A dinâmica do inferno



A dinâmica do inferno


Por, Aniel Costa Cruz


Aconteceu com um grande amigo meu, que na tentativa de libertar-se do trauma que o perseguia há anos, resolveu abrir seu coração e contar tudo que ocorreu e marcou sua adolescência naquele colégio em uma cidade do interior baiano.

Aquele adolescente de postura seria e caráter já formado, demonstrava já em sua terna idade uma personalidade forte, porem com uma aparência tímida, aquele garoto que não ria com toda a piada, parecia já reservado para uma determinada profissão ou sacerdócio, quem sabe um pastor ou padre.

Nosso personagem chegando atrasado e ofegante em sua sala de aula foi surpreendido de cara com os colegas todos de mãos dadas formando um circulo, ele sem entender nada foi logo entrando na roda e pegando nas mãos de quem ele viu logo a frente sem olhar quem era. Quando cai em se, verifica que uma das pessoas que ele pegara na mão era exatamente aquela colega gostosona que todo mundo queria pegar, e ele claro, tinha muitos sonhos em poder um dia chegar junto e quem sabe viver um romance com essa princesa.

Só pelo fato de estar segurando uma das mãos dela, já começou a suar frio e imaginar coisas e a mente fluiu de forma fértil desenhando em seu labirinto inimagináveis cenas de amor...

Nesse momento a professora interrompe seu prazer anunciando uma dinâmica que iria começar com um dos alunos e passando por todos do circulo ate chegar ao ultimo aluno do referido circulo, essa dinâmica é conhecida como telefone sem fio.

Nosso amigo retomou a viagem e fico imaginando aquela beldade sussurrando em seu ouvido repassando a tal mensagem do telefone sem fio.

De olhos fechados, nosso viajante ficou na expectativa da sua vez.
Nesse momento ele ouvia os gritinhos dos colegas quando a mensagem sem fio estava passando por cada colega.

Isso só aumentava sua ansiedade em chegar a sua vez, conforme os gritinhos soavam mais próximo dele crescia também a pressão os calafrios pela eminência do tão esperado momento do sussurro da sua musa inspiradora.

Finalmente chegou sua vez; quando ao invés do sussurro ele recebeu duas dedadas de sua Musa na cintura: foi ai que a desgraça aconteceu! Pois a reação de nosso adolescente, diferente dos colegas dele, foi um estrondoso pum e fedorento provocado por uma forte feijoada que saboreou ao meio dia.

Foi ai que nosso herói se viu desarmado, nu com a mão no bolso, ao olhar para trás e ver sua Musa imersa aquela “caatinga” insuportável e sem explicação nenhuma para dar, só teve uma alternativa plausível: chorar, chorar e chorar copiosamente.

Nesse momento todos foram acalentar nosso adolescente e dizer que isso é normal que acontece com qualquer um etc. A gostosona também foi tentar acalentar nosso amigo e dizer que tudo estava bem, a professora jurou de pés juntos que esse assunto ficaria ali mesmo sepultado e não se falou mais nesse assunto na frente do garoto claro, porem, todo mundo ficou sabendo desse fato inusitado e nosso amigo no silencio sem acreditar no que aconteceu, viu suas poucas chances de ter um relacionamento com a Musa ir pelo ralo, como que quisesse voltar atrás no tempo.

Muitos anos passaram e sempre que vislumbrava uma possibilidade do assunto chegar a sua família ele negava veementemente o fato dizendo que era brincadeira dos colegas.

Finalmente aconselhado por seus amigos, narrou o fato na tentativa de se libertar desse pesadelo.

Em sua mente amaldiçoou por anos a fio a professora e essa dinâmica do inferno.

Hoje nosso adolescente é um advogado bem sucedido na vida.

Fica ai o alerta para os professores em geral que usa desses artifícios para dinamizar suas aulas, porem se mal aplicada poderá proporcionar grandes problemas psicológicos para os adolescentes.
Autor: Aniel Costa Cruz


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