Os mestres também precisam de ajuda



Estávamos na missa do dia trinta e um de dezembro. De fato era o velório de dois mil e três, entretanto, a esperança nascia junto à aurora de dois mil e quatro.

O sermão místico do evangelho fundido ao contemporâneo não nos dava o consolo imaginário do paraíso, no qual, iremos um dia viver eternamente, também, não nos revelava de uma forma cética a realidade desgraçada dos desgraçados filhos do mundo.

Neste dia o sermão foi especial, foi... Simplesmente especial. A esperança era algo real, concreta e tangível. Estava em cada palavra refletida.

Eu refletia as conseqüências dos atos meus, analisei cada conseqüência.

A inspiração do padre foi tamanha que envolveu todos na nave de uma forma intensa e inexplicável quanto a minha. Era como se fosse uma desintoxicação da vida, da minha vida, de nossas vidas.

Jogamos para fora as reticências de magoas, choramos, louvamos, suplicamos, agradecemos e nos abraçamos. Ao final vimos o quanto somos importantes.

Estávamos realmente vivo, o coração batia contemplando a esperança renovada. O mestre conseguiu nos ensinar a viver com empatia e iríamos viver e celebrar a vida.

Fecunda a novo ano, neo mundo. Eu iria acabar com a guerra, você acabaria com a fome, ele com as pestes que desfigura a raça humana. Iríamos todos proclamar a paz.

Todavia, fomos surpreendidos com o destino. A notícia caminhava a cidade como uma brisa suave, fria e melancólica sobre os nossos corpos mutilados e desorientados: o mestre havia suicidado.

 

Fevereiro de 2004


Autor: Vinícius Gabriel


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