CARNAVAL: Festa ou Ilusão?



O povo brasileiro é divertido por natureza. Temos festa pra tudo. Se for preciso festamos o ano inteiro. Somos tão originais, que a nossa maior festa, o carnaval, tem ritmo próprio: o samba. Nossos antepassados criaram o samba para que o nosso carnaval fosse estritamente original, sem cópias, ou seja, nem mesmo os americanos conseguem brincar o carnaval como nós. Não possuem samba no pé. Embora, o nosso folclore seja assim tão rico em tradições e belezas, acabamos como marionetes de um teatro de fantoches tão sem graça e com enredos insossos. Digo isso, por causa da nossa política, que em tempos de carnaval faz e desfaz, pois o povo está brincando e, assim, não percebe as falcatruas dos bastidores da nossa nefasta política. Não estou colocando culpa no carnaval, pelo contrário, como bom brasileiro brinco e tenho samba no pé. Mas, a realidade brasileira, não nos permite ficar isentos das bobagens e babaquises dos nossos políticos de plantão. Não estou fazendo apologias, nem colocando ninguém contra ninguém. O bom de tudo isso é que depois, ainda, conseguimos rir de alguma coisa. A política brasileira consegue ser transparente no carnaval. Sambar de olho no que vai acontecer amanhã pode ser uma tremenda jogada. O carnaval não tem limites, é quase tudo liberado, então se pode inventar alguma coisa inusitada sem ter censura. Algumas ações e processos, em trâmite, podem decolar no carnaval, desse modo alguns contratempos acabam despercebidos. Divertir no carnaval brasileiro é uma ótima opção, mas o que eu faço, aqui, agora, é chamar a atenção dessa nação sofrida com as falcatruas dos políticos que não possuem compromissos com o povo. Se ficarmos alheios às ações desses calhordas, corremos o riso de perder muito do que já é nosso: nossa liberdade. É preciso entender que quanto mais o povo distanciar das atitudes dantescas daqueles que imaginam que detêm o poder, mais e mais eles vão acreditar na vã consciência deles e, com certeza, estarão nos empurrando para o poço. Alguns destaques já foram anunciados, pela imprensa, sobre a ilusão de que a política, em nosso país, é coisa séria. Já foi ventilado que os programas e projetos, do governo, são priorizados a partir de políticas sociais para a erradicação da miséria do povo que se concentra nas periferias. Mas, em suma, os programas e projetos oriundos de estudos e análises que visam o bem-estar do povo é, decididamente, obrigação dos gestores públicos. Misturar as maselas de políticas impróprias com as festividades carnavalescas, não seria boa coisa, porém o que não deve ser feito e esquecer que o povo continua necessitado de políticas sérias e compromissadas com os problemas sociais. Diversão é bom pra qualquer um, mas as soluções dos problemas deveriam acontecer antes das festas, para que o povo pudesse divertir sem preocupação com os próximos dias. Muitos problemas ocasionados antes do carnaval ainda não foram sanados e as festividades, mesmo assim, foram garantidas, porém espera-se que após o reinado de Momo as feridas possam ser cicatrizadas. O carnaval pode ser, talvez, a nossa maior e melhor festa, mas jamais ela poderá ser usada para fazer calar o povo ou para fazer, esse mesmo povo, esquecer das promessas e da falta de compromisso e responsabilidade dos que dizem ser gestores do bem público. O carnaval sempre foi e continuará sendo uma grande festa do povo brasileiro, mas no planalto, no mínimo, alguém tem que ter samba no pé.
Autor: Waldir Rosendo


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