Filosofia Gerencial Futebol Clube



NIETZCHE, O PEIXINHO DOURADO E AS PEDRAS

Quantas vezes não nos autoflagelamos com planejamentos e memórias do que podia ser ou do que foi. Neste momento reflito sobre o tempo que perdemos com a história, regressão, a saudades sem cura, o planejamento estratégico e outros exercícios de adivinhação de uma futurologia qualquer. Repetimos, mesmo os conhecendo, erros de um passado simplesmente por supor que conosco, desta vez, será diferente e atribuímos isso à 'maravilhosa' fé que nos move e que permite sempre acreditar. A história é pontuada por oportunistas, no local certo e na hora exata, entretanto é necessário lembrar que em uma história o título é para os vencedores, as palavras para as várias versões da verdade e as notas de rodapé para os derrotados. Quantos "Josés" se perderam nos caminhos do tempo e nem ao menos são citados? 

Os Seres Humanos tem a incrível habilidade para cometer os erros repetidamente, o que em minha opinião nos deixa subalternos aos animais, posto que as experiências Behavioristas de Skinner comprovaram que os animais se condicionam e nós dotados da incrível dádiva do raciocínio também optamos por periodicamente enfiar os dedos nas tomadas. Resgatamos fatos de relacionamentos antigos e reeditamos novas pessoas, comparamos para chegar a uma equação cartesiana em um campo completamente passional como o amor, criamos perfil para padronizar algo variável e mutante como o comportamento, criamos padrões medíocres (referentes à média) de comportamentos e julgamos os que não se enquadram punindo-os por serem singulares. 

Eu quase fecho com Nietzche, que afirma serem felizes as vacas que não se preocupam com passado nem futuro. Entretanto Nietzche não entendia muito de animais e resolvi ajudá-lo um pouco, portanto felizes são os peixinhos dourados que tem memória de 15 segundos, afinal eles aprendem e esquecem para aprender novamente estando sempre repetindo a sensação maravilhosa da primeira vez. São felizes porque não carregam sobre os ombros as necessidades de melhorar o mundo, de escrever livros, plantar árvores, apenas a de ter filhos. 

Não proponho esquecermos a racionalidade e simplesmente agirmos instintivamente e sim novamente balancearmos essa equação. Termos nossos momentos de peixinhos dourados sem colecionar mágoas, sem arquivar rancores, abandonando o xadrez da vida moderna e acima de tudo não buscando regras para o que nos surpreende pela imprevisibilidade, o amor. Nos fascinemos pelo novo sem temer aprender novamente, busquemos a singularidade, mas sem reprimir a diferença. 

Sejamos peixinhos dourados para fazer sem esperar algo em troca, afinal daqui a 15 segundo tudo se vai e começará algo novo. Sejamos fiéis sem cobrar fidelidade, iniciemos tudo do zero sem pré-conceitos e acima de tudo lembre das pedras. 

Elas estão aqui há milhares de anos, arquivam em si toda história do mundo e mesmo assim ninguém sabe a função delas na natureza e elas não estão nem se importando com isso, pois simplesmente elas são e não querem ser. Você ainda tem 14 segundos.


Autor: FLÁVIO ALEXANDRE CAVALCANTE


Artigos Relacionados


Patty Lan House

DiÁrio De Um Depressivo

O Chão

Moradores Do Tempo

Nordeste Que JÁ Morreu

Desabafo PoÉtico

A Mata Que NÃo Existe Mais