Pesquisa de helmintos e protozoários em areia de praias e praças na cidade de Palmas, Tocantins



Pesquisa de helmintos e protozoários em areia de praias e praças na cidade de Palmas, Tocantins

 

 

 

Edinamar Silva Santos1, Heliane Souza2

 

1Acadêmica do Curso de Biomedicina do Centro Universitário Luterano de Palmas - Universidade Luterana do Brasil (CEULP-ULBRA), Palmas TO, Brasil;

2Docente do curso de Biomedicina do Centro Universitário Luterano de Palmas.

 

 

Resumo:

 

 

A contaminação parasitária de praias e praças é um problema de saúde pública, pois estes ambientes são passíveis a infecções protozoárias e helmínticas de fezes de animais como cães e gatos, veiculadores de doenças que prejudicam o homem. O presente trabalho teve como objetivo pesquisar, identificar e demonstrar a presença de ovos e larvas de helmintos, cistos e oocistos de protozoários principalmente T. gondii, nas areias de praias e praças da cidade de Palmas, Tocantins. Verificar a sensibilidade dos métodos utilizados, e também contribuir com as ações de Vigilância Sanitária e Epidemiológica. Foram feitas coletas em cinco praias e cinco praças, e as análises foram realizadas através dos métodos parasitológicos de Hoffman, Faust e Rugai. Concluiu-se que a areia de todas as praias e praças analisadas estão contaminadas. Na areia das praias houve uma alta positividade de Balantidium coli e T. gondii e ovo de Ancylostoma sp. 13,3%. A Praia da Graciosa apresentou 33,3% de positividade, e a menos parasitada foi a Praia do Prata com 3,3%. Todas as praças estavam contaminadas com larvas de Strongyloides stercoralis 38,8%. A Praça mais parasitada e única onde se encontrou T. gondii foi a Praça da Praia Graciosa com 35,7%, as menos parasitadas foram as Praças Aureny III e I 7,1%, monoparasitadas com larvas de S. stercoralis. O fácil acesso de animais aos locais de recreação é o principal fator da positividade das áreas analisadas.

 

Palavras-chave: helmintos, protozoários, areia, praias, praças.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

 

A contaminação parasitária de áreas de lazer como praias e praças, constitui um problema de saúde pública, tendo em vista, que esses ambientes estão constantemente expostos a fontes de infecção por estarem sempre abertos e descobertos, à disposição de gatos, cachorros, pombos e outros animais veiculadores de parasitos (RODRIGUES et al. 2004).

Fezes de animais parasitados, depositadas no meio ambiente podem tornar o solo contaminado com ovos e larvas de helmintos e oocistos de protozoários, os quais também provocam doenças em pessoas (CORRÊA, et al. 1996). Cães e gatos com acesso aos locais de recreação contaminam o solo, eliminando até 15.000 ovos de parasitas por grama de fezes, e estes permanecem viáveis por longo período no ambiente expondo a população humana ao risco de infecção e desenvolvimento de doenças (ARAÚJO et al. 1999 apud OLIVEIRA et al. 2007).

            O solo de praças e parques públicos constitui via de transmissão para zoonoses parasitárias, uma vez que, a eliminação de fezes por carnívoros domésticos que têm acesso aos locais de recreação pública, pode resultar na contaminação por ovos de helmintos. Um dos mais freqüentes é o Ancylostoma sp., um geohelminto que parasita cães e gatos e, eventualmente, afeta seres humanos, provocando a larva migrans cutânea (LMC) ( SANTARÉM et al. 2004). Embora não ocorra distinção quanto à raça, sexo ou idade para a síndrome da LMC, seu potencial zoonótico é maior para crianças (ACHA & SZYFRES, 1986). A predisposição para o desenvolvimento de LMC em crianças está associada à exposição ao solo contaminado (ACHA & SZYFRES, 1986) de parques infantis, de escola (ARAUJO et al. 1999) e praias (BOUCHAUD et al. 2000). No Brasil, pesquisadores têm descrito a contaminação por ovos e/ou larvas de helmintos causadores de larva migrans em solos de parques público (ARAÚJO et al. 2000, GUIMARÃES et al. 1999).

As parasitoses são decorrentes da precariedade de fatores como más condições sócio-econômicas, de saneamento básico, estado nutricional e nível de instrução do indivíduo. Essas doenças podem causar sérios prejuízos à saúde humana devido à ação espoliativa, tóxica, mecânica, traumática, irritativa enzimática e até mesmo anóxia devido à ação de certas formas parasitárias (NEVES, et al. 2005). Inúmeros trabalhos têm evidenciado o alto grau de contaminação de pessoas das mais variadas idades, principalmente as crianças, por enteroparasitas (LAGAGGIO,  et al.  2004  apud RODRIGUES,  et al.  2004). Além da infecção por helmintos a contaminação por protozoários está entre os mais frequentes agravos do mundo (RODRIGUES, et al. 2004).

A toxoplasmose é uma das zoonoses mais comuns em todo o mundo. A soroprevalência de Toxoplasma gondii na população humana do Brasil pode ir de 40 a 80% (FRANCISCO et al. 2006). Em um estudo realizado em uma comunidade rural na Cidade Eldorado, Mato Grosso do Sul, com 73 amostras analisadas mostrou que 79,45% foram positivas para anticorpos anti-Toxoplasma gondii. MARQUES, et al. 2008, LEÃO, et al. 2004 relataram em seus estudos que houve 70,7% (165) de soropositividade para imunoglobulina G (IgG) anti-toxoplasma entre 205 mulheres puerpérias e que não houve significância relacionada à faixa etária. O T. gondii emergiu como uma das infecções oportunistas mais comuns em pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) (DUBEY, et. al. 1998). LUFTI & REMINGTON, (1992) estimam que em pacientes com AIDS, a taxa de mortalidade para toxoplasmose varia entre 3 a 20%.

Os felídeos são o ponto-chave da epidemiologia da toxoplasmose, sendo os únicos hospedeiros da forma sexuada, e definitivos do parasito (SPARKES, et al. 1998 apud LAGONI, et al. 2001). O número de oocistos em uma só evacuação de um gato infectado é da ordem de 2 a 20 milhões, isto em 20 gramas de fezes, que misturados com o solo podem assegurar uma concentração de 10 a 100 mil oocistos por grama. Acrescentando-se o fato de permanecerem os gatos infectados por um ano ou mais, e os oocistos após embrionarem-se no solo se manterem viáveis por 1 a 1,5 ano no solo úmido e sombreado (REY, 2001). No oocisto de Toxoplasma gondii há uma associação da membrana, com elementos do citoesqueleto que permite a este parasita manter a sua integridade mecânica e possibilita a sua motilidade deslizamento e invasão celular (LEMGRUBER, et al. 2009). Foi realizado um estudo retrospectivo ou caso controle em uma amostra de 500 pessoas selecionadas aleatoriamente da população de Ribeirão das Neves, MG, Brasil, para verificar se variáveis ligadas ao contato com animais no domicílio estariam associadas à ocorrência da infecção humana por Toxoplasma gondii. Foram obtidas associações estatisticamente significativas com relação ao contato com gatos, galinhas e porcos no domicílio e nenhuma associação quanto ao consumo de carne, leite e ovos (CAMARGO, et al. 1995).

A toxoplasmose não é doença objeto de vigilância epidemiológica, entretanto, possui grande importância para a saúde pública, devido a sua prevalência, apresentação em pacientes imunossuprimidos e gravidade dos casos congênitos. Estima-se que 70% a 95% da população estejam infectados. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

Em virtude da cidade de Palmas-TO, possuir praças com áreas destinadas à recreação, com pisos de areia descoberta, cercada e não cercada e os maus hábitos da população freqüentadora das praias que não apanham as fezes eliminadas por seus animais tornou-se importante realizar a avaliação parasitológica dessas áreas.

O presente estudo teve como objetivo pesquisar, identificar e demonstrar a presença de ovos, larvas de helmintos e cistos e oocistos de protozoários principalmente T. gondii, e revelar o mono e poliparasitismo na areia de praias e praças da cidade de Palmas, Tocantins. Verificar a sensibilidade dos métodos utilizados na pesquisa. E realizar um estudo comparativo com outras pesquisas já publicadas, além de contribuir com as ações de Vigilância Sanitária e Epidemiológica

 

 

2 MATERIAL E MÉTODOS

 

 

2.1 Seleções dos locais de coleta

 

Este estudo foi realizado no período de setembro a outubro de 2009 com uma amostra colhida em cada área a ser analisada.

A coleta da areia foi realizada em cinco praias (Praia das Arnos, Praia da Graciosa, Praia do Cajú, Praia do Prata e Praia dos Buritis), e cinco praças (Parque Sussuapara, Praça dos Girassóis, Parque da Praia Graciosa, Praça da Aureny I e Praça da Aureny III) contendo área de recreação infantil com pisos de areia, abrangendo os setores Norte, Centro e Sul da cidade de Palmas, TO.

 

2.2 Coleta das amostras

 

Em onze pontos distribuídos uniformemente na determinada área de estudo foram coletadas porções de areia até totalizar 1.000g (RODRIGUES, et al. 2004). Primeiramente foram retirados os detritos da camada superficial, por meio de raspagem com o auxílio de uma pá de jardineiro. Cada porção coletada foi de aproximadamente 4cm2 e 16cm3 de profundidade considerando a camada superficial, e também foi evitada a colheita de fezes. A areia coletada foi imediatamente acondicionada em sacos plásticos limpos e secos de 2000g, os sacos foram rotulados e em seguida levados para Laboratório de Parasitologia do Complexo Laboratorial do CEULP/ULBRA para preparo e posterior análise.

 

2.3 Preparo das amostras

 

A amostra foi bem homogeneizada e em seguida pesada com o auxílio de uma balança dínamo com capacidade de 12Kg para uso doméstico (Performance Plus); o excedente foi retirado. Os 1.000g de areia foram colocados em uma peneira de plástico contendo uma gaze dobrada em quatro e então foi adicionado sobre as mesmas 1000 ml de água para lavagem, o filtrado foi aparado em vasilha de plástico com capacidade para 3.000 ml. Logo em seguida o filtrado foi transferido para uma vasilha de plástico com largura de aproximadamente 13cm de diâmetro e capacidade para 1.200ml devidamente rotulada, e então deixado em sedimentação 24h. Posteriormente foram retirados com cuidado para não haver ressuspensão, 800 ml do sobrenadante, com a ajuda de uma seringa de 20 ml. Os 200 ml restantes foram homogeneizados e utilizados para proceder aos métodos.

 

2.4 Análise das amostras

 

Os métodos escolhidos para pesquisa dos parasitos foram Hoffman (1934) especifico para ovos pesados devido a diferença de densidade da água e dos mesmos, Faust (1939) especifico para cistos e oocistos leves devido a mudança de densidade após adição do sulfato de zinco (ZnSO4) e Rugai (1954) especifico para larvas devido o termotropismo e hidrotropismo das mesmas. Os métodos foram utilizados na tentativa de aumentar a sensibilidade para uma maior possibilidade de encontro dos parasitos nas suas mais variadas formas.

As amostras primeiramente foram analisadas pelo método de Hoffman, Pons e Janer (1934). Foram transferidos após homogeneização os 200 ml do material preparado para dois cálices cônicos devidamente identificados e as suspensões foram deixadas em repouso por 24 horas. Findo as 24 horas foi introduzida uma pipeta obliterada no cálice para retirar o sedimento. E parte do mesmo foi colocado numa lâmina de vidro, adicionado uma gota de lugol, coberto com lamínula e examinado ao microscópio com aumento de 100 e 400 vezes; foram analisadas 3 lâminas por cálice.

Em seguida, as amostras foram analisadas pelo método de Faust et. al. (1939). Com o auxilio de uma pipeta de 20ml foram retirados 15ml do sedimento dos cálices de sedimentação foram colocados tubos de plásticos de 20ml devidamente identificados. Foi aferido o volume com água e posteriormente centrifugado a 2.500rpm um minuto o sobrenadante foi retirado e o sedimento ressuspendido com um aparelho agitador (vortex) e  adicionado água destilada. Os procedimentos de centrifugar, desprezar e ressuspender foram repetidos 2 vezes. Na última etapa do procedimento a água foi desprezada, o sedimento ressuspendido com o aparelho agitador, e acrescentou-se Sulfato de zinco (ZnSO4) a 33% (densidade de 1,18g/ml). O material foi submetido a mais uma centrifugação formando uma película superficial a qual foi retirada com o auxílio de uma alça de platina, colocada em lâmina de vidro, corado com lugol e coberto com lamínula e visualizado ao microscópio com aumento de 100 e 400 vezes.

Por último as amostras foram analisadas pelo método de Rugai, Mattos e Brisola (1954) utilizando o material dos cálices de sedimentação. Primeiramente foi desprezado o sobrenadante e o sedimento foi homogeneizado. Em seguida foram aquecidos 100 ml de água a 45° utilizando cálice de vidro, termômetro e chapa aquecedora, a água aquecida foi colocada em cálice cônico devidamente identificado. Logo após foi estendida sobre a abertura do cálice uma gaze dobrada em quatro e o sedimento homogeneizado e colocado sobre a mesma. As quatro extremidades da gaze foram unidas com fita adesiva branca formando uma trouxa que foi colocada em contato com a água aquecida e presa a lateral do cálice. O material, assim preparado, foi deixado em repouso durante uma hora. Em seguida uma alíquota do sedimento foi retirada, com uma pipeta obliterada e o sedimento foi colocado em uma lâmina de vidro e foi adicionada uma gota de lugol e o material coberto com lamínula, e examinado ao microscópio com objetivas de 100 e 400 vezes, foram analisadas 2 lâminas por amostra.

 As estruturas encontradas nos três métodos foram fotografadas com uma câmara de resolução de 5 (Mega Pixels) para posterior identificação.

 

2.6 Identificações das estruturas

 

As imagens armazenadas na câmara foram passadas para o computador, analisadas e identificadas. Tendo como referência os seguintes Atlas COLES (1980), BLAGBURN & DRYDEN, (2000).

 

 

3. RESULTADOS

 

No total de 38 (100%) parasitos encontrados nas cinco praias pelos três métodos, o método de Hoffman apresentou 27 (71,1%) de positividade, enquanto que o método de Faust 9 (23,7,%) e Rugai 2 (5,3%). Do total de 19 (100%) parasitos encontrados nas cinco praças pelos três métodos, o método de Hoffman apresentou 10 (55,6%) de positividade. Enquanto que o método de Faust alcançou 5 (27,8%) e Rugai atingiu 4 (22,2%).(Figura1)

 

        Figura: 1 Percentual de positividade de cada métodos por  área analisada.

Das cinco praias analisadas 1 (20%) estavam monoparasitadas e 4 (80%) poliparasitadas. Das cinco praças analisadas 2 (40%) estavam monoparasitadas e 3 (60%) poliparasitadas.(Figura 2)

 

       Figura: 2 Percentual de mono e poliparasitismo por área analisada.

 

 

 

Praias

 

 

Os parasitos mais encontrados do total de cinco praias foram cisto de Balantidium coli, ovo de Ancylostoma sp. e Toxoplasma gondii atingindo um percentual de 4 (13,3%). 3 (10%) para larvas de Strongyloides stercoralis e 2 (6,7% ) para outros Coccideos,  Isospora sp. e Entamoeba sp.. Os demais parasitos, Toxocara sp., aneis de Taênia, ovo de outros cestodas, Emeiria sp., ovo de Taenia sp., ovo de Tricuridae, ovo de Hymenolepis diminuta, ovo de Enterobius vermicularis e larva de Ancylostoma sp., apresentaram 1 (3,3%).(Figura 3)

 

    Figura: 3 Percentual de parasitos encontrados nas cinco praias pelos três métodos.

 

 

Dos 30 (100%) de parasitos encontrados nas praias 15 (50%) eram helmintos e 15 (50%) eram protozários.(Figura 4)

                               Figura: 4 Percentual de Helmintos e Protozoários

 

Do total de cinco praias analisadas a Praia da Graciosa apresentou 10 (33,3%). Seguida da Praias das Arnos e dos Buritis com 7 (23,3%), Praia do Cajú 5 (16,7%), e Praia do Prata com 1 (3,3%) de parasitismo.(Figura 5)

 

               Figura: 5 Percentual de resultados positivos por praia.

 

 

Praças

 

Foram encontrados sete espécies diferentes de parasitos no total de cinco praças estudadas.Todas as praças foram positivas para a presença de  larvas de  S. stercoralis atingindo 5 (38,5%). Foram identificados 4 (30,8%) de ovos de  Ancylostoma sp. Os demais parasitos Eimeria sp., Toxoplasma gondii, Balantidium coli, outros coccídios e Isospora sp. alcançaram 1 (7,7%).(Figura 6).

                Figura: 6 Percentual de parasitos encontrados nas cinco praças.

 

 

Dos 14 (100%) parasitos encontrados nas praças 9 (64,3%) eram helmintos e 5 (35,7%) eram protozários.(Figura 7)

                           Figura: 7 Percentual de Helmintos e Protozoários.

 

Das cinco praças analisadas a Praça da Praia Graciosa apresentou maior parasitismo 5 (35,7%), seguida do Parque Sussuapara 4 (28,6 %), Praça dos Girassóis  3 (21,4%) e Praças do Aureny III e I 1 (7,1%). (Figura 8)

.

               Figura: 8  Percentual de resultados positivos por praça.

 

 

4. DISCUSSÃO

 

 

Foram utilizados três métodos com especificidades diferentes, potencializando a pesquisa, e possibilitando o encontro de parasitos de diferentes formas, biologia e pesos. A aplicação de vários métodos para a realização do exame parasitológico torna-se necessário, tendo em vista a variabilidade morfológica e biológica apresentada pelos parasitos (NOLLA& CANTO, 2005).

O método de Hoffman alcançou maior positividade que os métodos de Faust e Rugai, tanto nas praias quanto nas praças. Isso se deve ao fato do método em questão possibilitar o encontro de estruturas pesadas e leves. Na pesquisa de ANDREIS et. al, (2008) foram utilizados dois métodos Hoffman e Faust,  para pesquisa em solos e fezes, e entre eles o de Hoffman se mostrou mais sensível para diagnóstico (81,8%). No seu estudo o autor indica a partir de seus resultados que o método de Hoffman já consagrado pode ser utilizado rotineiramente e com confiabilidade nos laboratórios de diagnóstico, desde que observadas às recomendações de boas práticas de laboratório.

 Na pesquisa de MATESCO, et al. (2006) realizada em areia de praias da cidade de Porto Alegre RS, o parasito mais encontrado foi Ascaris lumbricoides parasito de origem humana porém, nas praias de Palmas as espécies mais encontrados foram na sua maioria de origem animal. Presume-se que a contaminação das areias das praias de Porto Alegre são provenientes por sua maioria de dejetos humanos e de Palmas de contaminação por fezes de animais. Mas, também foi encontrado parasito de origem zoonótica em Porto Alegre, só que em pequena quantidade como Toxocara sp. que também está presente em Palmas na mesma proporção 3,3% o que se deve a presença de cães nas praias das duas cidades. SCANI, et al. (2003) em  seus resultados demonstraram que os cães desempenham um importante papel como fonte de contaminação ambiental de parasitos.

            Todas as praias analisadas estavam parasitadas. SANTOS, et al. (2006), em estudo realizado na areia  de praias na cidade de Salvador, também encontraram um resultado de (100%) de parasitismo das áreas analisadas, sendo que os parasitos mais encontrados foram Ancylostoma sp. e Toxocara sp. Nesse estudo um dos parasitos mais encontrados também foi ovo de Ancylostoma sp.. Porém, diferente de SANTOS, et al. (2006), o Toxocara sp. foi o menos encontrado nas áreas analisadas.

 O poliparasitismo elevado das praias, pode ter relação com o fato de as pessoas que possuem barracas nas praias das Arnos, Buritis e Cajú, criarem animais de estimação como cães e gatos.

Foram encontrados sete espécies de diferentes parasitos nas praças. A positividade para helmintos foi maior que a positividade para protozoários diferente de ANDREIS, et al. (2008) que, em estudo realizado em solo de praças de recreação infantil e fezes de crianças, observou que a taxa de prevalência de helmintos foi menor que a de protozoários. SCANI, et al. (2003) avaliaram amostras de fezes de cães na da região central da praia de Balneário Cassino, RS, onde observaram que 86,1% das amostras apresentaram positividade para ovos e/ou larvas de helmintos (contaminação simples 66,7% e contaminação mista 33,3%), sendo que o principal verme encontrado foi ovo de Ancylostoma sp. Em (71,3%). Na pesquisa de Palmas a maior positividade também foi de ovos e larvas de helmintos, porém houve menos contaminação simples do que mista. Apenas as praças do Aureny III e I estavam com contaminação simples. Diferente de SCANI, et al.(2003), o principal parasito encontrado foram larvas de S. stercoralis seguido de ovo de Ancylostoma sp. apenas uma praça estava contaminada por T.gondii. Nas pesquisas de GUIMARÃES, et al. (2005) feitas também em praças foram encontrados números altos de Toxocara sp. e  Ancylostoma sp., diferente da presente pesquisa onde não foi encontrado ovo de Toxocara sp., mas foi encontrado também um número alto de ovos de  Ancylostoma sp..

Foi encontrado T. gondii numa proporção de 13,3% nas praias e 3,3% nas praças. A Praça da Praia Graciosa foi a única a apresentar o parasito.

 

 

5.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

Conclui-se nesse estudo que a areia de todas as praias e praças analisadas estão contaminadas com protozoários e helmintos. Algumas áreas em menor e outras em maior proporção. As praias estavam mais poliparasitadas do que as praças. O método de Hoffman se mostrou mais sensível que os métodos de Faust e Rugai na pesquisa de parasitos nas praias e praças, devido o mesmo ser específico tanto para estruturas leves, quanto para estruturas pesadas. O fácil acesso de animais aos locais de recreação é o principal fator da positividade das áreas analisadas. Por isso torna-se necessário a aplicação de medidas profiláticas por parte das autoridades locais na captura de animais vadios, e no caso das praças a troca de areia dos pisos de recreação, e a aplicação de telas de proteção. Essas medidas são indicadas para a profilaxia de zoonoses obtidas pelo contato com o solo (ARAÚJO, et al. 1999). Além da conscientização da população freqüentadora, de que também são responsáveis pelo bem estar ambiental. Estes resultados são de grande relevância pública, pois todos os parasitos encontrados são nocivos ao homem e as medidas profiláticas ambientais devem ser emergencialmente realizadas por órgãos competentes para não comprometer o lazer da população palmense.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

 

 

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Autor: Edinamar Silva Santos


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