Bar.



A cena para mim foi marcante! Passando em frente a um bar, parei meu carro enquanto o esperava o semaforo abrir. Olhei á minha direita e vi alguns homens bebendo, assentados atrás das mesinhas que o bar coloca na calçada. Um deles me chamou a atenção. Parecia ter cerca de 45 anos. Olhos vermelhos, encurvado na cadeira, mirava algo á sua frente que parecia nao existir. Um olhar enigmatico. Nao sei por qual motivo senti dentro de mim como que uma certa sintonia com aquilo. Me deu a impressão de que ele ansiava por alguma coisa que nao sabia o que era ao certo, mas que o motivava a fixar o olhar. No entanto, apesar deste olhar voltado para fora da sua condiçao, lá estava ele, ás 10 horas da manhã, fazendo do liquido sua companhia mais solidária, quem sabe, o escape da verdadeira realidade. Bebia para conseguir se manter vivo. Seu olhar, ao mesmo tempo, ansiando por algo maior, era a sintese da decepção. Nao conheço sua historia e tudo que sei dele julguei apenas pelo seu olhar. Mas, sua condiçao fisica precaria, suas vestes sujas, seu rosto envelhecido me apresentaram um personagem para quem a vida só pode ser encarada na companhia de uma muleta alcoolica. Viver talvez nao seja tão simples, mas com certeza, nao pode ser um fardo. È triste quando alguém precisa de um estimulo externo para existir porque sua alma morreu, porque nao encontra dentro de si algo por que lutar, sonhar, se alegrar. Como aquele homem, outros tantos estão sentados na melhor fase da vida, e a unica coisa que os mantém vivos é um gole, o trabalho, o dinheiro, o consumo. Dentro deles existe uma ausencia, que nem eles mesmos conseguem definir. Mas, ao mesmo tempo, o olhar distante daquele homem é o sinal mais evidente da busca pela transcendencia. Existe uma esperança naquele olhar, quem sabe um dia Deus resolve se mostrar para ele, e convida-lo a sair da arquibancada e entrar para o time principal. Deus tem feito isso constantemente com as pessoas. Ele sabe que nós temos este olhar enigmatico, procurando por algo perdido. E como nos ama apaixonadamente, Ele diminui a nossa dor da existencia, aparecendo em nossa historia e nos convidando a celebrar com Ele a dança da vida!
Autor: Caleb Mattos


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