Idéia Original



Diz o galo, rei do galinheiro:

-Aplaudiremos a ave que tiver uma Idéia Original.

E as galinhas concordaram.

O pato com seu jeito de pato empolgou-se:

-No começo sempre nos aplaudem e elogiam. Depois, movidos pela inveja, a ganância ou a mediocridade, talvez medo até, nos traem pelas costas, alimentam egos cegos de si mesmos. Da próxima vez roubam teus argumentos e os usam contra ti, se valem da doçura pra ocultar a hipocrisia e você já não reconhece mais o terreno honesto por onde ciscava feliz...desconfiado mas feliz...

-Exatamente! -exclama o galo – Farsantes que se passam por amigos, sorrisos tão letais quanto a pedra que se desfere de um estilingue...Sim, é uma Idéia Original, a mudez completa, o silêncio absoluto. Que o mundo morra sem as Idéias.

E o pato concordou, satisfeito.

Todos se calaram.

Então as galinhas cochicharam entre si, conspiraram e uma delas falou, esganiçada:

-Vocês dois são uns líderes de merda. Estão sempre de bico fechado em cima do muro.

Ao que o pato retrucou:

-Se a gente fala nos espicaçam...

O galo continuou:

-Se nos calamos nos apedrejam...

A ordem do líder prevaleceu e as vozes se calaram.

Numa noite um vulto surgiu à entrada do galinheiro e espreitou em silêncio. Olhos esbugalhados e gargantas minguadas de som acompanharam o caminhar sutil da raposa que fez a festa.

 


Autor: janice diniz


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