Aos Discípulos de Nietzsche



Se você veio até aqui, pelos mesmos caminhos que passei, Certamente você viu... As cruzes e as encruzilhadas onde morri um pouco a cada dia. Certamente você viu... Onde caminhei altivo, onde me arrastei feito Um soldado ferido sangrando. Certamente você viu... A árvore, a sombra onde parei para descansar. Certamente você viu... Formarem no céu, nuvens baixas e negras, Prenunciando á tempestade, e relâmpagos De descobrimentos clarearem a face oculta de tua mente. Certamente você ouviu... No deserto, o ruivo de cães famintos E de corvos insaciáveis de carniça humana. Certamente você viu... As ruínas do templo, os desertos de sal E a solidão tempestuosa dos mares. Certamente você passou Pela noite de seduções de demônios fornicários. Certamente você viu... As asas do cavalo dragão, a visão do paraíso E os símbolos oníricos. Certamente você viu... Humanos largados aos vermes Ossadas largadas á terra e as pegadas do mestre. Certamente você perdeu e encontrou, E voltou a perder os companheiros, á caminho. Certamente você viu... Que a vida e a matéria são miragem, E que o espectral é sólido. Certamente você viu o horizonte rasgado, E para alem do explicável o angustiante caminho sem fim. Certamente você viu A oxidação da matéria, aqui dentro da eternidade. Certamente você me vê A caminho sangrando.

Jonas Corrêa Martins

J.Nunez

04/04/06

 


Autor: José Nunez


Artigos Relacionados


Eu Ouço O "tac-tic"

Agonia Do Poeta

Se Mate

Felicidade Ao Alcance De Todos

VocÊ É...

Nós

Sou Mulher