A democracia da morte.



A democracia da morte.

 

 Povo indolente, com todas as falhas de dentes presentes, no lugar dos dentes ausentes, da miséria. Miséria aceita, mais por preguiça e covardia, que por incompetência, visto que no passado vozes gritavam e dedos apontavam políticos corruptos de notórios desvios morais. E estes eram soterrados pelo silencio do ostracismo que jogadas jurídicas não eram capazes de evitar, pois a honestidade não tinha esse atual sentido elástico que ora tem.

Hoje não há mais justiça humana. Os ladrões se orgulham do quanto roubam. Descobriram a utilização de laranjas  não as frutas  para tentar enganar a todos. Enganaram a maioria que aceitou a enganação. Mas ninguém engana a morte. Aquela que o tempo trará no momento oportuno. Aquela que dará a cada um o divórcio definitivo de suas posses usurpadas, tanto quanto das corretas. O fim, a rescisão do contrato de comodato chamado vida.

A morte é a maior representante da democracia nestes momentos, quando vem e leva aqueles que sobreviveram nababescamente à custa do encurtamento drástico de muitas outras vidas.

De nosso País, ela levará, no devido tempo, centenas de personagens que serão recusados até no inferno, se o inferno existir. E talvez fiquem vagando ao redor de sua sepultura vazia dos bens que acreditaram estar ali armazenado.

É uma pena, pois tudo isso é muito triste. Triste, porque muito sofrimento poderia ser evitado, com um pouco de decência, honestidade e solidariedade, sem demagogia e hipocrisia.

Quem diria, que um dia, só a morte existiria, como agente justa, única e infalível, de um decrépito, corrupto e falido estado de direito.

Única esperança na única certeza!


Autor: Joaquim Saturnino Da Silva


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