ANALISANDO EPIDEMIAS:



Opinion article:

Esta nota demonstra claramente que cada epidemia envolve dois anos, e tem um intervalo entre uma e outra de 04 anos: “O Rio de Janeiro, em 1986, após cerca de 60 anos sem que nenhum caso da doença fosse notificado, a dengue ressurge primeiramente nos municípios do Grande Rio, configurando uma epidemia que notificou cerca de 90 mil casos no biênio 86/87, todos do sorotipo 1 (FNS 1997)”.
E também segue a nota dizendo que ‘a epidemia teve seu início em abril de 1986 e encerrou o ano com um total de 12.480 notificações. Em 1987, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/RJ) registrou 37.215 casos.
Somando estas informações obteremos 49.695 pessoas infectadas, apenas no município do Rio de Janeiro.
Segundo Medronho, (1995), os anos de 1987 a 1989 os casos registrados apontavam para um baixo nível de transmissão da doença. Foram notificados, no município, 247 casos em 1988 e 436 em 1989. Isto quer dizer que, fora da epidemia os casos continuam ocorrendo porque o inseto se faz presente constantemente, pois não é eliminado!
Comprovando meus questionamentos, em 1990/91, exatamente 04 anos depois a população é novamente atingida por outra epidemia!
Já com um maior número de pessoas infectadas: totalizando 105 mil casos no Estado. No município os casos notificados atingiram 10.965 em 1990 e 51.695 em 1991. Somando os dois anos: 62.660 pessoas infectadas no município!
Do total de casos de 1990, 4.058 ocorreram em dezembro. No ano de 1991, somente no mês de janeiro, foram notificados 19.979 casos de dengue.
Outro fator digno de nota pela importância:
Nesta 2ª epidemia a circulação de pessoas apresentando sorologias para DEN 2 e outros (novos casos) DEN 1 evidenciando um vírus único e seqüenciais infecções sofridas pelo indivíduo. ((DENGUE: Primeira Infecção, Reincidências e suas Conseqüências), ainda não publicado).
Pelas reações provocadas em função do registro no sistema imunológico de uma infecção anterior os anticorpos combatem não só o novo antígeno invasor (DEN 2), como também a células que registram a informação da DEN 1 passada. As reações são bastante exarcebadas e sempre com manifestações hemorrágicas.
A evolução do quadro em relação ao paciente vai depender:
a) Do atendimento médico adequado e atento.
b)Medicação e reidratação, controle das plaquetas.
c) Ao primeiro sinal de alerta intensificar os cuidados.
d) Não fazer uso em hipótese nenhuma do princípio ativo paracetamol, altamente tóxico ao órgão hepático.
e) Não fazer uso de medicamentos que contenha o princípio ativo AAS - Acido Acetil Salicílico, fator desencadeador de hemorragias.
Por fim o dia mais importante da evolução: O primeiro dia sem febre é decisivo, pois o paciente pode estar evoluindo para a lenta melhora como pode estar evoluindo para o quadro de Choque pós Dengue.
Pela falta de MEDICINA PREVENTIVA (controle efetivo, eliminação dos insetos) torna-se importante investir na MEDICINA CURATIVA, com médicos especializados em doenças tropicais.
A prevenção sempre foi o fator mais importante, mas ao longo destes últimos 20 anos foi ficando esquecida, relegada a ações aleatórias e ineficazes.
Ministros, prefeitos e secretários de saúde acreditam que criar dia ‘D’, fazer circo da dengue, cartazes e panfletos resolveria o problema, estas ações são apenas ‘oba-oba’ eleitoreiras...
Investem também no ato de culpar a população pelas suas ações erradas, pelo alastramento do inseto em todo o País.
Negar epidemias em andamento com a desculpa de ‘não alarmar a população’ e a falta de estrutura de atendimento fizeram muitas vitimas a cada epidemia.
O surgimento de casos de dengue hemorrágica aliados à ausência de medidas efetivas de controle implicou a mobilização de profissionais de saúde que não mediram esforços, mas foram vencidos pelo despreparo e pela falta absoluta de estrutura para o atendimento adequado.
Assim foi 1986/07, 2001/02, 2005/06 e 2009/2010, sempre com elevado número de pessoas infectadas e reinfectadas.
Meus questionamentos movimentaram o Tribunal de Contas da União – TCU que investigou questionou, mas aparentemente, a situação encontrada foi mantida...
Falta ainda ‘acordar’ o próprio Ministério da Saúde para a ineficácia das velhas ações, partindo assim para mudanças de enfoque, seja nas ações, ou seja, no uso CORRETO de inseticidas.
A OPAS-Organização Pan-americana de Saúde e a Organização Mundial de Saúde poderiam interferir e cobrar mudanças na metodologia de controle tendo em vista o absoluto descontrole e o impressionante aumento do vetor que, não sendo eliminado prolifera de forma assustadora!
E são vários insetos vetores que retornaram, atingindo a população, deixando muitos com seqüelas e sob risco, pois em nova epidemia esta pessoa, com a saúde fragilizada, o atendimento médico precário e despreparado poderá ocorrer o óbito.
Todos os anos várias famílias choram seus mortos, vítimas de um mosquito, mas vítimas maiores do descaso, da omissão! E quem reage a isto? Quem irá dizer BASTA? A população brasileira precisa reagir descruzar os braços e cobrar as mudanças que se fazem necessárias, para eliminar os vetores e garantir qualidade de vida a todos!
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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