Distúrbios do Coração e dos Vasos Sanguíneos



Introdução

Embora uma parte estimada de 5 a 10% da população mundial seja portadora da alteração no coração chamada de prolapso mitral, um número reduzido de portadores enfrenta problemas, por isso é algo um tanto quanto desconhecido da maioria das pessoas no que se trata de doenças cardíacas.

Busca-se com esse artigo levar um pouco de conhecimento acerca do tema, assim como algumas recomendações de médicos e doutores.

1. Prolapso de Válvula Mitral

Prolapso de válvula mitral ou síndrome de Barlow é a alteração mais frequente que acontece com o coração e estima-se que ela afete de 5 a 10% da população mundial, segundo informações do cardiologista José Ângelo Bezerra da Silva. A palavra prolapso significa um deslizamento ou deslocamento de parte de um corpo à sua posição usual.

No caso da válvula mitral normal, há dois folhetos localizados entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo. Esses folhetos estão ligados à parede interna do ventrículo esquerdo por uma série de feixes denominados de cordoalhas. Quando o ventrículo se contrai, os folhetos da válvula mitral se ajustam perfeitamente, prevenindo o refluxo de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo. É em relação a essa linha que se dá a ocorrência de prolapso mitral, sempre que os folhetos da válvula funcionam acima dela pelo lado atrial, pois o movimento normal de fechamento dos folhetos ocorre abaixo desse limite, pelo seu lado ventricular. Ou seja, os folhetos ou os músculos papilares e suas cordoalhas são demasiadamente longos, ocorrendo também um aumento do anel valvular.1.1 Causas do Prolapso da válvula MitralNa maioria das pessoas, a causa é desconhecida, mas em outros parece ser geneticamente determinada por uma alteração do tecido conjuntivo. Uma redução na produção do colágeno tipo III é outro fator identificado, pois através da microscopia eletrônica tem sido demonstrado uma fragmentação das fibras colágenas. Esse tipo de prolapso pode estar associado a deformidades esqueléticas (toráx e coluna vertebral) e já foi descrita a acentuação do arco palatino nesse tipo de pacientes, bem como pode ocorrer como sequela de febre reumática.

Os membros da família afetados frequentemente são altos, magros, com grandes dedos e coluna reta. São frequentemente acometidas mulheres entre vinte e quarenta anos, mas também os homens apresentam prolapso de válvula mitral

Uma causa mais comum da insuficiência mitral é o infarto do miocárdio, o qual pode lesar as estruturas de sustentação da válvula mitral.

1.2 Sintomas mais comuns do Prolapso da Válvula Mitral

A maioria das pessoas com este tipo de problemática não tem nenhum sintoma e só é descoberto quando um médico ouve um tipo específico de ruído (sopro) no coração durante um exame de rotina.Algumas pessoa podem desenvolver palpitações e a síncope (devidas a distúrbios do ritmo cardíaco), dor de cabeça (cefaléia), dor torácica,, um pulso acelerado (taquicardia), desmaio, sensação de tontura, falta de ar e fadiga, sendo esta última a mais comum. Se prolongada, pode haver também dor no peito, normalmente localizada debaixo do esterno (osso no meio do peito), como uma angina ( a dor no peito da doença das artérias coronárias ), necessariamente não está relacionada aos exercícios físicos, é diferente da apresentada em outra doença coronariana.Importante esclarecer aqui que o átrio em fibrilação não bombeia, apenas tremula, e a ausência de um fluxo sanguíneo adequado permite a formação de coágulos. Se um desses coágulos se soltar, será bombeado para fora do coração e poderá obstruir uma artéria de menor calibre podendo provocar um acidente vascular cerebral ou outra lesão.

Os portadores do prolapso podem concomitantemente apresentar disfunção do sistema nervoso autônomo e o quadro pode se associar ao transtorno do pânico, à ansiedade e à depressão, tremores e medo de morrer. Pode também está associado ao derrame cerebral em pacientes jovens, nos quais pode ser observada uma tendência aumentada na coagulação sanguínea secundária e adesividade anormal dos elementos da coagulação chamadas plaquetas.

1.3 Diagnóstico

O exame do paciente realiza-se através da asculta cardíaca, um som estalado (click) logo após o início da contração ventricular. Já sabe-se que esse fenômeno é explicado pela pressão exercida sobre os folhetos anormais da válvula durante a sístole (contração do ventrículo). Se houver regurgitação mitral associada (refluxo de sangue para o átrio esquerdo pelo fechamento inadequado da válvula) um sopro pode ser auscultado logo após o click. A pressão arterial não é alterada habitualmente pelo prolapso.

O exame mais útil atualmente para identificar e diagnosticar é o ecocardiograma bidimensional com Doppler. Ele pode medir a gravidade do problema e o grau de regurgitação mitral. Além disso, poderá detectar áreas de infecção na válvula, espessamento anormal e avaliar a função sisto-diastólica dos ventrículos (funcionamento do coração como bomba impulsionadora de sangue). A infecção valvular é chamada de endocardite e é uma séria complicação o prolapso de válvula mitral.Outro teste que pode ser usado é o estudo dos batimentos cardíacos durante o exercício físico crescente. Ele é eficaz na detecção das anormalidades ora mencionadas, assim como isquemia miocárdica, outra doença coronariana. Auxilia também a decidir os níveis de exercícios seguros e adequados para o paciente.

1.4 Tratamento do Prolapso de Válvula Mitral

Em muitos casos os sintomas são poucos ou inexistentes, não exigem tratamento e não há também restrições a atividade física; No entanto, a hospitalização pode ser necessária para o diagnóstico e tratamento dos sintomas mais evidentes e fortes. A presença da regurgitação mitral, pode levar a hipertrofia ou dilatação do coração ( o músculo cardíaco necessita desenvolver maior força contrátil com a piora progressiva da regurgitação, já que parte do sangue reflui para o átrio esquerdo) e a ritmos normais. Como consequência, os pacientes portadores de prolapso com regurgitação mitral devem ser avaliados semestralmente ou anualmente. Como a infecção da válvula ou endocardite é cerca de 3 a 8 vezes mais frequente nesses portadores, deve ser feita profilaxia com antibióticos, sempre orientada pelo médico.Tratamentos odontológicos, pequenas cirurgias e exames que traumatizam os tecidos como colonoscopia, por exemplo, devem ser medicados previamente com antibióticos.

O reparo cirúrgico da válvula (valvuloplastia) ou sua troca melhoram os sintomas. A cirurgia pode ser necessária quando há disfunção ventricular, sintomas fortes ou se as condições do paciente evoluem para deterioração. No tratamento de situações graves de insuficiência mitral, por causa do prolapso, a intervenção cirúrgica e importante e deve ser escolhido um momento mais adequado para isso.

A reparação valvular pode ser de reparação ou substituição, por uma válvula mecânica ou uma feita parcialmente com uma válvula de porco. Cada tipo tem suas vantagens e desvantagens. As mecânicas aumentam o risco de formação de coágulos sanguíneos, obrigando o paciente a tomar anticoagulantes por tempo indeterminado. As de porco não acarretam risco de formar coágulos, mas a duração é menor.

Conclusão e Recomendações

O prolapso de válvula mitral possui curso geralmente benigno e sem sintomas. Pode ter origem genética ou ocorrer devido a alterações no tecido conjuntivo que reveste a válvula mitral. Quando sintomático pode ser controlado pelo uso de medicamentos e, nos casos mais graves, por cirurgia valvular, indicada cada vez mais rápido hoje em dia, evitando-se assim as complicações.É recomendável que os pacientes identificados como portadores de prolapso de válvula mitral sejam monitorados regularmente por um médico, e que realizem ao menos uma vez por ano, exames para acompanhar a saúde cardíaca.

REFERENCIAS

PANTALEÃO. Sílvio Luís de Souza. Prolapso de válvula mitral é mais freqeunte na população feminina. Revista Caras, ed. 658, ano 13, nº 24.

Informedicals Policlin. Prolapso da Válvula Mitral. Disponível em: http://www.policlin.com.br/drpoli/077. Acesso 17 fev 2010

Distúrbios do Coração e dos Vasos Sangüíneos. Disponível em http://www.msd-brazil.com/msdbrazil/patients/manual_merck/mm_sec3_19.html. Acesso 14 fev 2010

Prolapso de Válvula Mitral. Disponível em http://www.hipertensaoarterial.com.br/prolapso.html. Acesso 14 fev 2010


Autor: Hamilton Felix Nobrega


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