Interpretação da Ideia



A inovação acontece para substituir algo que não nos dá mais prazer ou que não nos basta mais. A diferença do novo geralmente é um detalhe, que faz com que a versão anterior, a antiga ideia, se torne completamente obsoleta. Temos mesmo que valorizar o que é inovador, só por fazer as pessoas pensarem de uma nova maneira, em qualquer que seja o aspecto, já é de uma grande admiração. Cada vez está mais difícil criar a diferença e perceber os detalhes que transformam o habitual em passado. É necessário prever o que as pessoas vão gostar de usar, de ver e até de acreditar.
Muitos filósofos, idealizadores, políticos, inventores, pensadores em geral criaram soluções, formas de pensar, de interpretar, maneiras de agir que possivelmente não estavam erradas, mas não foram aceitas no local, na cultura e na época em que viviam e simplesmente desapareceram sufocadas por outro ponto de vista. Alguns desses detalhes diferenciais só foram revelados e entendidos muito tempo depois e/ou em outra cultura, citados como uma descoberta de uma mente brilhante que se antecipou ao seu tempo, porém agora já é falecida.
Talvez devêssemos olhar o presente e o passado recente para notarmos e aprendermos com o que está sendo criado a nossa volta, qual ideia está crescendo nesse tempo, e saber qual o real momento em que vivemos. Não deixando, dessa maneira, os detalhes passarem, só sendo nos revelados no futuro quanto esses já serão habituais.
Grandes maneiras de pensar não são criadas por apenas uma pessoa, é um movimento de ideias complementares que vão sendo somadas e repassadas. Exemplo simples dessa transição são mestres espetaculares e discípulos ainda mais, como Platão e Aristóteles, que até têm certos pontos de vistas diferentes de suas visões da forma do conhecimento, mas de certa maneira uma é complementar, e mais abrangente, que a outra. E antes de Platão havia Sócrates, que se dedicava ao “parto” das ideias – Maêutica-, que constituí na sabedoria do homem sobre seus conhecimentos. Sócrates levava as pessoas a duvidarem de seu próprio conhecimento sobre um assunto e em um segundo momento estimulava a conceber uma nova opinião sobre o assunto em questão.
Com tempo as informações se tornaram mais acessíveis para diversas pessoas com a evolução da impressão no século XV, deixando claro que conhecimentos, somados a uma nova maneira de ver os fatos geram outras ideias. Exemplo disso são estudos e pesquisas realizadas por médicos, cientistas, engenheiros na mesma época, porém em lugares distantes e sem nenhuma forma de contato entre eles. Isso não é coincidência e sim interpretação do tempo.
Não temos apenas um mestre que nos ensina tudo, mas sim diversos mestres, pois todas as informações que recebemos são passadas por uma espécie de mestre que transmite uma sabedoria que possui. Conforme nossa experiência de vida as interpretamos e geramos nossos conhecimentos. Com tudo isso, podemos perceber que tudo o que precisamos para fazer diferente já está presente e acessível, os movimentos de ideias se espalham cada vez mais rápidos. Então basta que apliquemos a Maêutica Socrática permitindo a nós mesmos através do raciocínio, em qualquer que seja o assunto e ambiente que estamos inseridos, criar uma visão inovadora, que será aceita e respeitada, mudando nesse tempo o que é habitual.
Autor: Vitor Cardoso Gelbecke


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