Paradigmas de Leitura sobre funcionamento do Aparelho Psíquico



1.Uma introdução necessária

A teoria da Psicanálise faz uma suposição básica, cuja discussão, hoje se reserva ao pensamento contemporâneo da biologização da mente,mas a justificação da qual reside em seus resultados encontra-se no racionalismo formal da linguagem. Conhecemos duas espécie de estados sobre o que chamamos nossa psique (ou vida mental): em primeiro lugar, seu órgão corporal juntamentecom funcionamento do cérebro (ou sistema nervoso) e; por outro lado, nossos atos de consciência, que são dados imediatos e não podem ser mais explicados por nenhum outro tipo de descrição. Se existir, no máximo permitir-nos-ia uma localização exata dos processos da consciência e memória na neurobiologia e não nos forneceria auxílio no sentido de compreendê-los.

Presume-se que a vida mental é função de um aparelho ao qual atribuímos as características de ser extenso no espaço e de ser constituído por diversas partes, e Freud chegou ao conhecimento deste aparelho psíquico pelo estudo das psicopatologiasindividual dos seres humanos.

A parte maisantiga destas localidades ou áreas de ação psíquica denomina-se de Id. Ele contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento, que está assente na constituição  acima de tudo, portanto, os instintos, que se originam da organização somática e que no Id encontram uma primeira expressão psíquica, sob formas que nos são desconhecidas. A teoria sobre a psicanálise fundada por Freud também reconhece a interação do meio e sob a influência do mundo externo que nos cerca, uma porção do Id sofreu um desenvolvimento especial em relação ao estado de consciência. Do que era originalmente uma camada cortical, equipada com órgãos para receber estímulos e com disposições para agir como um escudo protetor contra estímulos, surgiu uma organização especial que, desde então, atua como intermediária entre o Id e o mundo externo e, esta região de nossa mente recebe o nome de ego; ou seja, a organização do ego é uma em conseqüência da conexão preestabelecida entre a percepção sensorial e a ação muscular. OEgo tem sob seu comando o movimento voluntário ou intencional para assumir a tarefa de auto-preservação. Desempenha essa missão dando-se conta dos estímulos, armazenado experiências positivas ou negativas sobre os acontecimentos externos, evitando o acumulo de excitação mediante a fuga, moderando os estímulos através da adaptação e finalmente produzindo modificações convenienteno mundo externo, em próprio beneficio através da atividade psíquica. Com referência aos acontecimentos internos, o Id desempenha essa missão obtendo controle sobre as exigências dos instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias favoráveis no mundo externo ou suprimindo inteiramente as suas excitações. A elevação dessas tensões é, em geral, sentida como desprazer, e o seu abaixamento, como prazer. O Ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer; um aumento de desprazer esperado e previsto é enfrentado por um sinal de ansiedade e a ocasião de tal aumento, quer ele ameace de fora ou de dentro, é conhecida como um perigo. O período da infância e o meio onde ocorre o crescimento há uma formação do Superego. Na medida em que este Superego se diferencia do Ego ou se lhe opõe, constitui uma terceira força que o Ego tem de levar em conta. Uma ação por parte do Ego é como deve ser se ela satisfaz simultaneamente as exigências do Id, do superego e da realidade externa  o que equivale a dizer: se é capaz de conciliar as suas exigências umas com as outras. Da mesma maneira, o Superego, ao longo do desenvolvimento de um indivíduo, recebe contribuições de sucessores e substitutos posteriores aos pais, tais como professores, na vida pública, de ideais sociais. Observar-se-á que, com toda a sua diferença fundamental, o Id e o Superego possuem algo comum: ambos representam as influências do passado; sendo o Id, a influência da hereditariedade e o Superego, a influência, essencialmente, do que é retirado de outras pessoas, enquanto o Ego é principalmente determinado pela própria experiência do indivíduo, isto é, por eventos acidentais e atuais.

Parece que adivisão do psíquico em o que é conscientee o que é inconsciente constitui a premissa fundamental da psicanálise, e somente pelo inconsciente torna possívelcompreender os processos patológicos da vida mental, que são tão comuns quanto importantes. Para dizê-lo , de modo diferente: a psicanálise não pode situar a essência do psíquico na consciência, mas é obrigada a encarar esta como uma qualidade do psíquico, que pode achar-se presente em acréscimo a outras qualidades ou estar ausente.

 

Será que Freud estava com razão? Os neurocientistas concordam com essa dicotomia  inconsciente x consciente?

Para concordar ou discordar, irá depender do paradigma adotado na explicação e descrição dos fenômenos mentais e, é aqui que entra a neurociência nos fornecendo um modelo epistemológico: o Dawrismo Neural. Como descreve Damásio, que o cérebro como todas as feições de sistemas vivos, é tanto ser como vir-a-ser, e sua estabilidade aparente é uma estabilidade de processo(homeostase), não de arquitetura fixa ou topológica. Desse modo, acredita Damásio(2005) que as sinapses sejam a sede da alma ou atividade mental inconsciente e da consciência. Para Damásio(1999) o inconsciente é uma estado remoto da consciência, porém dinâmico quando ocorre novas categorizações dos mapas neurais e que o cérebro aprende a forjar uma imagem simulada de um estado"emocional" do corpo sem ter de a reconstituir no corpo real(Damásio,2005,p.186), e que diferentes graus de recompensa(prazer) e castigo(dor psíquica) provocam diferentes reações na mente e no corpo.

2.Uma leitura paradigmática do funcionamento do aparelho mental ou psíquico

O paradigma central na teoria freudiana, para a descrição do funcionamento do "Aparelho Psiquico" é a Pulsão (*) - processo dinâmico que consiste numa pressão ou força que faz o organismo tender para um determinado comportamento. Segundo Freud, uma pulsão(Trieb) tem a sua fonte numa excitação corporal; o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional;é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir suas metas (Laplanche e Pontalis - 1995, p.394). Na época em que Freud escreveu o "O Projeto para uma Psicologia Cientifica"(1895), distingue os estímulos provenientes do mundo exterior e interior  como Qn e Q, cada um deles fazendo diferentes exigências ao "aparato psíquico". Para Freud, os estímulos endógenos são os precursores da pulsão. E foi precisamente isso que Freud apontou como a mola pulsional do mecanismo psíquico como os derivados da pulsão. A energia exógena ou Q' (quantidade exógena) entra no aparelho pelo sistema f, e mesmo assim apenas uma pequena quantidade de energia ingressa no mesmo, a qual é filtrada pelas telas protetoras que só deixam passar frações de Qn', através dos órgãos sensoriais (órgãos dos sentidos), que passa pela massa cinzenta da medula espinhal e que tem contato com o mundo externo. Para o "aparato psíquico" essa quantidade de energia é tão grande que há uma descarga de energia quase total das Qn' que penetram nos neurônios. Neste sistema vale o princípio da inércia que tende a se livrar de toda energia circulante. Assim como no sistema f, também o sistema y, a tendência  é a descarga, mas deve existir um mínimo de energia para que o aparelho possa funcionar. Essa energia não pode ultrapassar um determinado limiar pois o prazer e o desprazer está relacionado com a quantidade de energia circulante no aparato. Energia muito acima  de certo limiar é sentida como desprazer e com tendência a descarga, e energia constante é igual a prazer. Neste sistema vale o princípio da constância.

Passamos agorapara a perspectiva neurocientifica, paradescrição do funcionamento do "aparelho cérebro -mente",de modo bastante reduzido,ao modelo de Edelman(sic): o neurocientista elaborou a teoria selecionista da função cerebral- TSGN (Teoria da Seleção de Grupos Neurais)**, baseado em três princípios que dizem respeito a forma como a anatomia de cérebro é desencadeada durante o desenvolvimento e como são selecionados os padrões de respostasao longo da experiência e como "reentrada"(**), num processo de transformação de mensagens entre os mapas cerebrais obtidos ao longo do desenvolvimento do individuo, e dando origem a importantes funções comportamentais. Prossegue Edelman, "De fato , a reentrada é a principal base para a existência de uma ponte entre a fisiologia e a psicologia"(p.130).Para explicar o modo como ocorre a categorização( na teoria freudiana é a pulsão neural), constituida por dois mapas formados por grupos neuraisligados entre si por meio de "reentrada"( Dois mapas de grupos neurais, recém inputs independente(1 e 2) e cada um encontra-se funcionalmente segregados, mas que os dois comunicam-se entre si por intermédio de fibras nervosas que transportam sinais reentrantes de um mapa para outro, constuindo-se em "cartografia global. Esta assegura a constância de um circuito dinâmico de ajustargestos e a postura do organismo à vários tipos de mensagens sensitivas( homeostático). Cada um dos mapas recebe mensagens de outros mapas cerebrais que vieram do mundo exterior, levando à produção de novos tipos de mensagens, que a posteriori podem reentrar em mapas anteriores, juntamente com mensagens do mundo exterior.

Agoraao modelo de Damásio: descreve a teoria da "neurobiologia das emoções" que por sua vez geram sentimentos como comportamentos evolutivos de adaptação do organismo à diversidade do meio. Afirma o autor "que a criação do Self depende de estrutura fisiológica do sentimento e que os mapas cerebrais constituem o substrato básico dos sentimentos que exibem padrões de estado corporal que foram executados sob o comando de outras regiões do cérebro"(2003,p.120).Ou seja, "o cerebro é necessário porque só ele pode produzir mapas neurais do estado do corpo. Mas antes que esses mapas possam ser produzidos , o cérebro necessita construir os estados emocionais do corpo cujo mapeamento permite os sentimentos".(sic) e, fechando a hipótese de Damásio, "aquilo que sentimos se baseia na sua essência, num padrão de atividade de regiões cerebrais somatossentivas"(***). Nesse sentido, continua Damásio "Os sentimentos são tão mentais como qualquer outra percepção, mas os objetos imediatos que lhes servem de conteúdo fazem parte da interação do organismo vivo com o meio, do qual os sentimentos emergem.(sic.p. 98). Fazendo um paralelo entre a cadeia de "emoção-sentimento" de Damásio com a cadeia "pulsão-repressão" de Freud: em que todos os sentimentos são formas de regulação da vida(sentimentos de apetites e desejosa) onde o corpo começa exibir estados de prazer ou desprazer, ou seja o mecanismo de recompensa, quimicamente e neurofisiologicamente entra em alerta. Pertubadoras manifestações(sintomas psicapatologicos) mapeáveis nas regiões cerebrais que se interligam com o somático e com a cognição.Ou seja a meta do apetite(em Freud da pulsão) causa emoções agradáveis com correspondentes sentimentos de prazer e exultação. Quando essa meta não for permissível ou consumável, o sentimento final seria de frustação, raiva ou cólera. Então pergunta Damásio: será possível que a fome e a sede sejam assim tão diferentes do desejo sexual? Prossegue Damásio, "A distinção principal entre esses estados tem a ver com a memória, como a maneira derecordação e o arranjo permanente das nossas experiências pessoais, têm um papel dominante na ocorrência do desejo"(sic p.103). Então, como Freud dizia: o objeto do desejo(pulsão sexual) e suas fontes interagem mutuamente e abundantemente determinando o funcionamento do "aparelho psíquico"(****). Fala Damásio: as experiências passadas de desejo, os nossos prazeres passados(reais ou imaginários) contribuem para que o desejo se projete de modo especialno "aparelho mental" e esclarece que durante a excitação erótica(escópica, auditiva ou tátil) são ativados o córtex do cíngulo como o córtex da ínsula cujas as representações dessas emoções envolvem o córtex orbito-frontal e os núcleos da base do tronco medular.Em resumo,todos os sentimentos contem componentes de dor ou prazer, e dado que as imagens mentais que são denominadas de "emoções" têm origem em mapeamentos do estado do corpo- "os sentimentos estão estreitamente ligados às alterações de atividades das regiões somatossentivas"(sic p.111).

3.O Desenvolvimento Psíquico: da objetividadea subjetividade

O psiquismo humano não se trata de um sistema fechado e concluído, mas ao contrário, de um processo complexo instalando-se ainda nos primórdios da vida, e que de acordo com as teorias neurobiológicas, trata-se de um arquétipo neuronal. Conforme fala o neurocientista Rose(2005,p.43) " É dentro dessa rede de interneuronios que o organismo constrói seus modelos interno do mundo exterior e coordena seus planos de ação sobre esse mundo". O nosso aparelho cerebral demonstra ao mesmo tempo a unidade essencial dos seres humanos e a individualidade essencial de cada um. Pois, a fonte das semelhanças como das diferenças encontra-se nos processos de desenvolvimento desde a concepção ao nascimento. Refletiremos sobre este percurso do nascimento até a idade madura, com seus problemas e possibilidades em torno do conceito de identidade do "eu", que pressupõe as atividades afetivas, cognitivas, sensório-motoras, sociais e culturais, envolvidas na vida de cada individuo, da qual eleva-se uma barreira teórica conflitiva entre a subjetividade e a objetividade do conhecimentodesse aparelho vital  cérebro/mente. Antes de adentrarmos no processo de desenvolvimento do psiquico, sob enfoque objetivo, reportamos a Rose(sic p.76), que para se apreender é que a vida não é uma "coisa"estática, mas um processo, não só durante o desenvolvimento, mas ao longo de todo o período de vida. Todos os organismo vivos estão em um estado de fluxo dinâmico que não só garante a estabilidade de momento a momento  homeostase, como a constante mudança ao longo do tempo - homeodinâmica. Esse processo é de autocriação, e, por tanto o psiquismo está continuamente se construindo, consequentemente remodelando-se as suas dimensões: consciente/inconsciente.

Reportando-nos ao desenvolvimento do "eu"( diferente da organização do Ego), estamos retomando a subjetividade, onde a ontogênese do desenvolvimento do "eu" pode ser examinada sob três aspectos interligados: cognição-linguagem-ação. A subjetividade da natureza interna é delimitada com relação à objetividade de uma natureza externa perceptível em relação à normatividade da sociedade e à intersubjetividade da linguagem ( aqui a linguagem evolui para se ajustar com os mecanismos cerebrais preexistentes, por sua vez o cérebro se desenvolve para acomodar os novos potenciais lingüísticos), Rose,2005,p.127). Para esse entendimento subjetivo da mente, de Hegel e até Freud, Piaget e Erickson, desenvolveu-se a idéia de que sujeito e objeto se constituem reciprocamente e que o sujeito só pode se tornar consciente de si mesmo em relação com, e na construção de um mundo objetivo. Isso significa concordar de que o psiquismo e o mundo*(ambiente do sujeito psíquico)encontram-se e nascem um com o outro, um para o outro. Neste sentido, eles sãoo resultado de um estado de encontro que Aulagnier postula como sendo "coextensivoao estado de existente" (Aulagnier, 1975: 22). Segundo ela, no primeiromomento, o mundo apresenta-se ao psiquismo sob a forma de dois fragmentosparticulares: seu próprio espaço corporal e o espaço psíquico dos que o cercam- geralmente o espaço psíquico materno. "A situação do encontro épermanente e dura por toda a vida". Esse aspecto adquire, para Aulagnier, umaconcepção trágica condensada nas expressões: "condenado a investir","condenado a desejar", "condenado a representar".É a partir dos efeitos resultantes deste duplo encontro com o corpo/mente e comas produções da psique materna que o psiquismo forjará a primeira representaçãode "si mesmo" como atividade representante. Neste momento inaugural a únicaqualidade destes espaços, do qual o processo originário quer e pode serformado, segundo Aulagnier, são o prazer e o desprazer do afeto , presentes no momento desteencontro. Esse maternal encontro se opera, portanto, entre a atividade psíquica e os elementos por ela metabolizáveis e que informam das "qualidades" do objeto causa do afeto. Ou seja, neste momento inaugural, o psiquismo infantil só tem acesso ao campo das intensidades. A característica da psique, assim como a sua primeira tarefa é metabolizar em elementos de auto-informação às excitações de fonte endógena (do sistema nervoso/motor e os estímulos vindos do mundo externo). Neste momento, esta auto-informação concerne à autoapresentação que a psique forja de si mesmo, como capacidade de experienciar o afetoresultante do encontro com o espaço somático e o espaço do mundo (Aulagnier, 1992: 18  grifos da autora).

Agora voltando a objetividade da neurociência, Rose(sic p.75) diz que "O ambiente se impõe desde o momento da concepção e, fatores no útero materno, dependentes da saúde e do contexto da mãe, afetam o desenvolvimento(.....). O feto em desenvolvimento e o ser humano único que ele virá a ser, é sempre 100% produto do seu DNA como 100% produto do ambiente daquele DNA- e isso inclui não apenas o ambiente celular e maternal, mas o ambiente social no qual a mãe grávida está localizada." E, continua Rose(2005) "a aquisição da consciência, linguagem, cultura, tudo acontece nos primeiros anos de ontogenia do cérebro/corpo após o nascimento.É durante esse extenso período que o cérebro humano continua a se desenvolver e amadurecer; os nervos se tornam mielinizados, acelerando assim a comunicação; outros neurônios nascem em regiões-chave do córtex, e se fazem novas conexões sinápticas"(p.130). Assim, a criança portador de recursos de seu genes, de seu ambiente e, a interação social com quem cuida dele, são fundamentais para o seu desenvolvimento bio-psico-social.O desenvolvimento do psiquismo na criança é uma resposta a maturação do sistema neurocerebral. Sabe-se que no nascimento as regiões motoras estão mais desenvolvidas que o córtex temporal e occipital. O bebê de um mês ainda não passa de um organismo subcortical e nem tão pouco psiquico.

5. À guisa de (IN)conclusão:    

Gostaria de defender a idéia de que uma dada realidade(a psiquica) é extraordinariamente complexa, é pluridimensional e que para sua apreensão necessário se faz o movimento circular da objetividade e da subjetividade. O conhecimento sobre a "mente" não seria uma teoria primitiva agora superada pela objetividade das neurociências. Ao contrário, a subjetividade seria uma experiência originária e irredutível e que, portanto, exige a criação de teorias, conceitos e linguagens que possam expressá-la em seu complexo e sutil funcionamento. Do mesmomodo, a pesquisa biológica, e mesmo a idéia de uma causalidade psíquica, não seria menos racional do que a psicológica e que, portanto, apesar da extrema dificuldade inerente à "metodologia transdisciplinar", a própria idéia de um campo psicossomático possui um enorme valor heurístico na preservação de uma concepção aberta e dialógica do conhecimento. E, do mesmo modo na clínica, a escuta dos pacientes e o esforço em compreender a sua realidade psiquica não é uma concessão que se faz a um saber menor ou uma mera interpretação. O conhecimento, tal como a verdade, é uma incessante busca daquilo que existe. Está dependente da nossa compreensão, de conceitose, também da compreensão socialmente aceite quando a compreensão está sempre sujeito a revisão.

Assim, com mera expectativa de esforço de aprender, temos que alargar nossa visão e recolocar a psicanálise numa epistemolgia biologicamente fundamentada (recomenda por Edelman(1992) - uma nova explicação do modo como conhecemos e somos (in)conscientes.

Finalizo o trabalho proposto no Forum de Discussão: Uma Matriz Analítica entre o Aparelho Psiquico e Aparelho Mental( Parte I,II,II e IV), como contribuição ao Grupo de Estudo  Neuropsicanalise. E, como tal , não foge a regra darevisão de pontos de vistas e de ser incluso.

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Autor: Teresinha Carvalho


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