Voltando Às Velhas Redes
Três anos haviam se passado desde o primeiro
encontro de Pedro com Jesus. Pedro pescava quando recebeu o convite do
Mestre: De agora em diante serás pescador de homens. A reação foi
imediata: Pedro, Tiago e João arrastaram os barcos para a praia,
deixaram tudo e O seguiram (Lucas 5.10-11).
Ele
foi testemunha de inúmeros milagres, preciosos ensinos e indescritíveis
manifestações de amor. Mas agora Pedro havia desistido. Pedro
desanimou. Pedro voltou a pescar (João 21.1-9). O quê tinha acontecido?
Pedro
havia sido aquele homem a quem Jesus disse: Você é Pedro e sobre esta
pedra construirei a minha Igreja (Mateus 16.16-18). Jesus lhe disse
isso porque Pedro havia feito a confissão de que Jesus Cristo é o
Senhor. E esta revelação lhe foi dada pelo Espírito de Deus. Pois
somente através do Espírito é que alguém pode confessar: Jesus é o
Senhor (I Coríntios 12.3).
Como após
receber esta revelação ele pôde desanimar? Logo Pedro que estava
destinado a se tornar líder dos apóstolos e líder da Igreja.
Mas
Pedro foi o primeiro a desistir. Ele deixou o chamado e voltou à antiga
profissão, as velhas redes, dizendo: Eu vou pescar (João 21.3). O que
Pedro estava realmente dizendo era: Eu simplesmente não agüento isso.
Para mim não dá mais.
1. Compreensão errada de Jesus!
Logo
após a Sua ressurreição, Jesus apareceu na estrada de Jerusalém para a
cidade vizinha Emaús. Ali se encontrou com dois de seus discípulos, que
estavam abatidos por causa de Sua morte (Lucas 24.15-16). Enquanto eles
conversavam e discutiam, Jesus chegou e começou a caminhar com eles.
Olhando para o jeito triste deles, lhes perguntou sobre o que
conversavam.
Ora, Jesus sabia por que
estavam tristes, sabia sobre o que conversavam! Mas o Senhor não estava
brincando com os sentimentos daqueles discípulos. Ele estava fazendo
com que expusessem seus sentimentos reprimidos, revelassem as
profundezas da alma, verbalizassem a incredulidade do coração: ... a
nossa esperança era que fosse Ele quem iria libertar o povo de Israel.
Porém já faz três dias que tudo isso aconteceu (Lucas 24.21).
Assim
como Pedro, eles tinham uma visão, uma compreensão errada de Jesus.
Esperavam que Jesus fosse um líder revolucionário, mas em termos
políticos. Eles achavam que Jesus empunharia uma espada, atacaria as
famílias romanas e libertaria todo o povo de Israel.
Cerca
de quarenta dias depois, quando Jesus foi levado ao céu, os discípulos
voltaram ao assunto: É agora que o Senhor vai devolver o Reino para o
povo de Israel? (Atos 1.6). Eles não haviam entendido que Jesus veio
para ser o Senhor e o Salvador de todos os corações. Pedro e os demais
discípulos tinham uma compreensão errada de Jesus.
2. Medo nas provações!
Uma
grande e terrível provação se aproximava de Pedro. Jesus o havia
prevenido sobre oque aconteceria naquela noite da ceia: antes que o
galo cante, você dirá três vezes que não me conhece (João 13.38).
Mesmo assim Pedro achava que estava pronto.
Poucas
horas antes, eles tinham atravessado o riacho de Cedrom e Pedro
ousadamente havia sacado de sua espada para lutar contra um grupo de
soldados que vinha prender a Jesus.
Agora
Pedro estava sentado em meio aos guardas, se aquecendo em volta de uma
fogueira no pátio da casa do sumo sacerdote (Lucas 22.55). Foi quando
uma empregada o reconheceu (Lucas 22.56). Pedro temeu e depressa
respondeu: Mulher, eu nem conheço esse homem! (Lucas 22.57).
Havia
começado a grande provação de Pedro. Enquanto ro. do a grande
provaçem!" Pedro ousadamente sacou de sua espada para lutar contra um
grupo de soldados.o isso Jesus estava diante dos seus acusadores.
Um
pouco depois outra pessoa o reconhece, e Pedro rapidamente responde:
Homem, eu não sou um deles! (Lucas 22.58). Finalmente, cerca de uma
hora depois, Pedro é novamente reconhecido. Ele nega e ofende Jesus
dizendo aos acusadores: Juro que não conheço esse homem de quem vocês
estão falando! Que Deus me castigue se não estou dizendo a verdade!
(Marcos 14.71).
Apenas algumas horas
antes Pedro estava empunhando uma espada em defesa de Jesus. Mesmo sem
ter nenhuma chance de vencer. Mas agora aquele homem que negava a Jesus
não era nem de longe uma sombra do intrépido Pedro. Aquele era um homem
totalmente arrasado. Um homem covarde, amedrontado diante da provação.
3. Insegurança: somos influenciáveis!
No
lago da Galiléia junto com Simão Pedro estavam Tomé, Natanael, Tiago,
João e mais dois discípulos. Sete dos onze discípulos de Jesus estavam
reunidos ali (João 21.2). Quando Pedro disse aos outros: Eu vou
pescar estes discípulos se dispuseram: Nós também vamos pescar com
você!
Todos somos sujeitos a
influência. O que os discípulos estavam dizendo era: Pedro sabe o que
está fazendo. Nós esperávamos que ele fosse um líder maravilhoso. Mas
ele desistiu. Se ele desistiu nós também podemos desistir.
Temos
a péssima tendência de tomar aquilo que é negativo nos outros e trazer
para nós. Veja a confissão de Isaías: Ai de mim! Estou perdido! Pois
os meus lábios são impuros, e moro no meio de um povo que também tem
lábios impuros (Isaías 6.5). Isaías confessava não apenas o seu
pecado, mas também que ele vivia a influência do povo, a influência
negativa.
E quem é que não vive hoje?
Nós não estamos imunes as coisas que nos cercam. Temos uma tendência
pecaminosa. Por isso a advertência de Jesus: Vigiem e orem para que
não sejam tentados. É fácil querer resistir à tentação; o difícil mesmo
é conseguir (Marcos 14.38).
Mas Pedro foi restaurado!
Pedro
havia passado pelo processo descrito por Jesus na Parábola dos Três
Empregados (Mateus 25.14-30): 1) Ele tinha uma visão, uma compreensão
errada do seu Senhor, de Jesus; 2) Pedro foi tomado por um espírito de
covardia em sua provação; 3) Pedro e os discípulos não se sentiam
seguros. (...)
De forma semelhante, Pedro
e os discípulos haviam recebido a maior revelação de todos os tempos: a
ressurreição de Cristo! No domingo à tarde eles estavam escondidos, com
medo dos líderes judeus. Os discípulos haviam perdido a esperança
naquele que disse Eu Sou a vida (João 11.25), pois viram quando Ele
caminhou para a morte (João 19.30). Agora, entre portas fechadas, Jesus
aparece no meio deles e os desafia: Que a paz esteja com vocês! (João
20.19).
Sim, eles deviam ficar em
PAZ, pois seriam enviados por Jesus. Em plena glória da ressurreição,
Jesus soprou sobre eles e disse: Recebam o Espírito Santo (João
20.22).
Uma nova comissão, uma nova
unção, poder para vencer o pecado. Era uma revelação tremenda demais
para eles! Tomé se desespera ao ouvir estas verdades da boca dos
discípulos (João 20.24-29), até que um encontro com Jesus rompe a sua
incredulidade ao reconhece-Lo. Meu Senhor e meu Deus! (Jo 20.28) é a
confissão de todo homem que se encontra com Jesus.
Agora
Pedro desistiu. O que tinha acontecido? Ele já havia falhado em função
de seu orgulho, da sua auto-justificação (João 13.37). Era como se
agora Pedro não quisesse correr o risco com essa revelação. Pedro
passou três anos ao lado de Jesus e não havia entendido o Seu
ministério. E agora a revelação da cruz era mais do que podia agüentar.
Ele achou que era melhor com velhas redes do que com as revelações de
Deus!
Assim como o servo da parábola, Pedro se abateu espiritualmente. O que fazer com o que o Senhor lhe tinha dado?
Por
não compreender o caráter de Jesus, por temer as provações e se sentir
inseguro como líder, ele recuou para os seus antigos caminhos. O tempo
que antes era dedicado a seguir Jesus, agora era desperdiçado em velhas
redes.
Você acha que jamais irá
compreender as coisas de Deus para a sua vida? Que se esforça, mas
sempre se sente vencido pelos medos, pela dúvida, pela incerteza? Que o
Senhor dá instruções mais claras aos outros, Ele fala com os outros
servos, mas não fala com você? Que apesar de seu jejum, sua oração, as
leituras da Palavra, você não tem feito progressos? E você pensa em
buscar outra alternativa, como vou pescar, para sair desta situação
de seguir e nunca alcançar Jesus?
Mas
foi ali, diante das velhas redes e da antiga vida que Jesus apareceu
novamente aos discípulos. Jesus sempre é atraído para a maior
necessidade, a dor mais angustiante, o desânimo mais profundo. Por isso
Ele foi até Pedro e os discípulos.
Naquela
praia onde pescavam, logo após um jantar na presença de sete discípulos
mudos, Jesus perguntou: Simão, filho de João, você me ama mais do que
estes outros? (João 21.15). Jesus não estava provocando Pedro pelo
fato dele ter desistido. Pedro estava na verdade recebendo uma nova
revelação, uma revelação para nunca mais desistir.
E
que revelação era esta? A força para seguir Jesus em qualquer situação
era o amor! O amor acima de qualquer medo. O amor acima de qualquer
dúvida. O amor acima de qualquer situação. O amor a Jesus por aquilo
que Ele é e não por aquilo que você acha que Ele está fazendo.
Jesus
fez três vezes essa pergunta a Pedro. Em cada vez que ele respondia
sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor!, Jesus acrescentava: Tome
conta das minhas ovelhas! (João 21.15-17).
O
Mestre não estava lembrando para que Pedro vigiasse para não O negar
novamente. Nem o incentivando para que orasse pedindo forças para nunca
mais desistir. Muitos menos estava cobrando uma leitura constante das
Escrituras para que conhecesse melhor quem Ele era. A ordem agora era:
Tome conta das minhas ovelhas!.
Jesus
estava restaurando a vida de Pedro. Mais do que isso, também dizia como
ele poderia se prevenir de trancar Deus em um armário. Muitas pessoas
procuram ouvir a Palavra de Deus. Sim, elas acham bonito o que dizem
para elas: Eu li Tire Deus do armário e foi incentivador. Mas para
elas, é tão bonito quanto uma música romântica ou uma pintura cheia de
ternura.
Elas ouvem o que a Palavra
de Deus diz, porém não fazem nada daquilo que aprenderam. Não tiram
Deus do armário. Nem se quer chegam perto da porta do armário. Não
conseguem sentir a presença poderosa de Deus, o Senhor, querendo passar
pela porta que fecharam. E toda pessoa que mantém escondido Deus dentro
de um armário, acaba humilhada e envergonhada.
Mas
Pedro entendeu a mensagem de Jesus: transbordar o amor de Deus em nossa
vida até que ele chegue a outras pessoas. Pedro abriu a porta. Pedro
tirou Deus do armário. Ele escancarou aquela porta que quando foi
fechada só lhe trouxe o mal.
E essa é a mensagem de Jesus para a sua vida:
Se
você me ama, esqueça os seus erros e fracassos. Levante-se, abra a
porta e volte para Mim. Eu te restauro. É possível recomeçar. Desista
de viver para as suas falhas, para as suas dúvidas, para os seus
problemas. Pare de se concentrar em fazer as suas próprias coisas. Seja
corajoso, não tenha medo e nem se deixe perturbar pelo medo. Se você me
ama, invista todas as suas forças na vida cristã: apascente as minhas
ovelhas. Assim como o Pai me enviou, Eu também envio você. Estou com
você todos os dias.Trecho do livro "Tire Deus do Armário" de Eliy Wellington Barbosa da Silva. Acesse http://eliybarbosa.blogspot.com
Autor: Eliy Barbosa
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