CONHECIMENTO DOS ADOLESCENTES REFERENTE ÀS CONSEQÜÊNCIAS COMPORTAMENTAL DO USO ECESSIVO DE DROGAS.



INTRODUÇÃO

As drogas ilícitas para Batista, Hoffmann e Camaforte (2008) são consideradas substâncias proibidas para produção, comércio e consumo. Tais substâncias podem ser depressivas, estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso central, sendo perceptíveis suas alterações no organismo. Essas drogas ilícitas trazem como conseqüência a violência, além de patologias como arritmia cardíaca, depressão, disforia, perda da memória, problemas no sistema reprodutor e respiratório, câncer, convulsões, desidratação e outras mais.

Pinsky e Bessa (2004), afirmam que a maconha é considerada uma droga que causa dependência quando é usada de forma contínua, podendo afetar a mente e alterar as funções normais do cérebro, levando a interferência em todas as áreas da vida. Já o esctasy é relatado por Batista, Hoffmann e Camaforte (2008) como droga sintética e psicoativa com propriedades estimulantes e alucinógenas, ingerida usualmente na forma de pílula, sem descartar outras formas como inalação, injeção ou supositório. Essa droga pode levar a hipertemia maligna, confusão, depressão, distúrbios do sono, insuficiência dos rins e sistema cardiovascular, além de estar relacionado com a degeneração de neurônios.

No Brasil, as pesquisas sobre comportamentos de saúde entre adolescentes, de certa forma são escassas, concentradas em questões ligadas à gravidez precoce, uso de anticoncepcionais e principalmente ao uso de drogas em eventos isolados. (BALLANI; OLIVEIRA, 2007).

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de drogas é considerado um problema de saúde publica, pois cerca de 10% das populações dos centros urbanos fazem uso das mesmas. Este fato tem implicações sociais, psicológicas, econômicas e políticas, visto estar associado à criminalidade e práticas anti-sociais, acidentes de transito, além de ser considerado responsável por maior parte de todas as mortes no mundo, sendo que cerca de 25% dos casos de AIDS estão ligados diretamente ao uso de drogas injetáveis. (FRELLO et al, 2006).

O uso e/ou abuso de substâncias psicoativas tem sido objeto de intervenção dos profissionais de saúde, necessitando, no entanto, qualificar o aporte técnico-científico, humanitário e social dessa intervenção, consistindo em um espaço de qualificação das práticas de cuidado dos profissionais de saúde, dentre eles, do enfermeiro, de aprendizagem, de superação de conceitos e preconceitos mediados pelas influências culturais, sociológicas e pessoais. Atualmente os modelos terapêuticos mais utilizados para o tratamento de indivíduos dependentes contam com abordagem educacional e integrada, focalizando intervenções específicas de terapia de estimulação motivacional e prevenção de recaídas alem da importância família e da rede social no tratamento do uso abusivo de álcool e outras drogas, evidenciando as percepções sobre o uso e o abuso de substâncias, o engajamento, a adesão e participação no tratamento.

Tendo como objetivo analisar o conhecimento dos adolescentes sobre os efeitos do uso abusivo das drogas, além de identificar os fatores de risco e o autocuidado sobre mudanças comportamentais que essas drogas podem levar e trazer respectivamente.

METODOLOGIA

A pesquisa desenvolvida foi de caráter exploratório e quantitativo, onde aplicou-se um questionário em uma instituição estadual da cidade de Barreiras  BA, afim de analisar o conhecimento dos adolescentes sobre efeitos e conseqüências das drogas referidas para avaliação do nível de informação acerca dessa realidade que é considerada um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo.

A proposta de atuação consistia numa pesquisa educativa em uma escola particular na cidade de Barreiras  BA, contudo, não foi possível ser realizada conforme o propósito requisitado pela pesquisa, sendo assim, houve a necessidade de mudança para uma outra instituição, porém, com o mesmo objetivo. O objeto utilizado para avaliação do conhecimento dos pesquisados foi um questionário semi-estruturado contendo sete perguntas objetivas e duas subjetivas voltadas para alunos do ensino médio, sendo à amostra aleatória, não podendo ser obtido a quantidade de alunos do existentes no ensino médio como foi proposto devido no dia da aplicação do questionário haver um gincana . Para composição da amostra solicitou-se à coordenação da escola para indicação dos alunos, e estes aceitaram participar da pesquisa sendo expostos os objetivos e a magnitude do estudo. O sigilo e o anonimato foram garantidos mediante a apresentação de um termo de Consentimento Livre e Esclarecido, fornecido no ato da entrega do questionário.

DESENVOLVIMENTO

As principais motivações que levam os adolescente a usarem drogas esta relacionada à ilusão do adolescente de que as drogas os libertam quando na verdade os submetem ou escravizam; para escapar do julgamento dos pais ou dos valores burgueses da sociedade consumista onde são alienados e dominados pelos interesses escusos dos traficantes, alem também da influencia dos pais que associam erroneamente o abuso de drogas como desafio à moral familiar e protesto contra hábitos de vida, quando na verdade os estão imitando. (OSÓRIO, 1992).

Segundo Smeltzer; Bare (2004) Cuidar dos membros co-dependentes da família é uma prioridade de enfermagem, pois as maiorias das vezes estes tendem a manifestar padrões não-saudáveis em seus relacionamentos com outros. O que mais acontece com os pais é o desejo incessante de se envolver como adolescente na busca de tirá-lo das drogas, fazendo com que sofram com o familiar usuário.

MACONHA NA ADOLESCÊNCIA

A adolescência é uma época da vida que envolve riscos, medos, amadurecimento e instabilidades. Os adolescentes procuram com os pares (amigos, turma) a dose necessária de aconchego, solidariedade e compreensão, o que faz parte de uma adolescência considerada normal. Nesta etapa, os adolescentes querem ser diferentes dos adultos e, ao mesmo tempo, pertencer a um grupo. Então, é esperado que questionem e duvidem de verdades prontas e rebelem-se, expressando, assim, toda sua energia e criatividade. Mas, esta energia também pode ser canalizada para atividades de risco ou lesivas ao próprio bem-estar. É neste momento que as drogas, lícitas e ilícitas, têm a cruel capacidade de desviar o curso de vida dos jovens, por vezes de maneira irreversível (PINSKY; BESSA, 2004).

Segundo dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas  CEBRID (GALDURÓZ, 1997), a maconha é a droga ilícita mais usada no Brasil entre estudantes do Ensino Médio e Fundamental da rede pública de ensino.

A maconha é considerada uma droga ilícita, capaz de causar dependência através do uso continuado, afetando significativamente a mente, alterando as funções normais do cérebro, interferindo em todas as áreas da vida humana: desempenhos escolares, práticas de esportes, nos relacionamentos em geral e em outras atividades. Existem muitas razões pelas quais os adolescentes consomem maconha, dentre as quais estão a influência dos amigos, da família, dos meios de comunicação, curiosidade, momentos de vulnerabilidade, dentre outros. Os efeitos da maconha são geralmente negativos, causando sensações de ansiedade, paranóia, sede, fome, agitação, sono excessivo, além das constantes falhas de memória, angústias, disfunções sexuais. O dependente de droga, de uma forma geral, tende a negá-la ou minimizá-la, restringindo o hábito ao momento atual da vida. A droga tem muitas vezes, a finalidade de eliminar a ansiedade da espera e a angústia da frustração, substituindo a reflexão pela ação compulsiva. A maconha também pode levar ao consumo de drogas mais agressivas, pois coloca os adolescentes em contato com pessoas que usam e vendem outras drogas. Um bom indício é que a maconha atualmente tem sido enfatizada de forma direta e informativa pelos meios de comunicação e escolas, o que poderia se estender a instituições públicas e privadas para a promoção de programas preventivos, e de tratamento e reabilitação para a população em geral. (JUNGERMAN, 1998).

Segundo Jungiram (1998), o uso de maconha proporciona efeitos prazerosos, como: sensação de relaxamento, cinco sentidos mais aguçados, qualquer coisa torna-se divertida, euforia e aumento de prazer sexual.

Há ainda evidente perturbação da capacidade da pessoa calcular tempo e espaço e um grande prejuízo da atenção. Aumentando-se a dose e /ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psicológicos podem até chegar a alterações mais evidentes, com predominância de delírios e alucinações. O delírio seria uma manifestação mental, na qual a pessoa faz um juízo errado do que vê ou ouve. Neste caso, há mania de perseguição (delírios persecutórios). A mania de perseguição pode levar ao pânico e conseqüentemente a atitudes. Já a alucinação, que é uma percepção sem objeto, pode ter fundo agradável ou terrificante. (LEMOS, 2004).

O uso continuado da maconha pode causar um estado de amotivação, bem como pode levar as pessoas a um estado de dependência, no qual elas passam aorganizar a sua vida em função da facilitação do uso da maconha, onde tudo perde seu sentido e seu valor. O uso pesado de maconha pode levar a problemas cardíacos e pulmonares; contribuir para acidentes de tráfego, deficiências de nutrição, infecções respiratórias e outros problemas orgânicos, além de bloquear a memória e o aprendizado. Pode também, diminuir a motivação, interferir nas tarefas escolares e provocar problemas na família. (LEMOS, 2004).

Raramente são necessárias medicações para o tratamento da intoxicação por maconha. O sintoma que mais comumente torna necessária a intervenção é uma ansiedade grave. Essa ansiedade geralmente pode ser tratada por pequenas quantidades de benzodiazepínicos orais como o lorazepam. Muitas vezes uma ou duas doses são suficientes para controlar a ansiedade. Assim também, na presença de sintomas psicóticos, uma ou duas doses de haloperidol oralmente são relatados em usuários freqüentes de maconha de alta potencia. (SCHATZBERG, 2004).

O uso crônico da maconha pode levar a déficits de aprendizagem e memória, diminuição progressiva da motivação (isto é, apatia e improdutividade, o que caracteriza a "síndrome amotivacional"), piora de distúrbios preexistentes, bronquites e infertilidade (reduz a quantidade de testosterona). No caso de adolescentes, o déficit cognitivo está relacionado a dificuldades na aprendizagem e repetência escolar. (LEMOS, 2004).

De acordo com Lemos (2004) para abordar um adolescente, no contexto da droga, devem-se conhecer os prós e contras do assunto, conhecer as conseqüências e tentar empatizar com tais indivíduos, afastando a idéia de amedrontar o adolescente frente ao problema e ajudando-o a manter-se informado.

Um fator muito importante, no contexto destes jovens consumidores de droga é o diálogo com os pais que, muitas vezes, se fecham para a conversa sobre certos assuntos (sexo, gravidez, drogas, etc), ou acomodam -se sob a aparente condição comportamental do filho e não vêem necessidade de abordar estes assuntos tão dolorosos. Tais fatores só contribuem para a condição de adolescentes rebeldes e problemáticos que trazem, muitas vezes, problemas da infância. É preciso saber, ter, manter, desenvolver e dosar o diálogo com os adolescentes. Além de saber que a droga, no contexto do adolescente de classe média, cria um drama acompanhado de medo, ansiedade e desespero, por parte dos pais, é necessário que seja encarada como um problema corriqueiro capaz de se manifestar em qualquer pessoa. A ignorância paterna, ainda é um triste exemplo que pode piorar este quadro. (CARUSO, 2004).

Segundo Tiba (1998), os pais seriam os responsáveis pelos seus filhos quando eles são menores de 18 anos e quando maiores, caso tenham alguma anormalidade psíquica. Porém independente da idade, quando os filhos ficam doentes, os pais devem ser os primeiros a socorrê-los. No caso das drogas é o mesmo esquema, cabendo aos pais cuidar de seu filho drogado; mesmo se for maior de idade a lei explicita que um adulto assine um termo de responsabilidade pelo tratamento. Portanto de maneira geral, seria importante conhecer a situação e fazer um diagnóstico, qual seria a droga usada, há quanto tempo existe o vício, qual é a freqüência do uso, qual a quantidade, de que maneira é usada, como a droga é comprada, etc. Mas, se os pais não tiverem um suporte necessário para lidar com estas questões, seria recomendável a ajuda de um profissional especializado, como um psicólogo, psiquiatra ou assistente social, para um bom diagnóstico e encaminhamento, para o tratamento progredir.

De acordo com Papalia (1981), quanto aos sinais iniciais de consumo, alguns sinais de desleixo ou mesmo de mudanças repentinas, como faltar às aulas, dormir e comer demais, podem ser indícios de que o uso esporádico de uma droga esteja se tornando freqüente.

Para saber se o adolescente está usando maconha é importante observar tais sintomas como: olhos avermelhados (que a pessoa tenta disfarçar usando colírios); tosses crônicas, irritabilidade; mudanças bruscas de comportamento; reações paranóicas; descontrole do tempo; as variações do humor (a pessoa passa de deprimida à agressiva sem grandes motivos; há a tendência à alienação, (que dá à pessoa um ar de mistério e tédio), problemas de relacionamento e brigas freqüentes com pessoas próximas; interesse em falar sobre drogas ou maconha, às vezes dando ao discurso uma aparência de pura teoria, particularmente defendendo o uso da droga. (SAMJACK, 2002)).

Porém, é importante frisar que qualquer um desses sinais quando isolados, não serve para comprovar que o jovem está usando drogas, portanto, servem apenas para chamar atenção de que o jovem preciso de um olhar mais atento para descobrir o que se passa com ele. (TIBA, 1998).

Tais fatos podem ser explicados por três fatores essenciais: biológicos, psicológicos e sociais, em que deve ser salientado que o que mantém o uso é a história de vida de cada um.

A juventude perdeu a confiança nos pais, nos professores e nos governantes, pois os atos destes não condizem com as palavras. Um filho não pode acreditar num pai, que o condena severamente pelo uso do álcool, da maconha, quando ele próprio se embriaga, dentro de sua própria casa ou nos bares e clubes. É por isso que milhares de adolescentes, hoje, pensam que tudo que os seus pais fazem eles também podem fazer. Vale salientar que, nas condições de vida atual, a influência da família sobre jovens com faixa etária mais avançada está em declínio em favor da escola ou simplesmente da rua. Conforme opiniões de psicólogos e educadores é impossível planificar a educação e a formação mental, moral, emocional e social da criança, se não houver adequado proteção ao menor em idade pré-escolar e escolar nas suas vertentes biológica, educacional e social. (PIMENTEL, 2000).

Pode-se observar que a curiosidade em relação 'a maconha pode estar associada também a um impulso de momento, simplesmente para saber como é" ou para agir como os adultos, bem como pode associar-se aos comentários e usos da droga durante encontros de lazer, proposta pela sociabilidade em tal ambiente, e ainda, associa-se ao fato da maconha ser encarada como algo excitante, proibido, capaz de transformar emoções, consistindo numa espécie de desafio e superação de limites característicos da fase adolescente. (PIMENTEL, 2003).

ECSTASY

O "êxtase" ou 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) (FERIGOLO; MEDEIROS; BARROS, 1998) são anfetaminas de um modo geral, que produzem ligeira dependência psíquica evoluindo rapidamente para dependência física afetando a mente com fortes sinais de compulsão e acentuada tolerância ao produto, tornando-se a droga da moda (BATISTA 2007).

O ecstasy é uma droga perturbadora do SNC, denominada psicodélica ou alucinógena, provoca o surgimento de diversos fenômenos psíquicos anormais caracterizados por desordens sensoperceptivas, incluindo alucinações e delírios (SAWICKI, 2006).

Ferigolo, Medeiros e Barros (1998), diz que as psicopatologias associadas com o uso da MDMA podem ser agudas (até 24 horas após a ingestão), subagudas (de 24 horas até 1mês) e crônicas (após 1 mês de uso).As complicações agudas mais freqüentes são: flashbacks, ataques de pânico, subtonteiras, irritabilidade, co-depressão e distúrbios da memória.

De acordo com o Ministério da saúde o ecstasy apresenta efeitos semelhantes aos estimuladores do SNC assim como perturbadores, sendo os mais destacados a sensação de melhora nas relações entre pessoas, o desejo de se comunicar e o aumento da percepção das cores. O êxtase pode causar diminuição do apetite, dilatação das pupilas, taquicardia, hipertermia, rangido de dentes, aumento da secreção de hormônio antidiurético e ainda efeitos residuais que perturbam dias após o uso da droga, levando há episódios de depressão, insônia e fadiga nos dias seguintes ao uso (BRASIL, 2007).

Batista (2007) acrescenta que os sintomas do ecstasy puro ou misturado lembram à psicose, razão pela quais muitos usuários são classificados erroneamente de doentes mentais, esquizofrênicos ou paranóides.

Silber e Souza (1998) dizem que a incoerência de atitudes paternas, experiências de rejeição repetidas, negação da individualidade, negação de amor e afeição, confusão sobre valores da vida, permissividade, mimos ou satisfação de desejos, ser ridicularizado são também fatores desencadeantes para o consumo de drogas.

Além disso, as habilidades de resolução de problema e a resistência emocional a estressores típicos se tornam imprevisíveis em resultado do prejuízo neurológico (DATTILIO; FREEMAM, 2004).

Em relação aos efeitos deletérios biopsicossociais do êxtase, os enfermeiros exercem um importante papel com veículo de conscientização, atuando como multiplicadores das ações de prevenção nos postos de trabalho, em razão de seu papel integrador na equipe de saúde:

Temos o dever de falar e aconselhar rotineiramente nossos pacientes e a população, conscientizando a respeito dos malefícios decorrentes do uso e abuso de drogas, pois o contato prolongado dom eles facilita tal abordagem (BRETAS; GAMBA, 2006, P.279).

Sendo assim o uso abusivo das drogas é considerado um problema de saúde publica no Brasil, ocasiona intercorrências indesejáveis como crises familiares, atos violentos, internações hospitalares, contribuindo dessa forma para a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS), e que requer atenção sistematizada. (BALLAN; OLIVEIRA, 2007).

Pode-se observar que o risco ao uso das drogas é maior em indivíduos que estão insatisfeitos com a sua qualidade de vida, que apresentam saúde deficiente, não detêm informações minimamente adequadas sobre a questão da drogas, tem fácil acesso às substancias e integração comunitária deficiente (BALLAN; OLIVEIRA, 2007).

Salienta-se então a importância da intervenção dos profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro necessitando, da sua qualificação no aporte técnico-científico, humanitário e social dessa intervenção, consistindo em um espaço de qualificação das suas práticas de além da superação de preconceitos por partes dos mesmos.

Dessa forma a partir do momento que se consegue saber o nível de conhecimento dos adolescentes sobre os efeitos que as drogas podem causar no comportamento dos mesmos se torna mais fácil identificar os fatores de risco que podem levar o adolescente a ser usuário de drogas; e assim poder traçar formas de melhorar a qualidade de vida desses jovens e bem como traçar metas de forma conjunta para o enfrentamento dessa realidade.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa realizada teve como meta analisar o conhecimento dos adolescentes sobre os efeitos do uso abusivo de drogas, além de identificar os fatores de risco e o autocuidado sobre mudanças comportamentais que essas drogas podem levar e trazer respectivamente.

O primeiro ponto questionado foi à cerca da idade, cujos dados obtidos indicaram que 13 adolescentes entrevistados tiveram entre 14 a 18 anos, sendo que 05 foram de 16 anos, 04 de 14 anos, 02 de 18 anos, 01 de 17 anos e 01 de 15 anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A adolescência é uma época de vida que envolve riscos, medos, amadurecimento e instabilidade. No período de 14 e 16 anos de idade, é dado a faixa etária de risco e maior índice em relação ao início do consumo dessas drogas, enfocando assim, a importância da adolescência no envolvimento com essas substancias. (PINSKY; BESSA, 2004)

 

A segunda pergunta está relacionada ao sexo dos adolescentes pesquisados, onde dos 13 entrevistados, o sexo masculino predominou com 07 indivíduos e 06 do sexo feminino.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A questão seguinte corresponde às opiniões que levam os adolescentes a usar drogas, sendo que a predominância foi a influência de grupos com 08 opiniões de adolescentes, as outras opções foram a perturbação emocional com 02 opiniões, os conflitos familiares com 01 opinião e a curiosidade com 04.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os adolescentes procuram com os pares (amigos, turma) a dose necessária de aconchego, solidariedade e compreensão, o que faz parte de uma adolescência considerada normal. Nesta etapa, os adolescentes querem ser diferentes dos adultos e, ao mesmo tempo, pertencer a um grupo. (PINSKY; BESSA, 2004)

 

O item seguinte está relacionado com os adolescentes conhecerem pessoas que usam ou já usaram drogas, enfocando as drogas em estudo  maconha e ecstasy. Dos 13 entrevistados, 07 responderam que sim e 06 que não.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sabe-se que o exagerado número de usuários de drogas é conhecido por toda a população brasileira, é o tema mais discutido em reuniões, palestras e aulas entre os jovens. A maioria dos adolescentes já pelo menos ouviu falar em pessoas que usuram ou usam drogas, ou até conhecem. Muitas vezes até pessoas muito próximas, como membros de suas famílias, isso pode ser um fator contribuinte ou não para o desenvolvimento dos adolescentes a usar drogas. (BEZERRA, 2006)

 

A próxima questão foi sobre o conhecimento das conseqüências que estas drogas  citadas acima podem influenciar no comportamento do adolescente. Dos 13 entrevistados, 12 responderam que conheciam os efeitos no comportamento, enquanto 01 respondeu que não.

 

 

 

 

 

 

 

 

A maconha é considerada uma droga ilícita, capaz de causar dependência através do uso continuado, afetando significativamente o SNC, alterando as funções normais do cérebro, interferindo em todas as áreas da vida humana: desempenhos escolares, práticas de esportes, nos relacionamentos em geral e em outras atividades. (JUNGERMAN, 1998)

 

O ecstasy é uma droga pertubadora do SNC, denominada psicoativa ou alucinógena, provoca o surgimento de diversos fenômenos psíquicos anormais caracterizados por desordens sensoperceptivas, incluindo alucinações e delírios. (SAWICKI, 2006)

 

A questão seguinte foi no intuito de analisar se os adolescentes já presenciaram alguém usando drogas como ecstasy e/ou maconha, dos 13 entrevistados, 05 responderam que sim e 08 que não.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O fato de presenciar alguém usando drogas pode influenciar os adolescentes a usarem drogas, causando assim curiosidade e certamente vontade de usar também. (BEZERRA, 2006)

 

O próximo item está relacionado com as opiniões dos adolescentes diante do conhecimento sobre as reações comportamentais apresentadas pelo uso das drogas, onde a maioria respondeu que ficam violentos, perturbados, inconscientes, estressados e alucinados. Exemplo do pesquisado n° 01: Fica violento, perturbado, e sem noção do que está fazendo.

Isso significa, que o uso de maconha segundo Jurgivam (19998) proporciona efeitos prazerosos como: euforia, sensação de relaxamento, cinco sentidos mais aguçados, aumento do prazer sexual. Já os efeitos que causam desprazer são: ansiedade, pânico, paranóia, diminuição das habilidades mentais  especialmente da atenção e memória-diminuição da memória da capacidade motora, aumento do risco de ocorrerem sintomas psicóticos.

 

Em relação aos locais mais freqüentes de uso de drogas entre: Rave ,Boates, Bares, Shows, Escola e Faculdade , 09 entrevistados indicaram a festa rave e 04 deles optaram por bares, como local de maior facilidade para drogas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quanto à abordagem dos pais ao descobrirem que os filhos são usuários, 09 deles citaram que casa de recuperação é a melhor saída para tratamento, como ilustrado nas falas: Pedir ajuda a uma pessoa que tem conhecimento ou internação o mais adequado.; Levar em casa de recuperação. Já 04 deles, falaram que a melhor escolha é o apoio dos pais e aconselhamento: Os pais, por mais que seja difícil conviver com esta situação, deve dar o maior apoio para que o filho saia das drogas, ou seja, apoiar ele no que for preciso.

 

A festa rave trata-se de um evento que geralmente dura em torno de 24 a 48 horas. É uma festa com muita música, muita gente e que exige muita energia das pessoas. O uso de drogas nas raives é muito grande, visível e constante. O fato disso tudo é por conta da duração de tempo da festa, por a festa não impor limites de nada, o tipo de música, e o aglomerado de personalidade e idade. (BEZERRA, 2006)

 

Estes dados confirmam o que Caruso (2002) diz que é de suma importância um maior esclarecimento acerca do assunto, além de uma maior conscientização dos pais em como saber abordar a situação sem causar maiores danos, e de uma informação massificada e esclarecida, por meio de campanhas e diálogos abertos e fundamentais em todos os contextos onde vivem e participam estes adolescentes, bem como os adolescentes em geral.

 

CONCLUSÃO

 

A partir das respostas obtidas das entrevistas, pode-se alcançar os objetivos desejados de analisar o conhecimento dos adolescentes sobre os efeitos do uso abusivo das drogas e os fatores de risco que levam ao uso das mesmas. Percebeu-se que todos apresentam uma visão ampliada sobre o conhecimento e conseqüências que a maconha e o ecstasy trazem ao comportamento do adolescente, apesar de que parte das respostas na hora da analise dos dados estarem iguais, percebendo que algumas pessoas responderam em grupo.

 

Dessa forma, observa-se que os jovens das escolas públicas que muitas vezes são esteriotipadas pela sociedade com uma educação deficiente mostram-se, no entanto, dentro de uma perspectiva de uma educação ampliada. Sendo assim, nesse momento se consegue saber o nível de conhecimento dos adolescentes sobre os efeitos que as drogas podem causar no comportamento dos mesmos.

 

Salienta-se então a importância da atenção dos profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro necessitado, de sua qualificação no aporte técnico-científico, humanitário e social dessa intervenção, consistido em um espaço de qualificação das suas práticas de além da superação de preconceitos por parte dos mesmos, não se baseando apenas em ação educativa mas realizar intervenções especificas para prevenção de recaídas, motivações entre outros.

 

REFERENCIAS

 

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Autor: Álvaro Rocha


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