Meninos de Areia



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Apenas uma palavra, uma densa e leve palavra. Uma palavra doce e amarga. E ela penetrou-me o seio como um punhal. Porque não sou o que chamam de ser humano. Não nasci, surgi abruptamente, como um fator ímpar de luz.

Sou como um menino de areia, vou-me com o vento. E não me pergunte como, porque assim sorrio, um sorriso enigmático que o fará cogitar que tão sumo fator me fez de demasiado poder a deduzir o fim aos planos de todos os seres. E pela última vez sorrio, um sorriso breve, porém rumoroso. E este derradeiro sorriso é o momento último da nossa feliz história.

E ela se foi, tal como um menino de areia. E eu chorei, e eu irriguei as flores de lágrimas... Como um final feliz de tão melancólico. Não obstante, ao fim eu sorri, o meu escárnio erudito. Tomei-me de um cetro e fui caminhando rumo à estratosfera coruscante.

Nada mais me consola. Sou distinto de todos os meus, não por que sorrio. Tenho a chave que finda este mistério; todavia não posso usá-la. Desde há muito propendo aos céus sem mais prantear, sem estímulos, pois meu cetro me comove, me convida a seguir sem cessar. E eu o vejo ao longe, a abraçar com uma força veemente os céus. Uma nuvem obscura surge e me leva consigo.

 Onde estão tais meninos de areia?  indagam os céus.

Eu prometo não restituir aos meus ideais, por isso não respondo, ainda com os órgãos fitados no ato.

 Nada passará ao meu poder, porque sou o senhor dos céus, o messias da escuridão.

E eu sorrio. É como um gemido seco e ininterrupto. A voz me convida a fazê-lo repentinamente. Neste ínterim, eu sou a chave que abre o Enigma dos céus.

A nuvem se descarrega sobre mim. A minha troça é a minha aliada.

 Os meninos de areia se foram ao meu comando  eu digo quase aos sussurros. Tartamudeio:  Eis-me o senhor do bem e do mal. Fecho o Enigma como um turbilhão.  

Cerra-se por sobre e o cetro me guia para uma tormenta. Descarrego-me de todo, e não aguardo qualquer incitação.

Exponho-me sobre palavras poderosas, que induzem a vida e a morte. Os meninos de areia se vão com o vento, e eu sorrio; entretanto, esse riso se forma intrínseco, porque a minha alma está vazia. 

Peregrino por além da escuridão, procurando a minha vida, cerrada antanho por forças sombrias. Encontro uma luz ao fundo, enfim. E declaro:

 À minha ordem, voltem a terra.

Os meninos de areia partem como uma tempestade a dilacerar toda a vida na terra. E eles se vão como o vento. Despeço-me de todo, e toda a vida humana se vai, desaparece em meio à penumbra.

Mais uma vez sorrio, emudecido pelo furor dos céus, que desabam sobre mim, rumo ao crepúsculo, embebendo-nos.

E os meninos de areia se foram para sempre, porque dos céus veio o mal e do céu se originou a vida.

Fui-me como o vento.


Autor: Ronyvaldo Barros Dos Santos


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