina com a robótica contribui para a qualidade de vida e bem estar dos pacientes. ”A medicina no Brasil tem mudado a sua face. Hoje, com o avanço tecnológico é possível realizar um diagnóstico preciso e mais precoce, com evidente benefício para os pacientes. Além disso, essas tecnologias dão mais segurança e o apoio necessário para a tomada de decisões importantes do médico, no tocante à conduta e ao tratamento, seja nos casos de urgência ou de doenças crônicas”, argumenta Dr. Vladimir Schraibman (CRM-SP 97304), gastroenterologista, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo e um dos principais especialistas brasileiros em cirurgia robótica.



Na entrevista abaixo, Dr. Vladimir avalia como está a cirurgia robótica no país e as perspectivas. Confira:



1.No Brasil, a cirurgia robótica vem sendo aplicada desde 2008. Nestes dois anos, quais as evoluções que aconteceram nesta área?

Sem dúvida, a cirurgia robótica vem evoluindo para incisões ainda menores, como cirurgia por um único orifício, como corte de 2,5cm, e instrumentos mais precisos aliados à imagem Full HD em 3 dimensões.



2.A cirurgia robótica é uma tendência em cirurgias minimamente invasivas?

Esta é uma grande tendência, porque a robótica representa, atualmente, a excelência das cirurgias minimamente invasivas avançadas dos grandes centros médicos por todo o mundo e o Brasil está trilhando o mesmo caminho e irá se destacar neste cenário.



3.Quando a cirurgia robótica começou a ser aplicada no país, para quais tipos de cirurgia ela era empregada? Hoje ela é indicada para quais outros tratamentos?

Ela atua na área de cirurgia geral e do aparelho digestivo, cirurgia urológica, cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia ginecológica, cirurgia cardíaca e, em breve, na área ortopédica.



4.Em relação a uma cirurgia convencional de vesícula, em quantos por cento a cirurgia robótica é mais cara?

A cirurgia robótica é indicada para casos mais complexos, como hérnia de hiato volumosa, tumores do aparelho digestivo, endometriose profunda com acometimento do reto, tumores pancreáticos, entre outros. Nestes casos, o beneficio da cirurgia robótica é a alta mais precoce em alguns pacientes do que na cirurgia convencional, muitas vezes se aproximando no custo final de uma internação com cirurgia convencional, por reduzir o tempo do paciente na UTI e o tempo de internação hospitalar.



5. Pode estimar quantos pacientes já foram operados através da cirurgia robótica no Brasil?

Não existe uma estimativa sobre o assunto, mas acredito que cerca de 600 cirurgias robóticas já foram realizadas no país.



6. A cirurgia robótica já pode ser realizada pelo sistema único de saúde (SUS)?

A cirurgia robótica ainda não esta disponível na rede pública.



7.Em sua opinião, o que falta para esta técnica estar disponível para a população menos favorecida?

Com o avanço da tecnologia e diminuição dos custos desta técnica, acredito que o procedimento robótico estará disponível para a população menos favorecida, num prazo de dois a cinco anos.



8.Como deve ser o treinamento de um médico para se especializar em cirurgia robótica?

Existem centros de treinamento espalhados pelo mundo, onde se pode realizar o treinamento específico e programar o início da realização de procedimentos em seres humanos. No Hospital Israelita Albert Einstein, estes procedimentos são realizados com a orientação de um proctor nos cinco primeiros casos.



9.No Brasil, os sistemas robóticos são produzidos em qual país?

Os robôs empregados nas técnicas cirúrgicas no Brasil são de origem norte-americana. No Hospital Israelita Albert Einstein utilizamos o sistema robótico Da Vinci™, que apresenta três ou quarto braços, sua câmera é controlada por um pedal e a ótica possui duas fontes de imagem, o permite ao cirurgião a construção de uma imagem tridimensional.



10.O país tem condições de criar o seu próprio sistema robótico?

No curto prazo dificilmente terá condições. Mas, pela qualidade dos profissionais tecnólogos envolvidos na criação de aplicativos para o avanço do uso do sistema robótico, espero que num futuro bem próximo isso seja possível também.



Perfil



Dr. Vladimir Schraibman / CRM-SP 97304 (Cirurgia Geral e Gastrocirurgia)



Especialista em cirurgia geral, gastrocirurgia e único orientador de Cirurgias Robóticas da área de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo do Hospital Israelita Albert Einstein (Proctor Intuitive Robotic System).



Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, com mestrado e doutorado em Ciências Médicas pelo Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina, Dr. Vladimir Schraibman é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Videolaparoscópica (Sobracil), é médico colaborador do Setor de Fígado, Pâncreas e Vias Biliares do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo, além de integrar o corpo clínico do Hospital Albert Einstein. Tem diversos artigos publicados em revistas e jornais científicos do Brasil e do exterior, além de intensa participação em congressos nacionais e internacionais.
Autor: TVMED


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