Inclusão: Direito De Todos



INCLUSÃO: DIREITO DE TODOS

RESUMO

A educação inclusiva, tema que tem motivado inúmeras e interessantes discussões, diz respeito à educação de boa qualidade para todos. Esse artigo tem como tema central "Inclusão: direito de todos" objetiva o estudo e aanalise das representações sociais. O que diz a lei o que de fato vemos nas escolas, que nos leva a refletir a pratica em sala de aula com um novo olhar, sensível as necessidades e diferenças de cada um, respeitando os limites e as possibilidades de crescimento individual e grupal de todo cidadão. Relata desafios de uma experiência vivida em sala de aula com alunos portadores de necessidades especiais, destacando os desafios e a conquista adquirida pelo educador em busca de melhoramento e desempenho para lhe dar com o novo desafio.

Palavras-chave: inclusão – direito de todos – educação - experiência

ABSTRACT

The inclusive education, subject that has motivated innumerable and interesting quarrels, says respect to the education of good quality for all. This article has as central subject "Inclusion: right of all" objective the study and analyzes it of the social representations. What it says the law what in fact we see in the schools, that in take them to reflect practice it in classroom with a new to look at, sensible the necessities and differences of each one, respecting the limits and the possibilities of individual and group growth of all citizen. It tells challenges of an experience lived in classroom with carrying pupils of necessities special, detaching the challenges and the conquest acquired for the educator in improvement search and performance for giving to it with the new challenge.

Word-key: inclusion – right of all – education - experience

1 INTRODUÇÃO

O programa de Educação Inclusiva tem como objetivo em tornar a educação acessível a todas as pessoas e com isso, atender as exigências de uma sociedade que vem combatendo preconceito e discriminação. A inclusão consiste em uma ação ampla que sobre tudo em países onde há diferenças muito grande, propõe uma educação de qualidade para todos.

Quando se fala em inclusão, o sentido é muito intenso, não se limita somente à escola,mas refere-se a toda área que uma pessoa ocupa,seja escolar, profissional, pessoal ou social. Nos últimos anos a inclusão de deficientes no mercado de trabalho se tornou realidade graças a lei federal 8213/91, que fica a obrigatoriedade de reserva de vagas para deficientes como números de empregados.

Com a obrigatoriedade dessa lei tomamos consciência que devemos incluir todos, independentes de raça, cor, etnia etc. Cabe ao país promover a inclusão social de pessoas com deficiência construindo soluções e serviços para ampliar o exercício da cidadania.

Para que haja a inclusão social para todos, é preciso mudar nossa forma de pensar e agir, é preciso respeitar o outro como ele é, respeitar as diferenças e o tempo de aprendizagem de cada ser.

Para inclusão educacional ter resultados positivos, um dos pré-requisitos é, principalmente, preparar a escola, o educador e o educando para receberem os alunos com necessidades especiais. O trabalho de inclusão educacional é um desafio, não é um trabalho isolado do educador, mas um trabalho de toda uma sociedade ou comunidade envolvida em melhorar a qualidade de vida dessas pessoas tão especiais que tanto nos surpreendem.

Como educadores deveríamos ser impelidos a uma analise cotidiana e sistemática da pratica educativa pautada no respeito e no sentido de favorecer a aprendizagem de todos os educandos, independente da natureza e complexidade de suas dificuldades.

A educação tem por lei e direito, garantir a todos e favorecer o acesso ao conhecimento produzido pela humanidade. O direito à educação é assegurado a todos os brasileiros, pela Constituição Federal, independente de raça, idade ou classe social.

O Decreto nº. 6215, de 26 de setembro de 2007 "estabelece o compromisso pela inclusão das pessoas com deficiência (...)".

No art. 2º. O governo Federal, atuando diretamente ou em regime de cooperação com os demais entes federais e entidade que se vincularem ao compromisso observará, na formulação e implementação das ações para a inclusão das pessoas com deficiência, as seguintes diretrizes:

IV – tornar as escolas e seu entorno acessíveis, de maneira a possibilitar a plena participação das pessoas com deficiência.

VI – garantir que as escolas tenham salas de recursos multifuncionais, de maneira a possibilitar o acesso de alunos com deficiência.

2 DESENVOLVIMENTO

Se o Governo Federal assegura o direito aos alunos com necessidades especiais de freqüentar uma escola regular, porque algumas escolas particulares e públicas não respeitam essa decisão? São freqüentes queixas de pais com filhos com necessidades especiais, porque muitas escolas não recebem essas crianças e dizem que não têm condições de trabalhar de forma diferenciada.

A lei é clara e diz que todos têm direito a educação. É revoltante o preconceito que essas crianças sofrem.

Como professora de uma escola particular em João Pessoa, recebi dois alunos com necessidades especiais, fiquei um pouco apreensiva de inicio, mas os recebi com muito carinho. Passei a conversar com os pais deles e me inteirar das dificuldades de cada um. Percebi que deveria pesquisar para saber como trabalhar com eles.

Foi uma batalha, não me acomodei, busquei informações, fiz curso de aperfeiçoamento, li bastante e muitas vezes chorei, porque não tinha certeza se iria conseguir caminhar junto com "minhas crianças". Em minhas pesquisas descobri que a lei nº. 9394/96, no art. 59 afirma:

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

*currículos, métodos, técnicas, recursos educacionais e organizações específicas para atender as suas necessidades.

*professores com especialização em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para integração desses alunos nas classes comuns.

Comecei a lutar contra preconceitos na sala de aula, envolvendo todos os alunos para que os dois alunos especiais sentissem que podiam confiar na sua professora. Li, refleti sobre a lei que fala sobre currículo. Currículo é tudo que a escola faz. É um plano pedagógico e como todo plano, pode ser revisto, modificado e adaptado.

Os alunos especiais precisam de uma metodologia voltada para suas necessidades.

A escola é uma instituição que tem por finalidade ensinar bem a totalidade dos alunos que a procuram.

Nessa batalha descobri que não estava só. A direção da escola nos propiciou curso de capacitação e investiu em nosso aperfeiçoamento.

Incluir uma criança com necessidades especiais na escola regular significa proporcionar aos alunos e ao professor o aprendizado de conviver com a diversidade.

As escolas públicas deveriam se engajar mais nessa luta contra o preconceito, sair do comodismo e cobrar mais das autoridades.

Em busca de nos especializarmos, fizemos um curso com a pedagoga e diretora de uma escola do Recife para alunos com necessidades especiais, Rejane Maia. Foi gratificante a aprendizagem desse curso – "pedagogia inclusiva: contribuição a uma nova prática em sala de aula". Tivemos a oportunidade de tirarmos nossas dúvidas, que eram muitas. Tivemos acesso a uma gama de informações que nos ajudou no dia-a-dia e fomos incentivados a não desistir da luta, porque somos um, mesmo sendo diferentes. Como bem expressa Guimarães Rosa em sua poesia:

"O senhor... mire e veja o mais importante e bonito do mundo é isto, que as pessoas não estão sempre iguais; não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afirmam verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alega montão".

As pessoas não são iguais, portanto o aprendizado também não é igual. A aprendizagem situa-se num processo de enriquecimento tanto para quem oferece como para quem recebe.

Do curso ministrado por Rejane Maia, ela nos relata sua experiência que serve para nos fortalecer e nos impulsiona a não cruzar os braços diante dos desafios que a vida nos oferece.

Segundo Rejane Maia (2004):

"O convívio diário como professora, com alunos com necessidades especiais, iniciado há vinte e cinco anos e a atuação, desde 1982, como orientadora de professores de Educação Especial, impulsionou-me a uma reflexão cotidiana e sistemática da prática educativa pautada no respeito à diversidade e orientada no sentido de favorecer a aprendizagem de todos os alunos independente da natureza e complexidade de suas dificuldades".

Com base no que diz Rejane Maia e buscando indagações para meu dilema, descobri que mais de 500 alunos do processo histórico da organização do espaço brasileiro transformaram o país num enorme centro de crises e desigualdades sociais.

Como diz Meneses (1998, p.201):

"A marginalização e a exclusão social são frutos do "modelo" de desenvolvimento adotado e só haverá integração econômica e social de toda a população se a justiça, a liberdade e a solidariedade forem adotadas como princípios e valores de uma nova ordem".

A escola, criada para atender as necessidades de todos, exclui aquele que muitas vezes já são excluídos ate da família e da sociedade elitizada.

Na sala de aula, com dois alunos especiais (um tinha 10 anos e tinha o pensamento como o de uma criança de 5 a 6 anos de idade) era fisicamente normal, aprendi a aprender com ele. Levava seus cadernos para casa e passava horas olhando sem saber o que fazer, até que comecei a agir de acordo com a mentalidade cronológica dele. As atividades eram propicias para jardim I ou II, o método deu certo, não foi fácil e hoje ele tem 13 anos, e já está cursando o 6º ano.

Conforme Rejane Maia (2004), não podemos tratar igualmente os "diferentes", temos sim, que utilizar instrumentos e adaptações quando necessário.

A outra aluna, tinha deficiência física, mal andava e as mãos eram torcidas como se estivessem quebradas, falava pouco, foi meu maior desafio. Ela tinha problemas cardíaco e respiratório, a maior dificuldade que enfrentei foi fazer com que pegasse no lápis para escrever.

Meu pensamento era que ela tinha que ser alfabetizada, saber ler e escrever, com o passar dos meses vi que ela tinha outras necessidades. A de falar, ela precisava conversar, então mudei mais uma vez a metodologia que vinha aplicando e passei a ouvir suas histórias. Principalmente de seu cachorrinho (às vezes só entendia uma parte dessa história).

A partir dessas histórias comecei a ensinar cores, palavras e letras. Foi uma vitória quando um dia perguntei: "você quer pintar hoje?" Ela olhou bem para mim e disse: "Quero o lápis amarelo!" quase chorei, ela tinha dificuldades de codificar cores e objetos e naquele momento ela mostrou-me que vale a pena tentar, que vale a pena ser professora. Uma passagem do livro de Augusto Cury, Filhos brilhantes, alunos fascinantes expressa a minha satisfação daquele momento.

"Somos professores? Muito mais!"

Entendo que a função do professor exige uma formação de caráter permanente, uma constante reflexão acerca da sua prática pedagógica e uma abertura para a renovação de idéias.

No Brasil, temos 27 milhões de brasileiros portadores de deficiência, e só 14% deles estão inclusos no mercado de trabalho e menos ainda em sala de aula.

Devemos nos unir, independente de sermos educadores de escolas particular ou pública, nossa luta é pela igualdade, direito de educação para todos. Não devemos parar de sonhar, porque os sonhos acontecem mesmo os mais distantes.

3 CONSIDERAÇOES FINAIS

Meu objetivo principal é o de chamar a atenção para uma realidade que se faz presente em nosso país. A inclusão é direito de todos e fazemos parte da transformação da educação do nosso país. Somos responsáveis pelos nossos atos e só teremos êxito na inclusão se começar a partir de mim.

A literatura brasileira já vem avançando em sua forma de conscientizar os leitores. Lembram-se do patinho feio, excluído de sua família? Muitos escritores como Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Ziraldo e outros nos sensibilizam, nos fazendo refletir.

Segundo Anderson (1995):

"Seria muito triste se fôssemos contar todos os sofrimentos, toda a infelicidade que ele foi obrigado a enfrentar naquele inverno tão frio. Mas, um dia, o patinho estava deitado no pântano, no meio dos juncos, quando os raios do sol começaram a brilhar e as cotovias a cantar. Havia chegado à primavera".

Como para o patinho feio, havia chegado à hora de ele tornar-se um belo cisne, mas na realidade a vida não é um conto, onde tudo acaba bem. Tudo depende de nossos atos e disponibilidade na busca de contribuir para o bem do outro e do nosso próprio bem. Com a minha aluna especial, passei um ano onde aprendi muito. Ela adoeceu e fui ao hospital visita-la, achava que não lembraria mais de mim. Quando me virei ela gritou: "ela veio, é ela, é ela, mainha é ela"! Chorei de emoção! Ela começou a contar a história do cachorrinho dela, ouvi tudo atentamente. Dois dias depois ela faleceu com insuficiência respiratória, ela tinha 15 anos de idade.

Valeu a pena, ter me dedicado a alguém especial, que me deixou boas recordações e mostrou-me que somos capazes quando nos dispomos.

A inclusão é uma trajetória difícil, mas os avanços que obtemos, inclusive comparando e compartilhamos experiências, anima-nos a continuar acreditando, lutando, ousando e contribuindo para que a inclusão seja de fato direito de todos.

Finalizo meu relato, acreditando no potencial de cada educador, e acrescentando que essa luta ainda não chegou ao fim, mas creio na transformação da educação e na dignidade de uma classe que luta por direitos iguais, porque para a maior força do universo "Deus" somos todos iguais.

Cumpri meu papel de educador quando recebi dois alunos especiais e não cruzei os braços, e se todos agissem dessa forma teríamos um país mais justo, igualitário e professores prontos a refletirem sobre sua ação pedagógica como afirma WARSCHAUER (1993: 35):

"O professor toma consciência das relações entre o que pensa e o que faz, entre suas intenções e realizações, aproximando teoria e pratica pedagógica. É um movimento dialético, pois toma a pratica pedagógica mais lúcida, coerente e justa. (...) possibilita ao professor articular os objetivos mais gerais da educação escolar e a realidade concreta de seus alunos".

De repente na família de uma pata nasce um patinho feio, foi excluído pela família. Tornou-se um cisne

Em Belém numa manjedoura nasce uma criança, excluído da sociedade, tornou-se o rei de uma nação.

Não devemos excluir ninguém, porque estamos indo de encontro à lei 9395/96 e ela garante "Inclusão: para todos".

REFERÊNCIAS

Construir noticias. Nº. 29, ano 5 julho/ agosto 2006, p.42. ________ nº. 31, ano 5 novembro/ dezembro 2006, p.40-42.

CURY, Augusto. Filhos brilhantes, alunos fascinantes. Editora Academia de Inteligência, 2006.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB, de 20 de dezembro de 1999.

MENESES, J. G de C. et al. Estrutura e funcionamento da básica: leituras educação. São Paulo: Pioneira, 1998.

WARSCHAUER, A roda e o registro: uma parceria entre professor, alunos e conhecimentos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.


Autor: ana carvalho


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