Fim de Ano: Natal e Ano Novo



Fim de ano: Natal e Ano Novo

Natal!

Em seguida Ano Novo!

Muitos continuam na festa e participam da folia de reis... e essas comemorações se somam a outras... Enquanto isso se espera o carnaval para, só então, o ano começar para valer...

Somos assim!

E isso evidencia o que alguns antropólogos classificam com característica do brasileiro: povo festivo... festeiro... alegre... (alguns acrescentam: descomprometido, pois tudo gira ao redor das festas, sem esquecer dos feriados e do êxtase do futebol em todos os fins de semana! Além disso, tem a Páscoa, festas juninas... seguidas de outras festas que nos encaminham novamente para os festejos de fim de ano...).

E o que tudo isso significa?

Evidentemente nossa atração pelas festas. Elas nos envolvem e nós nos envolvemos com as festas e festejos. Afinal, entre outras coisas, gostamos de alegrias e de situações em que elas se manifestam e onde podemos manifestar nossa alegria. Até aqui tudo certo. É cultura. A questão é: como isso tudo tem sido usado e explorado?

Podemos dizer que não só o brasileiro é um povo festeiro, como o ser humano gosta e cria momentos de confraternização. A história da humanidade está pontilhada de momentos celebrativos e comemorativos em que a vida se concentra na festa. Essa sempre foi uma forma de explorar e usar a atração humana para o festivo. Um dos exemplos mais universais disso foi a criação das olimpíadas, pelos antigos gregos: uma competição que junta celebração e comemoração.

Outra forma de manifestação do espírito festivo do ser humano foi desenvolvido pelo cristianismo: utilizar o espírito de alegria que caracteriza o ser humano para vincula-lo ao sagrado. Assim se desenvolveram a maioria das festas cristãs: pela incorporação e transmutação de festividades da religiosidade pagã dando-lhe características e valores cristãos. Um caso típico dessa transmutação ocorreu com o dia do natal. Não se sabe o dia exato em que Cristo nasceu. Entretanto os cristãos, para mais cativarem grupos de pagãos recém convertidos, assimilaram o nascimento de Jesus uma festa pagã da divindade da luz, mostrando Jesus como luz do mundo. E isso passou a ser comemorado no dia 25 de dezembro, data em que se comemorava essa festa pagã.

Os séculos passaram. As relações produtivas se alteraram. Nasceu o Capitalismo e no mundo capitalista não só coisas são mercadorias como datas, festas, celebrações e comemorações são usadas e exploradas como mercadorias. Por esse motivo os festejos de final de ano, como o Natal, passam a ser, no mundo capitalista, objeto de compra e venda: viram mercadorias.

A alegria festiva e o espírito religioso do Natal são minimizados em nome do lucro que é a fé do capital. Sendo assim, na sociedade atual as festas de fim de ano são transformadas. E especialmente o Natal perde o sentido religioso e celebrativo para receber um sentido comercial. Por isso à festa de natal são agregados símbolos que não são exatamente religiosos: o Papai Noel, a troca de presentes, a árvore...

Isso não impede que os símbolos que não são religiosos recebam uma conotação religiosa. A troca de presente acaba sendo vista como uma representação do presente de Deus aos homens na pessoa de Jesus. O que infelizmente por vezes ocorre é que o presente concreto acaba superando a presença de Jesus, presente de Deus. A comercialização do presente acaba se convertendo em elemento central e, então, festeja-se a troca de presentes muitas vezes esquecendo o motivo da troca de presentes.

Da mesma forma a árvore de natal. Um símbolo idealizado por são Francisco de Assis  como também o presépio foi criado por esse santo. Numa noite em que fazia a meditação natalina viu o brilho das estrelas refletido na neve presa nos galhos de uma arvore. Imaginou a luz de Cristo descendo para iluminar a vida humana. E esse símbolo acabou sendo incorporado à celebração natalina. O problema está no fato de que as pessoas enfatizam a árvore, os enfeites e as luzes sem dar atenção ao motivo de tudo isso: a celebração do nascimento de Jesus.

Papai Noel não é diferente. Sua origem provavelmente coincide com a atuação caridosa de São Nicolau, distribuindo donativos. Com o transcorrer dos séculos sua ação e imagem foi sendo transformada até virar um velhinho bonachão, distribuindo presentes na noite do natal. O problema está em que nossa sociedade perverteu a ação de são Nicolau ou do Papai Noel em apelação consumista. É o preço que o capitalismo cobra por manter uma tradição: desvirtua suas origens e seus significados para converter tudo em semente de lucro...

Sendo impossível ao ser humano viver sem festas e, até o momento, sendo-nos impossível extirpar o capitalismo não é demais, nas festas de fim de ano, lembrar aquela musica natalina que diz:

A praça apareceu iluminada

Na calçada o povo pensa

Que em pacotes compra a paz

Só de Deus vem a paz...

Neri de Paula Carneiro  Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.

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Autor: Neri P. Carneiro


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