CHAPA: O BRAÇO FORTE DO CAMINHONEIRO



O vídeo-reportagem "Chapa: o braço forte do caminhoneiro" tem por finalidade chamar à atenção da sociedade para uma categoria esquecida, e que na maioria das vezes, passa despercebida nas margens das rodovias. Os chapas enfrentam uma série de dificuldades para desenvolver uma atividade que não é reconhecida e menos valorizada. O grupo fez um estudo envolvendo pontos de chapas nas principais rodovias tais como: Anhanguera, Bandeirantes, Dom Pedro I, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, Vice-prefeito Hermenegildo Tonoli A palavra "chapa" tem um significado cordial entre os caminhoneiros, pois retrata exatamente essa confiança existente entre eles. Carregar e descarregar caminhão. Servir como guia nos lugares mais complicados de uma metrópole, auxiliando o caminhoneiro a chegar ao seu destino. Estas são algumas das atividades desempenhadas por esses trabalhadores conhecidos como chapa. Exercer esta atividade é está disposto a enfrentar os desafios de uma categoria que vive a deriva. É cada um por si e Deus por todos. Através deste estudo, o grupo pode acompanhar a difícil missão desses homens que ganham o sustento de suas famílias através do trabalho informal. Muitos por opção, pois já vem até mesmo da tradição familiar. Outros, simplesmente por não se enquadrarem dentro do mercado de trabalho. A maioria dos chapas é formada por homens acima de 40 anos, que não encontraram mais emprego na sua área de atuação profissional. Muitos sem o mínimo de instrução. Portanto, nessa pesquisa o grupo mostra ainda, como é a relação entre os chapas. Como eles estabelecem os contatos com os caminhoneiros. O que é preciso para ser um chapa, o desafio maior é mostrar um pouco da vida dessas pessoas e deixar como reflexão, o que poderia ser feito para que esses trabalhadores possam desempenhar suas funções com dignidade. Palavras chaves: Chapa, ajudante de caminhão, caminhoneiro, trabalho informal, economia informal, transporte de cargas, rodovia Anhanguera, rodovia Bandeirantes, Vídeoreportagem, Jundiaí, São Paulo.

1.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para realizar este trabalho o grupo pesquisou alguns conceitos fundamentais para entender o que leva a cada dia que passa, mais pessoas para o mercado de trabalho informal. É através de uma vídeo reportagem, que mostramos como os chapas se enquadram dentro deste universo perverso que é a informalidade. Aspectos como os pontos de Chapas, os perigos que este trabalhadores enfrentam nas margens das rodovias que cruzam a região de Jundiaí e o desafio de conviver no meio de muitos bandidos que se passam por chapa para efetuar o roubo de carga e a discriminação sofrida por eles, foram objetos de estudo pelo grupo. Portanto, este trabalho tem como objetivo mostrar uma categoria que tem grande importância dentro do sistema de transporte brasileiro, e é ignorada pela sociedade.

1.1 OS CHAPAS

O Ministério do Trabalho e Emprego, não define exatamente a ocupação do Chapa, no entanto, classifica-o como ajudante de caminhão, que é o profissional responsável por carregar e descarregar caminhão. Além desta função o Chapa principalmente os das grandes cidades, tem também a função de infromar. Ou seja, ele leva o caminhoneiro até o seu destino final, fazendo o trabalho de guia. Eles não trabalham registrados, não emitem recibo de seus serviços prestados e muitas vezes são marginalizados as beiras de rodovias. São pessoas que não tem instrução nenhuma e o trabalho que realiza dá apenas para o sustento da família. Existem ainda algumas definições populares que nos remetem a forma carinhosa como os chapas tratam os caminhoneiros. Frase como: "meu chapa", que no linguajar popular, significa meu amigo. Aliás, o dicionário completo da língua portuguesa lançado pelo jornal Agora, tem uma definição neste sentido, cujo significado é amigo intimo e parceiro.

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MESGRAVIS, Pedro.Tese de doutorado da Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Geografia. Chapas e o seu papel no Meio Técnico- Científico-Informacional e na logística dos transportes no Brasil. Estudo de caso na cidade de Ribeirão Preto/SP 2003-2006. Disponível no site www.usp.br, acessado em 10/09/2009.

Chapa Carregar e descarregar caminhões, informar e orientar motoristas. Estas são as principais atividades realizadas por trabalhadores conhecidos como chapas, que se fazem presentes praticamente na totalidade do Território Brasileiro.

O grupo entrevistou vários chapas que ficam concentrados em pontos estratégicos das rodovias da região de Jundiaí, tais como: Anhanguera, Bandeirantes, Dom Pedro I, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, Marginal Tietê e Emenegildo Tonoli. Na luta pela sobrevivência, o chapa oferece, à beira das estradas e avenidas, os seus serviços aos motoristas que vem do Interior ou de outros estados. Em síntese, o que era para ser um bico para aqueles que estão fora do mercado, seja pela idade, por falta de qualificação profissional ou por outros motivos, como ser ex-detento, termina sendo um meio de sobrevivência.

Quem chega à São Paulo pelas rodovias mais movimentadas do Estado, como a Bandeirantes ou Anhanguera, pode observar pequenas placas com os dizeres chapa, geralmente escritos a mão, com cores berrantes e letra irregular. Qualquer lugar serve: uma pedra, uma chapa de metal, um pedaço de madeira, uma árvore, uma guia, ou papelão mesmo, colocado em uma árvore.

O objetivo é sempre o mesmo, chamar a atenção de caminhoneiros que transitam pelas estradas e rodovias do país.

Os caminhoneiros também pagam aos chapas pelos serviços de guia. Afinal, circular pelos bairros de São Paulo não é tarefa das mais fáceis. Aliás, muitos Chapas às vezes perdem o serviço por não conhecer a cidade. A remuneração consiste em diária de serviço, por vezes denominada de chapada sendo maior do que a paga ao "ajudante de caminhão" empregado da transportadora. A atividade desenvolvida pelo chapa é quase sempre a de trabalho subordinado. Entretanto, não se enquadra no reconhecimento do vínculo de emprego, uma vez que é marcada pela eventualidade dos serviços e pela impessoalidade. O tomador de serviços escolhe trabalhadores aleatoriamente, dentre os que se aglomeram nos pontos de concentração, ou os recolhe na estrada, onde ficam nos acostamentos aguardando quem os contrate para o trabalho de carga e descarga de caminhões ou simplesmente para servirem como guias urbanos conduzindo os motoristas de caminhão advindos de outros Estados. Assim, a inexistência do contrato de trabalho decorre não só da eventualidade e da ausência de pessoalidade, como também pela carência de contínua obrigação de fazer consistente na prestação de seus serviços em prol do tomador de serviços. Nenhuma punição poderá advir para o chapa se este num determinado dia prestar serviços para uma empresa, no dia seguinte para outra e num terceiro dia não comparecer ao ponto de costume para aguardar ser selecionado. Mesmo em se considerando os dias em que os chapas não conseguem serviço, tal forma de trabalho, prestado a diversas empresas, sempre proporcionou maiores rendas mensais, do que os salários de empregados na função de ajudante de caminhão ou auxiliares de armazéns. Por esta razão, os chapas preferem manter-se nesta condição que, além de ser mais rentável, lhes permite estabelecer e

Numa economia globalizada, onde a riqueza se concentra nas mãos de poucos, a maoiria sofre certos efeitos colaterais, e surgem no mercado de trabalho, setores menos favorecidos. A grande burocracia, o capital para iniciar um negócio e até mesmo a baixa escolaridade, acarretaram em inúmeros grupos de trabalhadores que foram parar na informalidade. Em um desses grupos, se encaixa perfeitamente os Chapas. Uma das conseqüências mais graves do setor informal é a capacidade de gerar recursos que jamais serão tributados, de forma que o lucro do trabalho informal possa setornar maior do que o de uma empresa que segue as exigências legais impostas pela administração pública. Consequentemente, esta falta de arrecadação tributária faz com que a tributação para empresas formais aumente e por causa deste aumento, mais pessoas seguem para a informalidade. O fato é que, este ciclo vicioso da informalidade pode não ter fim. Não podemos nos contentar com este cenário, mas, para mudar o rumo da economia é preciso compreender porque o setor informal funciona, quais são seus efeitos e o que é possível fazer para reverter à situação que o gera e que dele decorre. Pois, ao mesmo tempo é a solução para os trabalhadores excluídos do mercado, trazendo o sustendo da família e muitas vezes a deturpação do crime. O trabalho informal, apesar de muitas vezes liderar com ilegalidades, é considerado por muitos como fonte justa e digna de renda. O que devemos questionar é até que ponto o Estado poderá suportar essa fonte de trabalho paralela às arrecadações e até que ponto deve reconhecer o trabalho informal, dando privilégios para que saiam desse ramo, e assim torne mais cidadãos legalizados. Por outro lado, é preciso que a sociedade como um todo, se conscientize de que contribuir para o setor informal é colaborar para o retardamento da economia nacional.

O dicionário Aurélio da Lingua portuguesa define a palavra Chapa com vários significados, entre eles, distintivos de operários e carregadores. No entanto, o que mais se aproxima dessa atividade é ajudante de caminhão.

organizar seus dias de trabalho. O chapa em sua maioria é o trabalhador urbano, onde grande parte acaba indo parar neste ramo por falta de opção. Porém, é possível encontrar pessoas que estão trabalhando como chapa há muito tempo. Lourival Gomes do Nascimento 63 anos, trabalha como Chapa há 30 anos. Ele nos relatou que nunca trabalhou em outra coisa. Mesmo com essa idade já avançada, Lourival além de não ter registro em carteira, não paga o INSS. Contudo, para ele conseguir uma eventual aposentadoria somente por idade.

Como em toda profissão, há os chapas confiáveis e aqueles que se aproveitam para passar por chapas e roubarem as cargas dos caminhoneiros.

Desta forma, a desconfiança é inevitável, e quem paga são os chapas honestos. Com o aumento do roubo de cargas, alguns carreteiros se sentem receosos em contratar auxiliares desconhecidos, mesmo sabendo que a maioria deles não está envolvida com este tipo de crime. De acordo com o presidente do Sindicam (Sindicato dos transportes Rodoviários Autônomos de Bens e Serviços do estado de São Paulo) Norival de Almeida Silva, a entidade não recebe muitas reclamações a respeito dessa categoria. O presidente explicou, no entanto que é bom ficar atendo para não cair em armadilhas de quadrilhas. O chefe de Comunicação Social da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Edson Varanda recomenda: o ideal é que o motorista vá a postos de combustíveis. Ele advertiu que nesses locais é possível saber quem colocar no veículo. Os funcionários indicam quem é honesto, adverte. Aos poucos, esses trabalhadores marginalizados começam a chamar a atenção de setores da sociedade, já que cada vez mais fazem, literalmente, parte da paisagem urbana. Nesta pesquisa buscamos estabelecer a relevância dos chapas, um tipo de atividade que pode caracterizar uma nova categoria de trabalho. Pois se apresenta tanto em cidades do interior do Brasil, tal como na capital paulista. Esta presença em dois contextos geográficos considerados por muito tempo como diferentes, lança um desafio inclusive para novas pesquisas, o de observar as duas realidades e os dois contextos econômicos. Permite inclusive pensá-los no processo de divisão do trabalho e por conseqüência, a formação sócio-espacial. O esforço do grupo foi observar e definir os chapas que criam um desafio do modo como pensamos habitualmente as relações cidade-campo, principalmente a relação entre cidades do interior e metrópoles. Os Chapas sempre procuram pontos estratégicos. Lugares habitados e próximos de cidades. Na região observamos uma grande concentração na chegada ao Rodoanel Mário Covas, seguindo pela rodovia dos Bandeirantes, sentido interior capital, no cruzamento da rodovia Bandeirantes com a Anhanguera próximo a Jundiaí, no mesmo sentido, na cidade de Cajamar na beira da rodovia Anhanguera e na chegada a São Paulo, sempre no sentido interior capital, pois a ideia é sempre abordar o caminhoneiro que chega do interior de São Paulo e até mesmo de outros estados. Para realizar este trabalho, o grupo se baseou em entrevistas com chapas na região de Jundiaí, uma tese de doutorado de Pedro Mesgravis da Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Chapas e o seu papel no Meio Técnico-Científico-Informacional e na logística dos transportes no Brasil. Estudo de caso realizado na cidade de Ribeirão Preto/SP 2003-2006. Além de informações colhidas no Blog www.chapabrasil.blogspot.com, cujo autor é o Eduardo Penteado Lunardelli que também nos concedeu uma entrevista. Ele pretende lançar um livro e contar um pouco da realidade dos Chapas.


Autor: Eliosvan Miranda


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