DOS VIRTUALMENTE METIDOS A GALO



Nossas instituições, já faz um bom tempo, abrigam em sua reserva -- ao lado de figuras notáveis por sua inteligência, integridade, capacidade, bravura, talento e dignidade -- alguns elementos despreparados.Elas, independentemente de sua natureza, costumam reunir o 'joio' e o 'trigo'.Mas felizmente o próprio 'joio' se auto-identifica e se 'desnuda' consoante ao atual direito democrático e comum aos indivíduos, quaisquer que sejam, de se manifestarem e dizerem o que pensam.

O pior tipo de 'inativo' é aquele indivíduo que, tendo se aposentado ainda jovem e saudável, fica de repente sem fazer nada, coçando, como se diz, o próprio saco, enchendo a paciência dos outros e se enaltecendo como se fosse o pai da verdade.É geralmente aquele desocupado que fica na praça na parte da manhã e de tarde sesteando em casa, cuspindo despreocupadamente à tardinha na calçada da esquina democrática, eventualmente lançando olhares furtivos e largando chistes à passagem do mulherio, ou nas filas dos bancos e repartições, mentindo ou contando piadas.

Ademais, estes adeptos do quixotismo à brasileira, quando se metem a cronistas, para exercitarem o seu temperamento crítico, agressivo e reacionário, ainda que frustrados pela falta de oportunidade de o terem feito enquanto estavam no exercício de um posto oficial, passam a fazê-lo pela internet, atacando, desrespeitando, desmerecendo e destratando todo mundo, como se isto lhes servisse, à semelhança de um jogo intelectual, de autoterapia para seus desajustes mentais e emocionais.

É claro que morrem de medo dos fantasmas do passado, vivos ou mortos, e de que o socialismo ressuscite, se instale no país e acabe com a sua vidinha sossegada, feita de vagabundagens, lazer, praia, futebol, cervejinha bem gelada (ou como eles gostam de dizer: 'estupidamente gelada') e de jantares regados com bom vinho, sem dispensar aperitivos de 'whisky on the rocks!' importado.Estes elementos, ainda que economicamente se beneficiem com as medidas do governo, cospem no prato onde comem e se sentem no direito de desrespeitá-lo.

Se o atual presidente fosse um vingativo ditador, na melhor das hipóteses convocaria da reserva remunerada aquela gente mais reacionária, ociosa e ainda em condições de ser reaproveitada, que representa o demérito da sua classe, porque, além de onerar os cofres públicos sem nenhuma serventia ou retorno à sociedade, é arrogante, prepotente e metida a besta, para prestar serviços burocráticos em autarquias ou ajudar a combater, por exemplo, com o que sabe, a criminalidade.

Assim estes inativos (e aparentemente desocupados) poderiam colocar em prática administrativa ou estratégica aquilo que aprenderam e não ficariam dizendo bobagens pela internet, criticando o governo ou se vangloriando do passado, como se além de 'donos da verdade' também fossem heróis em decorrência dos méritos históricos de sua instituição e dos camaradas vivos ou mortos que, embora na época fossem mal remunerados, deram realmente pela pátria algo de si ou bravamente se destacaram em alguma coisa.

(Luciano Machado)


Autor: Luciano Machado


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