POLUIÇÃO DA ÁGUA DO IGARAPÉ DO MINDÚ, POR LIXO DOMÉSTICO



Cruz,Rosangela da Silva¹

Rocha, Vera Lúcia Oliveira da²

Universidad de los pueblos de europa consorcio universitario euroamericano

RESUMO

De maneira geral, muitos estudiosos acreditam que a proximidade da floresta determina situações específicas, de integração e condições de vida de boa qualidade. Entretanto, esta pesquisa registra a agressão que as águas do igarapé do Míndu sofrem em seu curso, conflitando com a premissa acima, e as medidas saneadoras que deveriam ser tomadas. A metodologia utilizada neste Trabalho envolveu visitas técnicas ao igarapé supracitado, realizadas no período de 01 a 20 de agosto de 2009, em que a vivência, o conhecimento "pé-no-chão" permitiu que tivéssemos uma idéia melhor do significado da falta de saneamento, da falta de condições mínimas para a sobrevivência digna.

PALAVRAS CHAVES: Educação,Meio Ambiental; Contaminação de água.

ABSTRAT: In a general way, many studious they think that the proximity of the forest determines specific situations, of integration and conditions of life of good quality. However, the emphasis of this research registers the aggression that the waters of the igarapé of Míndu suffer in your course, conflicting above with the premise, and the measures saneadoras that you/they will be taken. The methodology used in this Work it involved technical visits to the above-mentioned igarapé, accomplished in the period from 01 to August 20, 2009, in that the existence, the knowledge " foot-knot-ground " allowed that we had a better idea of the meaning of the lack of sanitation, of the lack of minimum conditions for the survival deigns.

KEYWORDS: Environmental education; Contamination of water; Domestic garbage

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com ênfase na pesquisa descritiva Espera-se com esta pesquisa descrever a poluição do igarapé do Míndu entre os trechos existentes na zona Leste, o que nos indica a necessidade da utilização do método analítico e comparativo como método de abordagem, haja vista tratar-se de uma pesquisa qualitativa/quantitativa do tipo observacional. Quanto aos métodos serão enfatizadas semelhanças e divergências entre o conhecimento demonstrado pelos discentes e a real condição da situação do igarapé, as variáveis dependentes utilizadas serão: trechos, grau de contaminação, e as independentes, fator sócio-econômico.O trabalho será realizado na Zona Leste de Manaus, nos bairros Valparaiso, Amazonino Mendes, Novo Aleixo, onde serão feitas visitas em ambientes não formais no período de 1 a 20 de agosto, observando a diversificação de lixo que contribuem para a poluição do igarapé.

Introdução

Manaus, considerada a "Paris dos Trópicos", tem perdido este conceito ao longo dos anos. A poluição dos igarapés, o crescimento desordenado, o descaso do poder público que deveriam ter em suas atribuições prioritárias o exercício de fiscalizar e evitar a degradação desses importantes mananciais de água potável provoca, em conjunto, a descaracterização de uma urbanização planejada e controlada, como era desenvolvido nos seus primórdios, fato que delineava um cenário semelhante a uma cidade européia.

As mesmas situações que ameaçam a qualidade de vida dos seres humanos também afetam o ambiente, uma vez que a sociedade e o ambiente constituem um mesmo sistema. Logo, o esgoto despejado sem tratamento adequado diretamente nos igarapés inviabiliza a sobrevivência de seres vivos.

Portanto, ao acompanharmos o Igarapé do Míndu em vários pontos de seu trajeto vieram à mente imagens como aquelas que visualizamos a respeito do Rio Tiete, na Região Urbana de São Paulo.

1 Igarapés  Rios urbanos agredidos.

A poluição dos igarapés em Manaus ocorre pelo intenso, e cada vez maior desflorestamento que altera a qualidade de solo, destrói habitat, polue a água e, conseqüentemente, reduz a biodiversidade. Embora o Amazonas seja cercado de água doce, já enfrenta ao longo do seu crescimento urbano a falta de água e a poluição em muito dos seus igarapés que servem de abastecimento para várias áreas da cidade, pois o crescimento populacional e a falta de educação ambiental, muito contribuem para a falta de conscientização da sociedade na preservação do meio ambiente. Pois segundo (NASS, 2002, p10) "Poluição é uma alteração ecológica, ou seja, uma alteração na relação entre os seres vivos, provocada pelo ser humano, que prejudique, direta ou indiretamente, nossa vida ou nosso bem-estar."

Vários estudiosos relatam que muitos rios urbanos estão poluídos. A tomada de áreas antes florestadas, o crescimento da população, a expansão urbana de maneira geral, principalmente os esgotos domésticos, que são despejados em cursos d'água, são a maior causa deste problema. Tal fato pode ocorrer em decorrência das grandes cidades e centros urbanos não terem eficiência nos serviços de recolhimento de lixo e tratamento de esgotos lançados "in natura" em rios e igarapés(CUNHA ,2006).

O crescimento demográfico ocasionou uma infra-estrutura urbana e sanitária deficiente como o despejo de detritos em igarapés. Esse crescimento tem sido descontrolado e intenso principalmente em áreas periféricas, justamente por onde fluem os igarapés gerando um forte impacto ambiental.

O censo da cidade de Manaus em 1970 oscilava em torno de 311 mil habitantes e hoje a projeção populacional atinge, aproximadamente, 1,2 milhão. A cidade sofre com os problemas da poluição (o despejo dos detritos urbanos) em seus igarapés em conseqüência da infra-estrutura urbana e sanitária deficiente. O "inchaço" populacional é pautado pelo total descontrole urbanístico, principalmente nas áreas periféricas e nos vales, por onde fluem os igarapés (CLETO FILHO (2003).

1.1 características físicas do igarapé do Míndu

O igarapé, objeto do presente estudo, foi selecionado, dentre outros que recortam a cidade, pelo fato de apresentar a maior parte do seu trajeto em área urbana - cerca de 24 quilômetros - e sua cabeceira se situar em áreas de florestas preservadas no interior do bairro Cidade de Deus. Em conseqüência destes fatores singulares é interessante avaliar os impactos da urbanização e as características deste curso d'água em três diferentes trechos dentro da área urbana da Zona Leste de Manaus envolvendo, suas nascentes, os bairros Valparaiso, Mutirão e Novo Aleixo, como segue:

Trecho 1: compreende a área aonde estão situadas suas nascentes, margeando núcleos de florestas não impactadas, ao longo de 5 quilômetros. Apresenta, nesta área, um percurso de difícil acesso em decorrência da falta de infra-estrutura viária.

Trecho 2: neste percurso está situado a feirado bairro Amazonino Mendes que utiliza o segmento deste Igarapé como esgoto a céu aberto, aonde foi detectado várias tubulações de esgoto de águas servidas orientadas para o igarapé em questão, sem o devido tratamento. A grande quantidade de lixo é jogado pelos moradores e feirantes dos diversos imóveis irregulares construídos as suas margens. Há inúmeros esgotos a céu aberto ou tubulados que despejam águas servidas.

Trecho 3: O curso das águas do Igarapé do Míndu, estende-se do bairro são José dos Campos até o bairro Novo Aleixo, o cenário desta área é idêntica as citadas acima, esgotos sem o devido tratamento, invasão de imóveis em suas margens, detritos acumulados em seu leito e outros.

1.2 Contaminações do igarapé do Míndu

Quando ocorre o desmatamento ou ocupação de determinadas áreas, as alterações na temperatura e na cor da água além da presença de sedimentos em suspensão são facilmente identificadas. Esses fatores revelam, de maneira geral, que o solo está sofrendo graves alterações em sua composição. A temperatura da grande maioria dos pequenos igarapés da região amazônica que ainda não foram impactados girão em torno de 24-25ºC e apresenta uma cor claro-transparente.

As áreas contaminadas e os problemas sócio-ambientais que elas geram se devem a grande diversidade de poluentes existentes nos resíduos produzidos pelas atividades humanas. As contaminações hídricas e ambientais se proliferaram não só pela transformação das sociedades agrárias em urbano-industriais, mas também pelo conseqüente aumento na produção de bens de consumo para atender populações ansiosas por novidades tecnológicas e supérfluos (PEREIRA;LIMA,2007,p,2).

Os trechos impactados do Igarapé do Míndu, em conseqüência do processo de expansão urbana, registram um quadro de desestruturação e revolvimento gradativo do solo, potencializando, portanto, efeitos erosivos, que transportam partículas finas, em estado de suspensão, ao curso d'água em referência, provocando uma coloração clara, leitosa ('águas brancas') (Cleto Filho 2003).

. O oxigênio dissolvido é uma característica físico-química indispensável aos corpos d'água. A concentração desse gás na água influencia a distribuição e a abundancia de muitas espécies. Sabe-se, no entanto, que o aumento da temperatura não apenas dificulta a dissolução do oxigênio na água como aumenta o seu consumo (através da respiração dos organismos e da decomposição da matéria orgânica). Portanto, o déficit de oxigênio cresce significativamente quando grande quantidade de esgotos domésticos é despejada in natura no curso d'água (CUNHA;FERREIRA,2006).

1.3 transmissão de doenças

A água poluída causa diversos prejuizos à saúde humana,"A matéria orgânica presente no esgoto é a causa de um dos principais problemas de poluição das águas, favorecendo a transmissão de doenças de veiculação hídrica, afetando a saúde da população"(CUNHA;FERREIRA,2006,pPG 30). Por exemplo:Àguas residuais não tratadas, causam febre tifóide, cólera, disenteria, meningite e hepatites A e B.Vetores de contaminação - doenças transportadas por mosquitos: paludismo, dengue, malária, doença do sono, febre amarela. Parasitas como verminoses, enquanto a escassês da água pode gerar ou potenciar doenças como a lepra, tuberculose, tétano e difteria.Aguas poluídas por líquidos industriais causam contaminação por metais pesados que geram tumores hepáticos e de tiróide, alterações neurológicas, dermatoses, rinites alérgicas, disfunções gastrointestinais, pulmonares e hepáticas. No caso de contaminação por mercúrio, podem ocorrer anúria e diarreia sanguinolenta.

2 Resultados

As observações feitas através de várias visitas informais, foram verificadas uma extensa contaminação da água no leito do Igarapé do Míndu, cujo curso hidrográfico dentro da zona leste é denso e constante. Observamos que em virtude de não haver nenhum tipo de ação de fiscalização ou sinalização que proíba aos moradores jogar lixo no local e também determinações das autoridades do poder publico, e deficiência de campanhas para apontar informações relevantes a respeito da preservação e conservação dos leitos do igarapé. A importância dos igarapés está ligada ao ecossistema, água para uso doméstico e lazer da população.

A urbanização desordenada de novos bairros tem contribuído e gerado danos às águas dos igarapés de maneira drástica, foco do estudo do artigo que nos propomos analisar o impacto urbano e a água do Míndu que atravessa a cidade de Manaus. Este estudo, é o marco para nós mestrandos, pois serve de modelo comparativo que identificou alterações realizadas pelo homem ao longo do tempo. Podemos afirmar que em sua nascente, ainda há forma de preservação, cabe a sociedade em geral educar-se ambientalmente. A contaminação do igarapé vem sendo estudada por vários autores que fizeram uma analise biológica da água., Cleto Filho (2003)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cabeceira do igarapé do Míndu, nas proximidades do Jardim Botânico Municipal, no bairro Cidade de Deus, está prestes a ser modernizada. A área que ainda não foi atingida pela poluição, vai receber da Prefeitura de Manaus uma série de ações para garantir a preservação do igarapé. A informação foi divulgada na gestão do prefeito Serafim Corrêa, que divulgou que o projeto de preservação da cabeceira do Míndu já foi aprovado pela Caixa Econômica Federal. "O próximo passo é a liberação de parte dos R$ 128 milhões garantidos pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para a preservação da cabeceira do Míndu", dos R$ 128 milhões destinados às obras, 120 milhões são provenientes do Governo Federal, mediante o PAC. Os outros 8 milhões constituem a contrapartida da Prefeitura para iniciar os serviços de recuperação.

Para preservar a área que ainda não foi atingida pela poluição, deveria receber dos órgãos competentes uma série de ações para garantir a preservação do igarapé do Míndu. Uma revitalização exclusiva de igarapés com acompanhamento técnico e implantação de obras e campanhas educativas sobre a importância da limpeza e cuidados que devem ser tomados com os afluentes do mesmo.

Também necessitam de obras como recuperação de áreas degradadas, jardinagem e arborização. As autoridades governamentais e municipais têm que garantir a proteção ao meio ambiente preocupando-se também com os menos favorecidos que vivem próximos aos igarapés e para que essas ações fosssem realizadas pudessem utilizar a escola, como meio de divulgação e incentivo a preservação do meio ambiente próximo ao supracitado trecho utilizando-se a área como meio de ensino informal aos estudantes que poderiam executar ações educativas em seu habitat.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Nelson Luís Sampaio de. A cobrança pelo uso dos recursos hídricos. Revista de Direito Ambiental. São Paulo, n. 4, out./dez. 1996.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1996.

CUNHA; Cynara de Lourdes da Nóbrega; FERREIRA Aldo Pacheco. Modelagem Matemática para Avaliação dos Efeitos de Despejos Orgânicos nas Condições Sanitárias de Àguas Ambientais.Escola Nacional de Saúde Pública Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública v.22 n.8 Rio de Janeiro.  2006.

Cleto Filho, Sérgio Ernani Nogueira. Urbanização, poluição e biodiversidade na Amazônia Pós-graduação do Departamento de Ecologia (Instituto de Biociências) da Universidade de São Paulo.CIÊNCIA HOJE " vol. 33 " nº 193 de 2003.

GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas e Meio Ambiente. São Paulo:Ícone, 1993.

GREEN, Cynthia P. O meio ambiente e o crescimento da população. Population Reports, v. 20, n. 2, série N, n. 10.

Nass, Daniel Perdigão. Estudante do curso de química do IQSC-USP - Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo Revista Eletrônica de Ciências de 2002. Obtido em

"http://pt.wikipedia.org/wiki/Polui%C3%A7%C3%A3o_da_%C3%A1gua"

PEREIRA, Andrade de Patrícia; LIMA, de Lima Olivar Antonio. Estrutura elétrica da contaminação hídrica provocada por fluidos provenientes dos depósitos de lixo urbano e de um curtume no município de Alagoinhas, Bahia.Rev.Bras. Geof. v.25 n.1 São Paulo jan./mar. 2007.

LOPES Milano; GORGULHO Silvestre. ENTREVISTA, ANA (Agência Nacional de Águas) entrevistado Marcos Aurélio Freitas, diretor da Agência Nacional de Águas. 21 de Junho 2004. Fonte: Jornal Folha do Meio Ambiente.


Autor: Rosangela Cruz


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