SOZINHO NA MULTIDÃO: INFLUÊNCIAS DA DEPRESSÃO NA ESCOLA



Camile Bueno

Psicopedagoga Empresarial e Institucional pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo, UNASP-EC.

Graduada em Letras - Inglês/ Português pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo, UNASP-EC.

Meus olhos grandes de medo

Revelam a solução, a solução

Meu coração tem segredos

Que movem a solidão, a solidão

Me sinto tão estranho aqui

Diferente de você, irmão

A sua forma e distorção

Não pareço com ninguém, sei lá

(Detonautas Rock Club, O Dia que não terminou, Composição Tico S. Cruz)

Resumo: Esse artigo apresenta como ênfase estudar o comportamento do adolescente depressivo. Mostrará o comportamento do adolescente que não apresenta nenhum problema de ordem cognitiva e no entanto, possue dificuldades de aprendizado. As observações sugeridas mostrarão a perspectiva psicopedagógica, enfocando a tríade família, escola e sociedade e suas influências sobre o mesmo. Identifica patologias, tendencias depressivas e suas causas, resaltando a  importância da intervenção psicopedagógica que permite envolver família e escola num processo preventivo e minimização/cura para possíveis dificuldades de aprendizagem.

Palavras- chave: psicopedagogia, escola, família, depressão, adolescência.

Abstract: This article has an emphasis on studying the behavior of adolescent depression. It will show o adolescent behavior who doesn't present any disfuction of cognitive nature and, however, they have learning difficulties. The comments suggested show the pedagogic perspective, focusing on the triad of family, school and society and their influences on the same. It identifies disorders, depressive tendencies and its causes, stressing the importance the psychopedagogical intervention which allows to involve family and school into a preventive process and minimization/cure to possible learning difficulties within school context with the purpose to improve children learning process.

Key words: psychopedagogy, school, family ,  depression ,adolescence.

Introdução:

Ao analisar o comportamento dos adolescentes, notamos algumas características marcantes nesta faixa etária, como a rebeldia, ciclo de amizades, puberdade e personalidade forte. Atributos bastante apreciados por muitos adolescentes, pelo fato de acreditarem em si e não aceitarem a opinião alheia, gerando assim o conflito entre pais e adolescentes, pois suas ideologias e maneira de ser entram em divergência.

Tal problemática é gerada, pois, nessa fase tanto os adultos, quanto os jovens sentem-se impotentes ao lidar com esse comportamento e acabam por complicar a fase que já é por natureza complexa.

No relacionamento entre pais x adolescente nota-se a falta de interação entre ambos, o que pode gerar inúmeras patologias, entre elas a conduta depressiva. Ressalto a depressão juvenil, por que é uma das grandes patologias que está inserida no contexto social do século XXI. Os adolescentes com esses sintomas precisam de apoio emocional, por que muitas vezes transmitem segurança mascaradamente, mas na verdade possuem uma enorme dificuldade nesse aspecto.

A boa notícia é que ninguém está sozinho na multidão. Psicopedagogos, especialistas, pais, professores, e amigos que podem ajudar. Devido a isso, observamos que enfrentar essa situação com amparo de psicopedagogos e especialistas traz muitos resultados satisfatórios.

A preocupação sob o relacionamento entre pais e filhos é muito antiga, pois na Bíblia é citado: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele". (Livro da Bíblia, Provérbios, 22:6). O mais moço será beneficiado pela sabedoria e experiência de vida do mais velho, e este pela visão inovadora e diferenciada do jovem contemporâneo. Em conjunto é mais fácil encontrar a solução para os problemas, pois com as ações de ambos nesse processo haverá uma troca de saberes e também conhecimento dos anseios de um para com o outro.

Ao verificar a importância dos pais e especialistas em conhecer maiores detalhes sobre a adolescência e seus conflitos, seu elo com o processo de ensino

aprendizagem, abordaremos como o psicopedagogo e os professores podem buscar novas metodologias de ensino e orientar aos profissionais da educação na inclusão do adolescente depressivo no grupo e no processo de aprendizado.

Adolescência

Rebeldia, conflitos pessoais e extravagância são sintomas comuns na juventude (dos14 aos 18 anos, aproximadamente). Conceituada por muitos como a melhor fase da vida, a adolescência é sinônimo de energia e beleza corporal.

O corpo do adolescente acaba recebendo maior evidencia por se tratar de sua grande transformação. É visível os sinais de amadurecimento progressivo como a vida sexual, formato corporal, psíquico e pessoal.

De Acordo com Schoenfeld, Duchê E Tomkiewics (1984) existem três estágios da transformação no período da adolescência:

Tabela 1- Estágios da adolescência

PRÉ-ADOLESCENCIA: início com os primeiros sinais de amadurecimento sexual e termina com o aparecimento dos pêlos púbicos;

ADOLESCENCIA PROPRIAMENTE DITA: termina com o aparecimento dos pêlos completamente desenvolvidos;

PÓS-ADOLESCENCIA: Caracterizada pela parada gradual do crescimento, amadurecimento dos caracteres sexuais primários (órgãos genitais e anexos), secundários (voz, pêlos, forma do corpo, etc.) e a fertilidade.

Fonte: MIELNIK, 1984, p. 14.

Por conseqüência dessas transformações os adolescentes apresentam hábitos inconstantes e frenéticos. Esse comportamento pesa sobre o julgamento precipitado a respeito dos jovens, quando na maioria dos casos se trata de um momento passageiro.

Na transição de estágio infantil e adulto, o adolescente enfrenta muitos conflitos e inquietações. Situações importantes e difíceis para os jovens. Qualquer situação constrangedora poderá deixar marcas futuras na conduta do mesmo.

Durante esta fase que a insegurança e os complexos de inferioridade atingem um constante ápice, no meio das maiores pressões sociais já experimentadas. O valor do adolescente como ser humano depende precariamente da aceitação de seu grupo de colegas e amigos, o que pode ser difícil de absorver.

(DOBSON, 1998, p. 27)

O homem como ser sociável depende do semelhante para moldar a sua concepção, e assim é na adolescência quando nos espelhamos em alguém que nos remete consolo e admiração.

As amizades nessa fase são como a segunda família, pois ajudam a definir as escolhas, gostos e demais fatores. Se acaso, não for bem estabelecido esse elo social certamente o indivíduo terá dificuldades em relacionamentos futuros.

Podemos citar o bullyingcomo exemplo de atitude na adolescência que trará conseqüências negativas no futuro, termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica por algum colega mais forte físicamente ou sobre influência psíquica sobre outro. Para maior compreensão, observe a descrição das condutas de um adolescente.

Um caso extremo de bullying no pátio da escola foi o de um aluno do oitavo ano chamado Curtis Taylor, numa escola secundária em Iowa, Estados Unidos, que foi vítima de bullying contínuo por três anos, o que incluía alcunhas jocosas, ser espancado num vestiário, ter a camisa suja com leite achocolatado e os pertences vandalizados. Tudo isso acabou por o levar ao suicídio em 21 de Março de 1993. Alguns especialistas em "bullies" denominaram essa reação extrema de "bullycídio".[1]

Agressões no cotidiano escolar são constantes, e o professor deve ajudar o aluno no que for necessário para intervir no comportamento brutal que existe entre uns com os outros.

O importante é que o jovem se sinta confiante no seu crescimento pessoal para que possa desenvolvê-lo de forma adequada. Ter uma perspectiva motivacionada ajuda no desempenho escolar e social.

O elemento mais fundamental no ensino da moralidade pode ser encontrado por meio de um relacionamento saudável entre pais e filhos durante os primeiros anos de vida das crianças. A esperança óbvia é que o adolescente respeite e aprecie seus pais o bastante para acreditar no que eles dizem e aceitar o que recomendam. (DOBSON, 1998, p.20)

Pais exercem muita influencia sobre o adolescente. Uma família ou instituição de ensino que não estimula os filhos para o crescimento, certamente habilitará o adolescente o adolescente para o comodismo e desmotivação na vida.

Contexto Escolar: Me deixa que hoje to de bobeira

"Me deixa que to de bobeira" é um fragmento da música "Me Deixa" da banda de rock nacional denominada, O Rappa. A composição remete a necessidade de privacidade e cotidiano de um jovem brasileiro.

A seleção desse subtítulo foi objetivada por dois motivos: análise do comportamento de apatia e/ou desmotivação dos alunos na sala de aula, e também, para simbolizar o que muitas vezes os jovens querem: Privacidade.

Quando um adolescente ingressa em uma instituição de ensino, ele busca aprender e aperfeiçoar seus conhecimentos. Alguns deles apresentam dificuldades de afinidade no âmbito escolar e por conseqüência muitas vezes desenvolvem patologias. Jovens estigmatizados por serem calados, abnegativos e depressivos. Como uma das possíveis conseqüências acadêmicas o estudante é reprovado por uma simples falta de atenção na prova, ou no conteúdo que o professor passa e revisa em sala de aula.

O aluno não é o único culpado por sua própria reprovação. Os problemas de aprendizagem podem ser mais profundos do que uma nota baixa no boletim. Em algumas situações os principais indícios geradores dessa problemática estão no lar, como a falta de incentivo, diálogo, e indiferença dos adultos geram sensação de abandono emocional.

Outros momentos que acarretam esse problema originam-se na sala de aula com o professor que não interage despertando o aprendiz, ou seja, não é um educador motivador em suas aulas.

É comum um professor ter dificuldade com o comportamento de apatia. O aluno acaba sendo mal interpretado por muitos ao acharem que possuí algum problema de aprendizagem, quando na verdade simplesmente não se identifica com a matéria e/ou metodologia do professor.

Alguns jovens não possuem ânimo nas aulas e muito menos vontade de ir para escola. Despejados dentro da sala de aula muitas vezes se sentem inseguros e por conseqüência acabam não aprendendo, ou, adquirindo o conhecimento de curta duração.

Existem situações em que o adolescente precisa ficar quieto, sozinho para estabelecer sua autoconfiança. É parte do crescimento do adolescente essa atitude apática por se tratar de uma fase de autoconhecimento.

Para Simka (2006), antes de julgar o estudante como desmotivado, o professor precisa estar automotivado. Caso contrário, o aluno continuará sem concentração/motivação e dormindo em sala de aula, enquanto o professor aborda o conteúdo desmotivadamente.

Por exemplo, uma hipótese para explicar a desmotivação dos alunos numa aula de língua estrangeira, onde são desenvolvidas as quatro habilidades lingüísticas, poderia ser esta: "O professor faz uso demasiado de instrumentos didáticos convencionais para o ensino da língua estrangeira, como giz e quadro-negro". (p.187)

O processo da transformação de um obstáculo em um degrau exige que o corpo escolar adote novas medidas necessárias para desenvolver uma nova visão de ensino. Para todos esses sujeitos, reconhecer o fracasso não é uma tarefa fácil, é necessário o psicopedagogo para agir de forma mediadora.

Bílis Negra: Gênese da depressão humana

Ainda que não detectada com tanta nitidez como hoje, essa doença já estava presente na humanidade. Na explicação clássica da escola grega, a depressão era nomeada por Hipócrates como a Bílis Negra, que entendia a depressão como um excesso de humor ou bílis negra.

Estudiosos acreditavam que essa mudança comportamental era causada pela influência de Saturno. Esse por sua vez, elevava o índice de secreção da bílis negra, tornando o humor escuro. Tempos depois, Aureliano associou à agressividade, depressão e o suicídio.

Compreender esse contexto de historicidade é interessante, pois o avanço dessa patologia se dá pelas circunstâncias que a humanidade enfrenta. O homem como um ser social é peça que tanto exerce, quanto impõe influência sobre o ambiente que está inserido.

O período modernista, que retrata um modelo onde podemos observar as dimensões que o contexto exerce, o homem é classificado como um ser robótico se destaca como um dos maiores índices de depressão social. Nessa ocasião, as máquinas estavam em processo introdutório no mercado de trabalho e assim traziam benefícios como aceleramento de produtividade, padronização e baixo investimento de lucros.

Tantos benefícios idealizados trouxeram acréscimos de ocupações, pois o mercado de trabalho queria agilidade semelhante a uma operação de máquinas manufatureiras. Um alto índice de depressão econômica avassalou o mundo e o pobre industriário foi o mais afetado.

Transtorno de humor: Depressão

Conhecida a doença do século XXI, essa patologia está muito presente no nosso contexto do que imaginamos. Alarmantemente, a incidência de casos de transtorno de humor é crescente.

Apesar de ser uma doença popular e com grande ênfase, o diagnóstico muitas vezes não é preciso. Numerosas são as buscas de pessoas com esse problema que recebem orientações distorcidas.

De acordo com o Dr. Dráuzio Varella, para se diagnosticar um depressivo deve-se estar atento no tempo em que o jovem está desmotivado. Caso for inferior a duas semanas ele está fora de risco, pois a alteração de humor foi passageira, do contrário deve-se procurar um especialista.

Podemos observar um modelo que ilustra alguns fatores de natureza social, psicológica ou biológica que inibem a capacidade de um indivíduo da satisfação, o cerne dos sintomas depressivos.

Este modelo é uma versão mais complicada do modelo diátese-estresse. Ele supõe que eventos genéticos e/ou relativos do desenvolvimento (diátese) possam criar predisposições q distúrbios afetivos.

Adolescência depressiva no século XXI

No caso do adolescente é um quadro delicado, pois ele possui acesso a muitas informações inovadoras e não consegue definir realmente o que ele sente. Essa personalidade ainda está formando a sua identidade, e uma ação diagnóstica equivocada pode acarretar em grandes desastres na vida adulta do jovem.

Sua gravidade potencial exige um aperfeiçoamento de diagnóstico e de tratamento. O seu desconhecimento, ainda freqüente, pode estar ligado não só às atitudes do adolescente que não pede diretamente ajuda, mas, muitas vezes, às dos adultos. Enganados por um aspecto freqüentemente pouco evocador os familiares, professores, médicos e outros profissionais de saúde mental são igualmente influenciados pelo mito da juventude feliz (TOOLAN, 1980): A depressão do adolescente evoca e desperta neles os sofrimentos de sua própria adolescência e provoca reações defensivas de recusa.

(CHABROL, 1990, p.8)

O jovem com características depressivas não suporta os mesmos fardos que o homem na fase adulta, mas concomitantemente ele não quer ser tratado como uma criança. Esse estado de meio termo é complexo e por se tratar de um meio que molda o caráter do indivíduo ele é decisivo.

Em pelo menos 20% dos pacientes com depressão instalada na infância ou adolescência, existe risco de surgirem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se alternam com outras de mania, caracterizadas por euforia, agitação psicomotora, diminuição da necessidade de sono, idéias de grandeza e comportamentos de risco.

(VARELLA, 2009, s/p)[2]

No século que vivemos o mais difícil é saber como lidar com as situações onde não sabemos o que no final vai acarretar. O jovem deve por obrigação aproveitar o máximo do seu tempo, mas de forma prudente e equilibrada.

Os anseios e perturbações do jovem tomam proporções maiores quando ele está desanimado. Para o jovem sair dessa situação ele precisa de apoio das instituições contribuidoras de moldar caráter, ou seja, família, amigos e escola.

A educação de caráter cíclica deve-se interagir na assistência do adolescente depressivo. Cultivar a auto-estima é o método mais eficaz e certamente fará bem para se explorar melhor os sentimentos de segurança.

Como um grito de socorro, a depressão é algo que sufoca o indivíduo que muitas vezes não possui alternativas/recursos para se libertar de suas angustias. O depressivo sente-se desfalecido em meio a tanta dor e rancor/trauma que ele teve em seu meio.

Infelizmente se pudéssemos escolheríamos o habitat melhor para cada tipo de personalidade e o ideal seria que ninguém tivesse esse lado negro aflorado. Hoje o que podemos fazer em meio a essas turbulências é ter um posicionamento claro e objetivo. O paciente não pode conviver com isso por risco que agravamento de seu estado psicológico, podendo até desencadear novas psicopatias.

Direcionando para o adolescente, muitos não conseguem compreender o que seus pais falam e por final acabam brigando com eles. As sensações e pontos de vistas opostos devido a experiência que vivenciaram geram conflitos enormes quando não abordados de forma adequada.

A tríade família, escola e sociedade juntamente com o psicopedagogo, molda o caráter do indivíduo e o prepara para viver em um conjunto social. O laço paternal, quando não instituído em sua origem, induz o indivíduo à ficar desprovido da deuteroaprendizagem, termo utilizado psicopedagogicamente que significa a concepção de mundo e de vida que se adquire por meio da convivência com a família.

Na década de noventa, a banda de rock nacional, Legião Urbana descreveu em uma de suas produções algumas situações em que o adolescente poderia enfrentar dentro de sua casa: A seguir, o compositor da música deu ênfase quando mencionou que o vínculo afetivo, observe:

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, por que se você parar para pensar na verdade não há. Sou uma gota d'água, sou um grão de areia, você diz que seus pais não o entendem, mas você não entende seus pais... Você culpa seus pais por tudo, isso é um absurdo. São crianças como você, o que você vai ser quando você crescer?

(Legião Urbana, Pais e Filhos, As Quatro Estações, 1989).

Sendo possível perceber que o relacionamento entre pais e filhos é tema que há muito tempo preocupa e até os dias de hoje está em evidência. Tornando-se um assunto constante e atual. Justificando e valorizando as contribuições e referências bibliográficas realizadas por interessados na área.

A teoria de Enrique Pichon-Riviere (1907-1977), psiquiatra e psicanalista que contribuiu com grande relevância para a psicopedagogia, pode se enquadrar no ciclo familiar e de amizades que o adolescente estabelece. Para o autor, o segredo para compreensão e análise de doenças psicossomáticas como o estado depressivo é o vínculo afetivo que está estabelecido no meio em que o ser está envolvido.

Este habitat desenvolvedor de acordo com Riviere (1954) é composto pelos aspectos culturais, sociais e institucionais. Nele o jovem se identifica e estabelece vínculos para aproximação de idéias e satisfação pessoal.

A imagem anterior ilustra como se estabelece a realização pessoal com o indivíduo. Sendo que a mente humana é composta pelos seguintes estados:

*Imaginário:responsável pelos anseios e esperanças de cada ser;

*Simbólico: relacionado ao que socialmente é cobrado pelo homem;

*Real: onde está a junção do desejo da sociedade e indivíduo.

Todos os seres humanos possuem esses três estados do inconsciente. Quando não estabelecidos de forma harmônica, podem acarretar em distúrbios psicológicos e/ou distúrbios funcionais no corpo humano.

Como o foco deste artigo estabelece maior profundidade no jovem, o conceito de Riviere aborda a necessidade de organização e a auto-exigência que ele mesmo estabelece. Geralmente exemplos comportamentais desse caso são alunos excluídos que se cobram mais nas tarefas acadêmicas para suprir a realização social.

Na sala de aula é comum acontecer casos como citado anteriormente, pois a cada ano o estudante encara novas personalidades, através do vinculo social-afetivo estabelecido na amizade. Além do aspecto psicológico ocorre no corpo juvenil a transformação do corpo infantil no de adulto.

Nessa fase pode-se citar Henri Wallon, psicólogo que acredita que a cognição é importante, mas não mais que afetividade. O pensador afirma a importância das influências do meio ao defender a idéia que o homem é a soma de fatores sociais e fisiológicos. Para ele não há como separar a essência psicológica da estrura corporal, pois o indivíduo conhece e adquire novos conceitos cognitivos através de desenvolvimentos de habilidades espaciais e motoras.

Depressão e a psicopedagogia

A intervenção psicopedagógica pode se dar no processo de orientação ao professor e à família sobre a real necessidade de ambos estarem juntos neste processo de educação, pois partilham de responsabilidades educativas em comum, pode o psicopedagogo envolvê-los e aproximá-los. Na prática institucional, assessorando certas reuniões que são solicitadas pelo professor, por sentirem "necessidade" de ver os pais para partilhar com eles situações que estão gerando uma problemática na vida acadêmica da criança. E acalmando pais que pensam com ou sem razão que serão responsabilizados pelas dificuldades ou má conduta do filho, e assim programam atividades que possam impedir e não ir à reunião solicitada pelo professor.

            Perrenoud (2005, p.118) faz o seguinte alerta em relação a essa situação:

Sem dúvida, é difícil crer que os pais não sejam de modo algum responsáveis, direta ou indiretamente, pelas dificuldades de seus filhos e, mais ainda, pela sua conduta. É necessária uma grande sabedoria para se dar conta de que essa ficção é fecunda, que libera os pais de se justificarem ou de se desculparem e, portanto, os constitui como verdadeiros parceiros no jogo cooperativo. Em suma a competência consiste amplamente, neste caso, em não abusar de uma posição dominante, em controlar a tentação de culpar e julgar os pais. O trabalho sobre si próprio e sua relação com outrem é, nesse caso, mais útil do que a habilidade de conduzir uma entrevista.

            Na prática psicopedagógica, não basta o domínio teórico por parte do profissional, requer a capacidade de juntar e processar saberes, na medida de cada caso, para dar conta de cada um. Somando a isto, a saúde emocional do psicopedagogo, a capacidade de transitar entre as complexas relações familiares, pois algumas famílias se encontram em processo de reorganização, e identificar as possíveis saídas.

            Tudo o que acontece na escola e família, de alguma maneira afeta a criança e conseqüentemente o processo de aprendizagem. Aliás, não há ato inofensivo na educação familiar ou escolar quando se trata de adolescente. As ações dos pais e dos professores em sala de aula podem levar a uma desastrosa desorganização mental e emocional do aluno. Nosso relacionamento, a cobrança excessiva, a linguagem, o modo de explicar, são muitas vezes incompatíveis com a maneira de aprender e ensinar, transformando-se nos verdadeiros responsáveis pelo fracasso do aluno.

            A não aprendizagem na escola é uma das causas da depressão, mas a questão é em si bem mais ampla. Ao partir de uma visão mais abrangente pode-se chegar de um modo mais objetivo, mais contextualizado, a uma resposta para a queixa escolar.

            De acordo com Weiss ( 2008, p.23):

Na prática diagnóstica é necessário levar em consideração alguns aspectos ligados às três perspectivas de abordagem do fracasso escolar. A interligação desses aspectos ajudará a construir uma visão gestáltica da pluricausalidade desse fenômeno, possibilitando uma abordagem global do sujeito em suas múltiplas facetas.

As perspectivas apresentadas por Weiss (2008) que serão levadas em consideração na prática diagnóstica são classificadas de acordo com os seguintes aspectos: orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais e pedagógicos.

Daremos um enfoque maior ao aspecto emocional. Weiss (2008, p.25) cita que:

Aspectos emocionais estariam ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste através da produção escolar. Remete aos aspectos inconscientes envolvidos no ato de aprender. O não aprender pode, por exemplo, expressar uma dificuldade na relação da criança com a sua família; será o sintoma de que algo vai mal nessa dinâmica. Na prática, pode exprimir-se por uma rejeição ao conhecimento escolar, em trocas, omissões e distorções na leitura ou na escrita, não conseguir calcular em geral, não conseguir fazer uma divisão, etc.

            Esse aspecto explica a razão pela qual as emoções podem ter tanto impacto sobre as demais. Explica também o fato de que o sistema emocional tem o poder de monopolizar os recursos do cérebro e que é mais fácil para uma emoção controlar a razão do que as emoções serem controladas pela razão.

            Na psicopedagogia clínica é realizada a anamnese, que já é em si, uma intervenção na dinâmica familiar em relação à "aprendizagem de vida". No mínimo se processa uma reflexão dos pais, um mergulho no passado, buscando o início da vida do paciente, o que inclui espontaneamente uma volta á própria vida da família como um todo.

Vygotsky (1989) confirma que a aprendizagem começa muito antes da aprendizagem escolar e que esta nunca parte do zero, toda aprendizagem tem uma pré-história.

Aprender é, inequivocamente, a tarefa mais relevante da escola. Muitos jovens aprendem sem dificuldades, porém outros, apesar de seu potencial de aprendizagem normal, não aprendem por meio de uma instrução convencional. Nestes casos o psicopedagogo deverá intervir, buscando remover as causas profundas que levaram ao quadro do não aprender, que pode estar relacionado à depressão.

Metodologia

A pesquisa foi realizada numa perspectiva qualitativa, partindo de pesquisas bibliográficas. Por meio de leitura de referenciais, foi possível perceber a preocupação com o desempenho acadêmico no contexto escolar. Assim, de maneira prática identificamos o que pode gerar depressão no adolescente e sua relação com a aprendizagem.

As pesquisas bibliográficas, que foram cuidadosamente selecionadas deram o embasamento teórico para essa temática que aborda a depressão na adolescência e sua relação com a aprendizagem, tema muito presente nos dias de hoje.

Considerações Finais

Verificou-se neste trabalho a importância do olhar psicopedagógico para a solução de conflitos escolares, otimização e demais vantagens e desvantagens apontadas ao adolescente depressivo.

A utilização do conhecimento adquirido no curso de psicopedagogia vem crescendo, e futuramente, sua prática tenderá a aumentar ainda mais, com a especialização, capacitação em cursos e seminários.

Referências

BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: tradução na linguagem de hoje. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1988.

DOBSON, J. Convivendo melhor com seu filho adolescente. 2ª edição, Campinas- SP: United Press LTDA, 1998.

MIELNIK, I. Os adolescentes: conceito, dinâmica e orientação do adolescente. São Paulo-SP: IBRASA, 1984.

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.3ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2007.

Revista Educar. Curitiba, n. 16, Ed. UFPR, pp. 181-191, 2000.

Revista Ensino Superior. Ano 8, nº 91, Abril, São Paulo- SP: Editora Segmento, 2006.

WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 13ª edição. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying. Acesso em 05/04/09.

http://alunos.di.ubi.pt/~a14676/psicologia/motivacao.pdf. Acesso em 06/10/09.

http://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_15/camara_cruz.pdf. Acesso 06/10/09.

www.drauziovarella.com.br/artigos/depressao.asp. Acesso em 06/10/09

www.psicosite.com.br/tra/hum/depressao. Acesso em 06/10/09

www.infoescola.com/psicologia/auto-estima. Acesso em 06/10/09

[2] Disponível em www.drauziovarella.com.br/artigos/depressao.asp. Acesso em: 06 out. 2009.


Autor: Camile Bueno


Artigos Relacionados


Adolescentes (mudanÇa-terapia)

A AdolescÊncia E A DepressÃo

Drogas,famÍlia E AdolescÊncia

Os Problemas Da AdolescÊncia

O Psicopedagog E As IntervenÇÕes Nas Dificuldades De Aprendizagem

Qual A Função Do Psicopedagógo ?

Qual A FunÇÃo Do PsicopedagÓgo ?