A IRA DA NATUREZA



 

A cada dia que se passa é possível observar a transformação do homem e da natureza, numa relação bruta entre eles. O homem destrói a natureza e esta responde de forma voraz. Muito se perde nessa relação, até certo ponto, desastrosa. A natureza é pura; livre; descompromissada, logo não deve nada a ninguém. Enquanto que o homem deve ao próprio homem, pois a sua disputa vai muito mais além do que a sua relação desastrosa com o meio ambiente. Porque a sua briga é consigo mesmo.

Cada árvore derrubada pelo homem, uma é substituída para o mesmo processo; a derrubada precoce. Enquanto houver essa disputa entre o próprio ser, a natureza irá pedir socorro, mas infelizmente o seu pedido é doído ao homem. O preço a ser pago pela destruição é muito caro, aliás, caríssimo. O pagamento, muitas vezes, é com a vida. A natureza não é má, pelo contrário, ela é contundente, ou seja, com a natureza não se brinca, ela é franca, audaz.

A relação desastrosa, a qual me refiro, entre homem e natureza, já vem de muitos anos e, infelizmente, a natureza pode demorar, mas acaba respondendo ao desgosto ressentido. A depredação, a devastação, o desmatamento, a exploração inadequada dos recursos naturais, a pesca predatória, as caçadas ilegais, tudo isso a natureza ressente e a sua ira pode ser devastadora.

Muitos acabam culpando o governo por ser omisso aos inúmeros problemas urbanos que acarretam com a irresponsabilidade surgida na relação perigosa com a natureza. Ou seja, muitos moradores de cidades mal planejadas, acabam construindo suas casas em áreas de risco; onde jamais deveria ser construída uma moradia. As prefeituras, dessas cidades, alegam que não há como impedir a invasão ilegal de áreas proibidas, mas a verdade é que falta fiscalização; responsabilidade social.

Uma grande parcela da culpa é da própria população, porque o governo não vai lá, na área de risco, construir casas para o povo, são os próprios moradores que invadem essas áreas e constroem suas casas da maneira que podem. Tudo isso poderia ser evitado com políticas de urbanização que atendessem a necessidade e o interesse do povo, porém, muitos dos nossos políticos, acham confortável a invasão; não precisa gastar dinheiro com planejamento urbano. Uma tremenda irresponsabilidade.

A tragédia de Angra dos Reis, no primeiro dia do ano, retratou, com detalhes horríveis, a imensa irresponsabilidade do governo e do próprio povo. O planejamento urbano, o qual me refiro aqui, não foi estabelecido com veemência pelos administradores da cidade de Angra, porque se houvesse esse comprometimento essa tragédia teria sido evitada. A culpa do povo recai sobre a teimosia pela vaidade. Todo mundo quer uma bela casa; uma moradia confortável em meio a natureza; em meio a uma paisagem exuberante, mas esquecem das medidas de segurança que devem ser observadas em qualquer projeto paisagístico; em qualquer construção civil.

Não estamos aqui a procurar culpados, pelo contrário, queremos sensibilizar as pessoas sobre as consequências causadas por não observarmos as medidas de segurança que devem ser tomadas a cada planejamento que opomos a executar. A cidade de Angra dos Reis, não pode ficar fadada ao erro de um ou de outro responsável, devemos remeter esse trágico episódio a uma reflexão profunda sobre o aspecto da preservação da natureza e principalmente da vida comum. Não devemos cruzar os braços perante uma fatalidade que acaba por transformar muitas vidas, por isso, o mais importante agora é solidarizarmos com os cidadãos de Angra, não apenas para amenizar o sofrimento do outro, mas também para fazer parte de uma situação comum ao processo de preservação ambiental.

O pedido de socorro da natureza vai muito mais além do que medidas de preservação oriunda de projetos de políticas sociais. Esse pedido deve ser atendido pela atitude responsável de todos nós. A união em torno da preservação deve ser encarada como uma atitude inerente a todo o ser humano, como a necessidade que temos em comer. Se comemos preservarmos a nossa saúde e não acabamos debilitados, assim deve ser o tratamento com a natureza, se preservarmos teremos qualidade de vida, essa tem que ser a tônica universal.

Alguns estudiosos, e a maioria dos cientistas, já falaram acerca das consequências da irresponsabilidade do ser humano com a natureza. A emissão de gazes no ar está prejudicando a vida humana e, com isso, a vida está ficando complicada. Infelizmente, isso está se tornando o caos da humanidade. É preciso que tenhamos atitude!

É muito fácil culpar o poder público pelos problemas sociais, porém a responsabilidade, acerca de inúmeros problemas do cotidiano populacional, é do próprio povo que, consideravelmente, ainda é muito leigo em relação à preservação ambiental. Muitos dos nossos compatriotas desconhecem as medidas a serem adotadas com relação ao lixo orgânico, por exemplo. Diversos cidadãos, em todo o Brasil, que possuem terrenos sem construções, simplesmente ignoram que esses terrenos devem ser limpos. Existe um acúmulo de lixo muito grande nesses terrenos e a proliferação de insetos e bactérias prejudiciais à saúde humana é impressionante. Não há punições para esse tipo de depredação ambiental, porque não existe fiscalização.

O correto é que todos nós exijamos nossos direitos de cidadania. É preciso denunciar os descasos que muitos têm com o próprio meio ambiente. É preciso fazer um mutirão para que a conscientização sobre os problemas com o meio ambiente seja unânime. Não basta reclamar, deve-se denunciar todos os casos de depredação que se tem conhecimento, porque só assim estaremos contribuindo, unanimamente, para que o meio ambiente seja preservado.

As pessoas, em todo o Brasil, devem se preocupar com as causas da preservação ambiental para que muitas das tragédias, até antão evidenciadas, sejam evitadas para o bem da humanidade. Não podemos ficar omissos diante de fatos aterrorizantes que estão acontecendo em nosso país, como o caso de Florianópolis, agora de Angra dos Reis e em outras cidades do Brasil.

O momento não é o de procura de culpados, mas sim de solidariedade e compreensão aos erros do passado. Precisamos, acima de tudo, ter atitude; dignidade e exigir com que haja, urgentemente, políticas que atendam os anseios do povo e que se criem, imediatamente, formas de educação ambiental para que o povo se conscientize sobre os problemas ocasionados com a ignorância ambiental, a fim de que as tragédias sejam, plenamente, evitadas.    


Autor: Waldir Rosendo


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