Big Brother... A Cara do Brasil ? Será?



Big Brother... A Cara do Brasil  Será?

Rejane Guimarães

 

Olá Brasileiros e Brasileiras... 

Eu como muitos de vocês talvez não gostemos muito deste programa Big Brother o famoso BBB que já estar no ar sendo exibido há 10 anos no horário nobre da TV Brasileira. Mas, gostando ou não, vez enquanto damos uma olhadinha. Eu por exemplo olho uma vez ou outra, pois o que mais me impressiona é a audiência e o interesse destes tipos de programas na TV. Mas por que tem tanta audiência? E o que se passa nos bastidores? Ás vezes será que tem haver com as pessoas? Com a realidade? E como reagem as pessoas? Afinal de contas, aonde se vai hoje tem alguém, ou alguns grupos falando dos participantes do programa.

Por que será que o brasileiro se identifica tanto com os personagens deste programa? Em muitos paises que exibiam este programa, a fórmula se esgotou e pararam de apresentar. Tenho curiosidade sim, e você?

Diariamente, julgamos as pessoas. Rejeitamos algumas e aceitamos outras. Condenamos uns e absolvemos outros. Vigiar ou acompanhar a vida alheia é uma característica inerente à maioria dos homens e mulheres. Por quê? Muitas vezes, nosso olhar, nossa língua, nossos desejos, nossas atitudes revelam a verdadeira vontade que temos de ser Deus.

Será que o programa BBB apresentado pela Rede Globo de Televisão apresenta um diagnóstico da personalidade do povo brasileiro? O cara-de-pau, o cafajeste, o mentiroso, o incrédulo, o infiel... O bonitinho, o simpático, o sincero, o racional, o justo, o coitadinho pobrezinho, de família humilde... Estes sim merecedores da premiação! Àqueles, o paredão. A esses, a glória dos vencedores. Em outras palavras, aos primeiros, o inferno, a condenação. Aos segundos, a liberdade, a salvação.

E o prêmio? Uma bolada em dinheiro! Dessa vez um milhão e meio! Mas só leva àquele que julgamos merecedor, claro. Pois é, "Deus" se adaptou ao mundo moderno e agora condena as pessoas ao vivo e pelo telefone. E mais: oferece milhões ao seu 'filho preferido'. O programa global ainda revela outras faces de nossa personalidade: criamos ídolos a todo instante. Quem são os participantes do programa? Ah, são heróis, dignos de serem respeitados. Alguns até venerados: "nossa, ele é um deus" ou "eu me identifico muito com ela". Não é à toa que as imagens dos participantes são vendidas a milhares de fãs em apenas alguns dias. Se não compramos, incorporamos sua conduta, seu jeito de ser.

Assistir a tais programas de televisão ou dedicar algumas horas jogando games no computador requer um cuidado especial. Uma sabedoria considerável. Do jogo da fantasia ao jogo da vida real, somos preparados para fazer o mesmo com: nossos amigos, nossos pais, nossos irmãos. Somos preparados para criar certos padrões de vivência. Preparados para selecionar nossas amizades. Preparados para impor o mais rígido padrão da intolerância e do preconceito. "O João não serve pra mim" ou "A Maria não passa de uma babaca ignorante" e até "O que há de útil na vida do José? Ele não serve pra nada!" A prepotência e a arrogância são conseqüências naturais desses desejos tão perversos quanto cruéis. Ah, se o mundo fosse como gostaríamos...

É incrível como o jogo social/estético é cíclico. Tudo retorna tudo volta, e tem-se a notável impressão de que nunca se discutiu senão e sempre a mesma coisa.

Há ainda muito a se dizer e estudar sobre esses "espetáculos de realidade". Mas uma certeza nos atinge como um raio: trata-se de exemplares de audiovisual  inovadores, instigantes, fenômenos coletivos e de comportamento  que atraem milhares de pessoas. Por que será? Reflitam: Alguém poderia ficar indignado com a Rede Globo e a operadora de telefonia ao saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham mal e trabalham o ano inteiro, ajudam a pagar o prêmio do vencedor e, claro, as contas dessas empresas.

Mas o "x" da questão, não é esse. É saber que se paga para obter um entretenimento vazio, que em nada colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta; mostra só a ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico dos participantes e, conseqüentemente, daqueles que só bebem nessa fonte. Certa está a Rede Globo. O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o sábio público tem ainda várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com as votações. Aliás, algo muito natural para quem gasta mais de oito milhões numa só noite! Coisa de país rico como o nosso, claro. Nem a Unicef, quando faz o programa Criança Esperança com um forte cunho social, arrecada tanto dinheiro.

Vai ver deveriam bolar um "BBB Unicef". Mas tenho dúvidas se daria audiência. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão (ou uma bobona) qualquer, mas não lembra em quem votou na última eleição. Que vota numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que gasta seu escasso salário num programa que acredita de extrema utilidade para o seu desenvolvimento pessoal e, que não perde um capítulo sequer do BBB para estar bem informado na hora de PAGAR pelo seu voto.

Que eleitor é esse? Depois não adianta dizer que político é ladrão, corrupto, safado etc. Quem os colocou lá? Claro, o mesmo eleitor do BBB. Aí, agüente a vitória de um não-sei-das-quantas para Presidente, Senador e Deputados Federais e Estaduais. Mas o contribuinte não deve ligar mesmo, ele tem condições financeiras de juntar R$ 8 milhões em uma única noite para se divertir (?!?!), ao invés de comprar um livro de literatura, filosofia ou de qualquer assunto relevante para melhorar a articulação e a autocrítica...

Chega de buscar explicações sociais, coloniais, educacionais. Chega de culpar a elite, os políticos, o Congresso. Olhemos para o nosso próprio umbigo, ou o do Brasil. Chega de procurar desculpas quando a resposta está em nós mesmos.

A Rede Globo sabe muito bem disso, os autores das músicas Egüinha Pocotó, O Bonde do Tigrão e assemelhadas sabem muito bem disso; A Fazenda, o Gugu e o Faustão também.

Big Brother... A Cara do Brasil  Será?


Autor: Rejane Guimarães


Artigos Relacionados


Ja Ta Na Hora

A Elite

Duas Ou Três

Poesia

Lamentável Desigualdade

Anjo Mau

Resgate Da Cultura