Canta, canta minha gente...
Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada..., mas quem foi que disse que existe ordem e progresso?. Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são, muitas vezes, gestos naturais
Apesar de se tratar de trechos de músicas e autores diferentes, os parênteses são dispensáveis quando constatamos que a sinfonia das idéias retrata o mesmo anseio. A liberdade que levou Tiradentes a perder a cabeça continua latente nas músicas que as grandes rádios não tocam com a frequência comemorada pelos artistas do pop, da música sertaneja e tantos outros estilos, que acentuam o relacionamento a dois.
Não que a função da música seja o protesto! Mas se o mercado musical precisa alcançar os interesses humanos, quanto sucesso faria Gabriel O Pensador se sua música fosse tão tocada quanto às apelações amorosas? Acontece que neste país, reduzir o universo do humano a ele e mais um (a) é interessante para alguém muito importante.
Pois se isso não partisse de gente grande, não seria uma realidade nacional. São inúmeros os textos e imagens na internet, em que se reclama a liberdade anunciada por Dom Pedro sob pena de morte. Independência ou Morte, disse ele prenunciando sucessivas revoltas populares, nas quais brasileiros morreram aos milhares em busca da liberdade. Então veio a romântica República dos coronéis e o não menos individualista período populista.
Em seguida, o Brasil cantou contra a ditadura e o termo liberdade foi trocado pela promessa da democracia. Mais como um reconhecimento de que livres não seríamos mesmo, do que pela efetiva divisão do poder. A ditadura já tinha ensinado brasileiros e brasileiras a serem moles. Só faltava a democracia televisiva nos tornar burros demais. E nunca na História desse país isso foi tão real.
Hoje eles brincam com a gente de Vamos ver quem bate mais fraco? e nós sempre ganhamos nessa brincadeira. Sempre batemos mais fraco que eles. Eles nos olham e dizem: "parabéns, você ganhou! Isso é democracia!". Afinal, sem a poupança dos pobres, o marajá viveria do que? Enquanto para os pobres têm o Fome Zero. Mas só se não quiserem estudar, pois aqui temos o programa Universidade Para Todos os que passarem no vestibular.
Nós temos o poder de escolher as músicas. O que não podemos é ter rádios comunitárias. Somos nós que dizemos qual deles será o representante do povo. O que não podemos é dizer quem não merece ser candidato. Quem disse que não há segurança? Os políticos deitam seguros de que acordarão tão prefeitos, deputados, senadores e afins quanto dormiram. Bom, na verdade eles não dormem. Quem dorme eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo, somos nós!
Autor: Carlos Eduardo Kadu
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