Pichando os pichadores do centenário Noel



Pichando os pichadores do centenário Noel

 

Edson Silva

 

Recentemente li no blog do companheiro de profissão (jornalista), cronista e botequeiro Bruno Ribeiro que os textos dele estão sendo clonados, plagiados na cara dura, e publicados em jornais da região por um figura. Na oportunidade, o Bruno falou da árdua tarefa para criar textos inéditos e, lógico, é sacanagem alguém se apropriar do texto de outro e assinar como sendo seu. Quarta-feira, 24 de fevereiro, ao ver na internet e nas TVs que vândalos picharam a estátua do compositor e cantor Noel Rosa, o poeta da Vila Isabel, que fica no Largo do Maracanã, achei tanto desrespeito que fui buscar a resposta com próprio Noel, que faria 100 anos em 11 de dezembro e morreu com apenas 27 anos, em 4 de janeiro de 1937.

 

Calma. Não sou espírita e muito menos tenho linha direta com o além. Fui buscar a resposta ou a repreensão merecida aos pichadores em alguma música de Noel e encontrei esta, que se chama Tipo Zero:  Você é um tipo que não tem tipo/ Com todo tipo você se parece / E sendo um tipo que assimila tanto tipo/ Passou a ser um tipo que ninguém esquece/ O tipo zero não tem tipo...  Lógico que no contexto da música, o poeta deve estar até elogiando alguém, mas no meu contexto quem emporcalha qualquer local da cidade e até mesmo a estátua de um respeitado artista é Tipo Zero e à esquerda.

   

Contestação é inerente do ser humano e um ato muito louvável. Nos anos de Chumbo da Ditadura, quando não tínhamos direitos sequer de nos reunir ou falar, as pichações políticas em muros eram sim forma de expressão. Hoje, com toda a liberdade de expressão, com oportunidades ampliadas, não vejo nos garranchos de muros, paredes, estátuas e outros patrimônios públicos ou privados nada de expressão ou desabafo, senão uma ridícula disputa de gangues rivais. Eles demarcam território e querem se impor, pois teriam corrido risco de morte ao picharem o canto mais difícil de um prédio ou algum local rigorosamente vigiado.   

 

Na estátua pichada no Rio, Noel está sendo atendido por um garçon, referência a uma de suas mais conhecidas músicas: Conversa de Botequim. O ano do centenário do poeta foi tema, este ano, da Escola de Samba Vila Isabel, com samba assinando por Martinho da Vila. Só para lembrar aos pichadores, pichar é vandalismo e crime ambiental, com pena que de três meses a um ano de detenção, além de multa.

 

Noel, que morreu aos 27 anos e certamente não perdia tempo pichando, fez mais de 300 músicas e eis um resumo de sua biografia com auxílio da Wikipédia: Noel de Medeiros Rosa  nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro de 1910, mesmo Estado onde morreu em  4 de maio de 1937. Foi sambista, cantor, compositor, bandolinista, violonista um dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil. Teve contribuição fundamental na legitimação do samba de morro no "asfalto", ou seja, entre a classe média e o rádio (principal meio de comunicação em sua época),  fato de grande importância, não só para o samba, mas para a história da Música Popular Brasileira (MPB).

 

Edson Silva, 48 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

Email: [email protected]


Autor: Edson Terto Da Silva


Artigos Relacionados


2012 O Mundo Pode Acabar Hoje

Efêmero, Porém Não Esquecido

Artigo: O Que São Drones Ou Vant?

O Incrível Zico

Rock Progressivo - Gênero Musical

Análise Das Condições Climáticas De Bento Gonçalves ? Rs

Vórtices Atmosféricos?