MAUÉS, UM MUNICÍPIO EM DECADÊNCIA



MAUÉS, UM MUNICÍPIO EM DECADÊNCIA

Por *Aldemir Bentes de Maués

                                     

 

M

aués, a bela Terra do Guaraná experimenta nestes dois últimos anos, uma das páginas mais triste de sua história. Não se viu nos últimos tempos, a inauguração sequer de uma obra de grande importância. Quando me refiro a importância, estou querendo dizer que considero como importante a ação que gera emprego e renda, como a construção civil, por exemplo.

Podemos elencar as obras que não foram concluídas e sequer se sabe se serão. As obras do porto estão a passos de preguiça real, a praça em frente ao União Esporte Clube está parada, a pracinha do Éden segue o mesmo destino, inclusive até **a placa de indicação da obra sumiu. As casas (no chamado Novo Bairro), cinqüenta, conforme o convênio, não tiveram a sua estrutura de base, alicerces, construídos conforme às normas da engenharia civil. Foi usado tijolo dobrado a cerca de 25cm de profundidade, o que significa que a segurança da edificação está comprometida, prenuncio de no futuro, o proprietário possa vir a ter sérios problemas estruturais. O correto seria usar concreto e ferragem.

O tão propagado Aterro Sanitário está paralisado e o mato toma conta do local. O Esgotamento Sanitário não foi concluído, somente quando a fiscalização do CGU esteve na cidade é que se viu a movimentação para fazer as bombas das estações funcionarem, os fiscais se foram e tudo voltou como antes, todas paradas. O antigo porto Língua da Princesa está caindo aos poucos e nenhuma obra de manutenção foi feita. A Avenida Antarctica, cartão postal de Maués, em frente à casa do Dr. Gute, na Maresia, a qualquer momento pode desabar, tudo por falta de manutenção e cuidado com o patrimônio público do município que é de todos que aqui moramos. As ruas estão todas esburacadas, causando transtornos, tanto para pedestres como para motoristas.

Na época da campanha as promessas foram tantas que podíamos imaginar que assim que terminasse o pleito, Maués seria um mar de rosas, sem problemas ou que, no mínimo, os mais profundos, seriam amenizados. Vi ministro (esse que se gaba de estar construindo vários portos e estradas) prometer levar o chefe do executivo a realizar uma verdadeira peregrinação nos diversos gabinetes ministeriais de Brasília, angariando recursos e assinando convênios para a realização de obras em Maués. Finda a eleição, os carapanãs sumiram. No próximo ano tem eleição, eles voltarão e novamente as promessas e soluções para os nossos problemas serão apresentados. Você ainda vai acreditar?

 

As obras da Orla de Maués só existem na placa, de concreto somente a praça do caixão que foi escavada e alguns vendedores ambulantes transferidos para a Rua Ramalho Júnior onde se ergueu uma réplica da Antiga Rua do Shopping, lembram?

 

Na educação a decadência é mais profunda e crônica. Um professor municipal ganha de salário base R$300,00 (TREZENTOS REAIS), abaixo de um salário mínimo, o que contraria os preceitos constitucionais que prega que nenhum trabalhador deve ganhar abaixo de um salário. Tem a regência de classe de R$90,00 (NOVENTA REAIS). O AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO, que vergonha! R$ 25,00 (VINTE E CINCO REAIS). Se o professor gastar R$1,00 (HUM REAL) por dia (tem que se alimentar de pão ou tucumã), ao final do mês ele não terá mais dinheiro. Quem possui graduação recebe R$45,00 (QUARENTA E CINCO REAIS). Para se conseguir uma graduação o professor freqüenta a universidade por cerca de no mínimo quatro anos. Será que vale a pena possuir uma graduação em Maués? Somando tudo, o professor em Maués ganha R$ 460,00 (QUATROCENTOS E SESSENTA REAIS). Resumindo, um aposentado do INSS, (sem desmerecer seus méritos e direitos) sem formação escolar nenhuma, sem graduação, sem ter que ir para a sala de aula, ganha um salário mínimo no valor de R$ 465,00 (QUATROCENTOS E SESSENTA E CINCO REAIS), mais que um professor do município de Maués. Enquanto isso pessoas do poder promovem farras, viajam para a Índia, para o Nordeste compram imóveis, carros, sem nenhum constrangimento. Pessoas que há pouco tempo não tinham onde cair vivo, pois morto se cai em qualquer lugar.

 

Dentro deste contexto e na atual conjuntura do país é possível praticar em nosso município uma educação de qualidade? Qual o estímulo que o município oferece ao educador?

Vejam, o SALÁRIO de R$ 460,00 (QUATROCENTOS E SESSENTA REAIS) ainda tem descontos. Recolhe-se para um tal Instituto de Previdência do Município. Instituto este que sequer oferece aos servidores municipais quaisquer benefícios de amparo à saúde ou outra modalidade.

Ainda no campo educacional do município os prédios escolares não receberam nenhum tipo de manutenção. Nem uma pintura sequer foi feita. O fardamento escolar ainda não foi entregue. No ano passado chegaram no mês de agosto e este ano? Enquanto isso, os gestores e gestoras das escolas têm que negociar com os pais dos alunos buscando alternativas, firmando parcerias com comerciantes locais para a confecção de fardamento escolar para seus alunos, por preços razoáveis. Cada pai, dentro de suas possibilidades, contribui para manter um caixa (fundo) com a finalidade de suprir necessidades da escola, como a compra de material de limpeza, por exemplo.

 

A decadência é tão visível que até parte da cobertura da Praça de Alimentação começou a desabar e ninguém tomou providências. Será que o seu destino será o mesmo do GM 3?

O desemprego está tão acentuado e crescente que muitas lojas estão fechando, outras se transferindo. Os barcos de linha vão lotados para Manaus. São pessoas que perderam o emprego e migram para a capital em busca de sobrevivência. O número de ambulantes tem aumentado consideravelmente nos últimos meses, tudo isso são reflexos do desespero das pessoas. A tristeza está estampada nos rostos das pessoas. A falta de esperança toma conta de pais de família.

Maués está se tornando uma cidade vazia. Vazia de pessoas, de esperança, de alegria e de sonhos.....

Só no ano passado o município recebeu cerca de R$ 27.000.000,00 (VINTE E SETE MILHÕESDE REAIS), somente em Convênios e Repasses do Governo Federal. Onde foi aplicado este montante? De que forma foi aplicado? Ou não foi aplicado? Por quê?

Um governo que se preocupa de verdade com o bem estar de seus cidadãos torna público a prestação de contas das verbas recebidas e a forma como os recursos foram aplicados. Isto é transparência. Não é nenhuma afronta, está na lei onde houver recursos públicos deve haver a prestação de contas.

Diante deste dilema vivido pela população de Maués é hora de reflexão para que possamos analisar a forma de escolha de nossos governantes. Será que vale a pena repetir a história? O candidato no qual você votou valeu a pena? Atendeu as suas expectativas? Está cumprindo com as promessas de campanha?

Por tudo que estamos passando e vendo, fica a conclusão por sua conta: Maués é ou não um município em decadência?

* * A Placa aparedceu.

 

*Aldemir Bentes é filho de Maués, Escritor, Formado em Letras pela UEA  Núcleo de Maués   Maués, 08/04/2009  às 21:57 h


Autor: Aldemir Bentes


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